capítulo 8

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Sabe aqueles dias totalmente inusitados? Dias em que é tão fora do comum que você até se pergunta se é imaginação?
Dias assim só me fazem perceber que tudo pode acontecer.
- Tyler acorde, sua carona chegou.
- Como assim carona? Não é a senhora que vai me levar?
- Não, hoje eu tenho uma palestra na empresa com os estrangeiros e vai começar um pouco mais cedo por causa do fuso horário deles que é diferente, e depois eu e seu pai vamos para uma conferência em San Francisco, voltamos amanhã pela manhã já deixamos tudo que você vai precisar no baixo, colocamos todas as suas roupas no escritório caso você precise de alguma...
Enquanto ela fala a curiosidade me toma e eu interrompo ela
- Então, quem é minha carona?
Minha mãe para de falar e me olha intrigada.
- É a Sarah nossa vizinha da frente.
Antes dela responder algo me dizia que essa seria a resposta. Talvez porque lá no fundo queria que fosse ela ou porque nenhum dos meus antigos supostos amigos estavam falando comigo
Eu termino de me arrumar e meu pai me leva até o carro e quando a vejo um sentimento inexplicável vem até a mim e logo em seguida falo com ela com medo de ela notar.
- Oi Simpson, então você vai ser o meu chofer hoje?
- Hoje eu estou a suas ordens senhor. – Ela se curva como se estivesse fazendo uma reverencia e sorrir assim que ela fica ereta.
- Olha que eu acredito - Depois que termino de falar nós dois rimos.
Ouvir a risada de Sarah me deu uma sensação tão boa que me deu vontade de sempre a fazer sorrir e nunca a deixar chorar.
Enquanto meu pai me coloca no carro eu vou pensando o porquê eu estou me sentindo de forma estranha, de uma forma que eu nunca tinha sentido antes, e não era um coisa ruim. Qual o motivo de eu estar assim ...
Sarah fala comigo interrompendo meus pensamentos
- Então senhor, qual é o nosso destino de hoje?
- Acho que infelizmente o colégio, mas que tal uma desviada para o cinema? Tem um filme ótimo que acabou de lançar.
- Proposta tentadora, mas sinto informar temos aula.
- É sério, vamos relaxar um pouco, estou precisando disso.
- Não podemos matar aula Tyler.
- Você nunca relaxa? Vamos, relaxe um pouco.
- Hoje infelizmente não, você e eu temos teste de biologia, mas quem sabe amanhã?
- Está marcado então.
A resposta para as minhas perguntas está bem ao meu lado dirigindo um carro. Foi ela quem me animou quando eu estava na pior, foi ela que ficou ao meu lado quando todos deram as costas, quem ignorou o passado de briga que nós tínhamos. É ela, Sarah Simpson, o motivo de que eu está me sentindo daquela forma.
- Sarah recentemente eu respondi uma pergunta sua, você poderia responder uma minha?
- Dependendo do que for posso sim.
- Não é nada demais.
- Pode perguntar então.
- Quando você foi me visitar em casa depois que eu tive alta você comentou que iria visitar a sua irmã no hospital, o que ela tem? - Percebo que Sarah não se sente muito à vontade com a minha pergunta, ela fica com um olhar distante e quando ela vai responder eu percebo uma lágrima no canto do olho dela se formando. -Não precisa responder se quiser.
- Não, tudo bem
Eu vi que não estava tudo bem, eu vi que era um assunto muito delicado para ela. Então, levo os meus dedos em seu lindo rosto enxugando as suas lágrimas, provocando um lindo e meigo sorriso.
- A cinco meses atrás ela foi diagnosticada com leucemia em estado um pouco avançado com pouquíssimas chances de sobreviver.
- Eu sinto muito Sarah, de verdade, sinto muito. Foi por isso que quando eu disse que só tinha dez por cento de chance de voltar a andar que você me perguntou se eu iria desistir?
- Foi sim. Mesmo os médicos dizendo que ela não sobreviveria nós decidimos lutar, não desistir, porque mesmo todos dizendo que não vamos conseguir, não vão dizer que desistimos sem tentar, não podemos desistir sem tentar, se fizermos isso será como matar minha irmã aos poucos e eu não posso permitir isso.
- Eu acredito que ela vai melhorar e logo estará com você e sua família.
Vamos o resto do caminho para o colégio em silêncio. Quando chegamos lá ela chama o zelador Johnson para me ajudar e vai para a aula sem falar comigo.
Eu fico me sentindo culpado por ter a magoado, por ter tocado em um assunto tão delicado para ela e por ter feito ela chorar. Penso em um jeito de me redimir, procuro ela o dia todo e não achei, fiquei esperando ela no corredor dos armários, mas ela não foi buscar os livros e também não apareceu na aula do professor Henry. Quando eu comecei a ficar preocupado a encontro em um pátio do colégio.
- Você realmente é uma pessoa difícil de se encontrar, te procurei o dia todo e não te achei, você nem apareceu na aula hoje.
- Eu estava aqui, pensando
- Eu queria me desculpar com você por ter te perguntado sobre sua irmã, eu não queria te magoar.
- Tudo bem.
- Eu sei que não está tudo bem Sarah, você sumiu o dia todo, ficou aqui chorando e não diga que não estava chorando porque você está com o rosto inchado e seus olhos estão vermelhos. Eu só quero que você saiba que eu estou aqui para te ajudar se você quiser chorar eu estou aqui, se quiser extravasar eu estou aqui. Você me ajudou e eu não estou aqui só por isso, estou aqui como um amigo que você pode contar
- É que... ela é só uma criança, a única irmã que eu tenho, porque ela... tinha que sofrer tanto... ela é só uma criança. Uma vida toda pela frente que ela não...
Nem termine essa frase. Não se deixe levar pelas expectativas dos médicos, se fosse assim eu já teria desistido de continuar com as minhas seções de fisioterapia assim que o médico disse que minha chance era quase nenhuma, e a pessoa que me motivou foi você, por sua causa eu não desistir, então não desista de acreditar que sua irmã vá melhorar
Ela começa a chorar muito, como se aquilo estivesse preso a muito tempo, como se ela precisasse liberar aquele choro. É aí que a puxo para um abraço, e quanto mais forte ela me abraça mais ela chora, me afastei um pouco dela, levanto as minhas mãos até o seu rosto para enxugar as suas lágrimas e imediatamente o choro dela vai perdendo a intensidade, nos aproximamos um do outro cada vez mais, quando os nossos narizes se encostaram, faltando pouco para os nossos lábios também se encostarem o celular dela toca fazendo com que ela se afaste. E logo depois deliga e se dirige a mim.
- Já está na hora da sua fisioterapia, vamos? – Ela se levanta bruscamente quando termina de falar.
- Quer dizer então que você também vai me levar para fisioterapia? Você não estava mentindo quando disse que estava às minhas ordens.
- É, mas temos uma programação a seguir nada de fugir dela.
- Não custa nada fazer uma última tentativa
- Você vai fazer todas as tentativas possíveis e não vai conseguir, vamos seguir o trajeto que sua mãe me deu e está decidido
- Agora eu sei o que é ficar no banco do carona, não vejo a hora de voltar a dirigir... - Tento fingir insatisfação, mas quase sem sucesso.
- E aí você vai poder fugir do Colégio para ir para outros lugares com outras pessoas ... - Ela para de falar como se estivesse com medo de eu ter percebido algo.
- Você tirou as palavras da minha boca - Finjo concordar.

Para poder te amar (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora