Natasha olhou para o corredor do palácio de gelo, lar do rei dos vampiros e que por um tempo em seu passado foi o seu também e sorriu melancólica. Amigos se foram, o tempo passou, a vida tinha mudado, mas sua alma ao envelhecer só foi ficando mais sombria. Amava sua família, amava seus amigos, amava o que foi construído a sua volta, porém sabia que guardava pouco amor a si mesma. Perdida no paraíso, era isso o que era.
E depois de ganhar fama de louca selvagem e perigosa, o abismo apenas ficou maior entre ela e os seus.
Tinha medo do que sentia quando não havia ninguém para fingir que estava bem. O que havia dentro da sua alma, o que gritava em sua mente quando não estava em vigia, o que passava diante dos seus olhos eram cenas após cenas de um passado que jamais poderia ser apagado. A luz branca que se desvanecia em vermelho, seu sangue manchando tudo, suas lágrimas jamais assistidas e seus gritos, sempre os gritos que a perseguiam...
Sufocava em silêncio, chorava sozinha, sentia mais dor do que fosse humanamente justificável. Sua alma estava estraçalhada... Como podia ameaçar os outros, quando era pior que eles?
Tinham feito dela uma criatura miserável...
E aquilo tinha ficado um bom tempo fora da sua pele, até voltar a pisar na sua segunda casa depois de um tempo afastada de sua própria casa.
Adorava sua nova família, seu padrasto amável, seu melhor amigo com seu adorado irmão. Contudo, contudo... Não se sentia parte deles, se sentia... Uma estranha no ninho. E era incapaz de dizer aquilo até mesmo ao seu pai, seu querido pai confidente que apesar de todos os seus anos naquele mundo, ainda era amável. Coisa que agora se sentia incapaz de ser.
— Nat?
Ela se voltou para Nina, princesa Nina do reino vampírico e que lhe sorria suave. Nat se curvou, a outra riu.
— Quem vê pensa que realmente é de se curvar para alguém. Vamos, eu estava a sua espera.
Nat sorriu e seguiu a pequena loira pelo imenso palácio do rei.
— Achei que eu vir até aqui fosse apenas uma desculpa, sabe. Nunca me convocou como princesa antes.
Nina riu e negou:
— Não, eu realmente queria vê-la. Queria pedir um favor e não consegui pensar em mais ninguém.
Elas cruzaram a divisão do palácio do público para a parte da família e Nat voltava a se ver ali, menor, correndo por entre as pilastras como um animal selvagem. Foi enviada ao rei vampiro para ser educada na corte vampírica por um tempo, ficar ao lado do pai um pouco mais e tentar voltar a ser gente outra vez, tinha de fato conseguido?
— Nat?
Ela balançou a cabeça, estava começando a ficar preocupada...
Quantos anos não ficava assim? Tinha vivido muitos anos entre os humanos, fora do seu mundo, seria seu retorno agora... Algo que estivesse mexendo com sua cabeça no fim?
Quanto uma fêmea podia suportar até enlouquecer? Seu padrasto já estava bem instruído, seria a hora de abandonar a existência e ir dormir?
— Desculpa Nina - Disse rindo leve - Estou área hoje. Mas diga-me, o que precisa que eu faça? Quem devo matar?
Brincou e a princesa deu um tapa nela.
— Não fale assim. É só que você viveu muito tempo entre eles... Acredito que é a única em que confio para isso e seu pai disse ao meu que está livre pelos próximos dias... Posso ter alguns dias seus para algo para mim?
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Craiova's
FantasyA família à direita do rei tem segredos, tem mulheres, tem sangue e tem milênios e um jovem idol iria cruzar para sempre o destino dos Craoivas e mudar tudo, para todos.