Nem sei

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13 de Dezembro de 2019

Oi.

Só vim escrever para poder acompanhar a chuva de pensamentos entorpecidos rodopiando dentro do meu cérebro nos últimos dias. Mais precisamente, durante uma conversa no Snapchat com meu amigo virtual Manthan – ele é metade indiano, não zoa o nome dele, podia ser pior – que mora num lugar de fuso horário bem diferente – não é na Índia – o que faz com que nossas conversas pareçam mais cartas compridas que mensagens de texto imediatas.

Eu mandei um vídeo pra ele nessa plataforma acariciando um filhotão de cachorro dos meus vizinhos ricos. Filhotão porque não deve ter feito seis meses, mas cresce rápido. Eu não entendo muito de raças de cachorro, mas sei que esse filhote é algum tipo de pastor, além disso ele é peludo, branco, alaranjado e uma fofura absurda. Preciso passar na frente desse quintal todo dia que preciso ir ao centro dessa cidadezinha. A casa está sempre fechada. É uma casa enorme, o pátio também não é pequeno e eu sei que moram duas crianças de mais ou menos cinco a dez anos ali. Não entendo por que nunca tem alguém brincando com esse filhote. Claro, claro, timings desajustados, mas mesmo assim.

Mudando um pouco de assunto, mas mantendo o objetivo de fornecer contexto, durante a minha vida toda eu sempre tive um cachorro, é uma daquelas coisas necessárias para uma casa ou apartamento ser um lar e eles sempre foram de porte médio ou pequeno.

Até o Eddie.

Eddie foi o último cachorro que eu tive. Um labrador. Um labra-lata. Enorme, não conseguia segurar ele. Eu amava pra caralho aquele cachorro enorme. Enorme. Desobediente. Destruidor. Desconectado com as outras pessoas da família. Encurtando, tivemos que dar ele para outra família. Dispenso seus julgamentos, obrigada.

Talvez não fosse uma boa ideia dar contexto.

Foda-se.

Minhas conversas com o Manthan são em inglês então aqui vai uma tradução livre das ultimas mensagens:

Minhas conversas com o Manthan são em inglês então aqui vai uma tradução livre das ultimas mensagens:

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Talvez, em vez de rever e traduzir todas as mensagens e escrever elas no paint, recortar os pedaços e salvar três arquivos diferentes de imagens, fosse mais profissional simplesmente ler, avaliar o que eu li e re escrever de modo melhor e correto ...

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Talvez, em vez de rever e traduzir todas as mensagens e escrever elas no paint, recortar os pedaços e salvar três arquivos diferentes de imagens, fosse mais profissional simplesmente ler, avaliar o que eu li e re escrever de modo melhor e correto e bonito. Mas adivinha né: eu não sou uma escritora profissional, nem aspirante, nem amadora.

Eu escrevia porque achava bonito, depois porque precisava pra sobreviver e agora eu nem sei mais. Eu preciso mesmo parar, avaliar tudo e por em palavras? Não posso simplesmente dizer aos poucos de maneiras pouco expressivas para pessoas diferentes e esperar que elas percebam que é um choro de ajuda ou, também, guardar tudo pra mim enquanto minha cabeça corre, corre e corre em círculos infinitos, de vez em quando deixando um pensamento ou outro vazar até eu ter dinheiro pra voltar a terapia?

Não sei.

Queria voltar a escrever.

Mesmo que não fosse bom, só bom o suficiente para eu achar que está bom, que tem uma sonoridade bonita de ouvir a voizinha da minha cabeça que lê tudo pra mim. 

A sensação de que estou fazendo alguma coisa, que movi um dedo pra mudar a sensação merda que sinto no momento em vez de dormir e tentar lidar com isso quando acordar, mas sem nunca acordar.

Eu não bebo, sabe, nem uso nenhum tipo de droga alucinógena e/ou que me faça escapar da realidade então eu só durmo e me chamo de embriagada de sono. Não é a mesma coisa, eu sei. Não sei o que seria estar realmente assim e não quero mesmo saber, porque eu sei que faz mal, porque eu sei que se eu gostar, não ia querer ficar sóbria de novo.


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⏰ Última atualização: Dec 14, 2019 ⏰

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