CAPÍTULO 05 - Olhos azuis

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Pov - Camila Nasser

Abro meus olhos e a primeira coisa que consigo enxergar é um teto branco com luzes extremamente fortes. Tento me adaptar com a claridade,mas me sinto um pouco sonolenta. Sentia uma dor incomoda no no tórax e tento me mexer, mas acabo percebendo que alguns fios me prendiam na cama. E sinto um desespero tomar conta de mim ao perceber que eu estava cheia de fios por todo o meu corpo. Um grande tubo estava depositado em minha boca e logo conclui que se tratava de uma máscara de oxigênio. Tentei gritar, mas a máscara me impedia de fazer algo, então eu tento tira-la de meu rosto até que ao tentar levantar um dos meus braços eu vejo que uma mão pálida segurava uma de minhas mãos.

Olho para o lado e encontro cabelos ruivos com a cabeça abaixada ao lado das nossas mãos dadas. Não consigo ver o rosto dela, mas consigo sentir sua respiração em meus dedos. Então eu faço um esforço e consigo apertar a mão da garota adormecida que logo desperta com a pequena movimentação olhando para as nossas mãos e concluindo que eu estava me mexendo. Ela então finalmente me encara e eu senti que poderia desmaiar novamente ao encarar os lindos olhos azuis na minha frente : Valéria.

13 horas antes

Eu olhava para Cibele esperando alguma reação vinda da garota que estava sentada na minha frente na cama. Eu já estava arrumada para ir para a manifestação,mas acabei não conseguindo fugir da conversa sobre meu "relacionamento" com o Gabriel. Agora Cibele apenas me encarava com cara de paisagem a mais de 10 minutos,o que já estava me irritando.

- Vai dizer alguma coisa ou vai me encarar o dia todo?

Ela balança a cabeça e ainda me lança um olhar atordoada,mas finalmente diz alguma coisa.

- Desculpa,Mila. Mas é muito pra absorver

Reviro meus olhos já cansada da reação surpresa de todos quando conto que estou "namorando" o Gabriel.

Ao contar para os meus ,eles acabaram ficando surpresos com a notícia,e minha mãe novamente fez as mesmas perguntas de quando comecei a namorar com Rômulo "Filha você não está querendo provar nada para nós, não é?" e "sabe que pode contar qualquer coisa para nós. Não sabe?". Eu nunca entendi o motivo dela falar isso sempre que eu aparecia com alguma paixonite em algum garoto,mas não achei que isso se repetiria depois de eu já está grande. Cibele me olhava da mesma forma que minha mãe e a curiosidade para saber o motivo daquele olhar estava me irritando.

- O que tem de tão impressionante nisso? - pergunto de forma irritada - é tão surreal pra você alguém como o Gabriel querer ficar comigo?

- Na verdade eu estou chocada de VOCÊ querer ficar com o Gabriel - ela me olha de forma debochada.

- Qual motivo do espanto? Ele é bonito,gentil e nós sempre ficamos bem como casais nas peças.

Isso era verdade. Eu e Gabriel sempre éramos escalados para fazermos papéis românticos juntos,e sempre recebemos elogios sobre nossa química em cena. Apesar de Gabriel não ser tão forte quanto Rômulo,ele conseguia convencer atuando como galã. O rapaz tinha charme e era realmente talentoso,ao contrário de Rômulo que apenas conseguia bons papéis por conta de ser bonito e musculoso. Nos dávamos bem dentro e fora do teatro,o que causava ciúmes em Cecília,mas eu sempre deixava bem claro a verdade : Gabriel nunca me atraiu.

- Eu sei disso,Mila. Mas eu podia jurar que você....bem...- ela parecia receosa em completar a palavra.

- Podia jurar que o que Cibele? - levanto minha sobrancelha de forma intimidadora. Um costume herdado de Cecília.

Cibele bufa derrotada me encarando de forma constrangida

- Aí Mila. Eu podia jurar que você me chamou aqui pra finalmente me dizer que....- ela pausa e eu reviro os olhos sinalizando com as mãos incentivando a continuar e ela se aproxima sussurando - pra finalmente me dizer que você é gay .

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