A verdade

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— O macho com quem sonhas é a rainha do paralelo nove e há uma grande peculiaridade lá. A ilha do nove recebeu seres da antiga pirâmide do primeiro alfa dos alfas. Laine escolheu aquela ilha, daquele mundo sem magia e quase invisível, para abrigar a magia velha que afeta a nossa daqui. Muitos problemas existiram no nosso mundo devido ao impacto de magia antiga ou profana, como já viram. Rubiath também arrumou esse erro dessa vez.

— Cadafalso, porque nunca me disse!?

— Você nunca perguntou, Morango. Eu já lhe disse, para um espelho como eu, você faz as perguntas certas – Meg viu o rosto disforme no espelho se mover como se estivesse dentro de uma substância pastosa. O espelho era um grande triangulo sobre um tripé de madeira retorcida. Era um objeto majestoso, mas estranho no meio do cômodo ali, grande e com um jardim próximo. A bruxa assentiu como se estivesse cansada – Eu tenho o conhecimento do Universo, mas não posso dizê-lo ao meu bem prazer. Eu preciso de perguntas. Essas são as regras. Só posso falar abertamente com a minha rainha ou quase abertamente com as demais rainhas dos Universos.

— Eu sei, me perdoe.

— Eu entendo sua preocupação, mas existem coisas que nem ela queria que os demais soubessem então deixe no esquecimento, Morango. Deixe ir...

— Meu Cai Xukun é uma rainha?

Meg sentia sua cabeça rodar, mas que rainha, rainha do quê?

— Não é o que parece, Meg. Isso é algo um pouco complexo – A bruxa loira veio para ela e segurou suas mãos de modo afável – Rainha de um espelho é algo como um título com responsabilidades. A primeira existiu naturalmente quando em nosso mundo jovem ainda não existia humanos. Ela era uma criatura bela, extremamente bela e seus espelho era uma entidade que podia caminhar em qualquer superfície de água doce. A rainha era como a melhor amiga da deusa da morte, porém havia outra criatura que também era muito querida por essa deusa e pela deusa na noite. Era uma entidade que vivia dentro de uma árvore de laranjeira e que a cada vez, uma noite a cada ano se libertava da casca para comungar com a natureza. Laranjeira em sua forma física animal era lindíssimo, belo, bom, era uma criatura pura e a deusa da morte a adorava também. As ninfas desse mundo distante certo dia desenharam nas profundas cavernas esboços de seres a imagem da Laranjeira fora da árvore e mais tarde essa foi a inspiração para a deusa da morte criar os humanos. Enfim, a Rainha ficou com ciúmes, acreditou que a deusa da morte iria trocá-la pela Laranjeira e começou a acreditar que ela fosse a mais bela. Então planejou com seu espelho uma forma de destruir para sempre a bela árvore da ilha flutuante que surgia no Continente a cada fim de primavera. Se a outra não mais existisse, ela seria a única no coração da deusa da morte. Contudo a deusa da morte sentiu que havia algo de errado e convocou um grande círculo de pérolas negras – Seu primeiro e antigo símbolo - Para lhe mostrar o que aquele distúrbio de emoção ao seu redor significava e então viu o futuro, viu sua querida rainha afogando o espírito da Laranjeira em água doce e entrando ela mesma na árvore sagrada.

Triste e magoada, a deusa percebeu que a inveja podia acometer até mesmo a mais bela e gentil das criaturas e que se não ensinasse para a rainha uma importante lição, ela sempre iria desejar ser a mais bela e única quando na verdade ela já era, mas o ciúme não permitia ela ver com os olhos do coração. Precisava ensinar a ela, mesmo que isso tomasse todo o tempo do mundo, que o amor verdadeiro era o poder mais forte e que ele devia ser cultivado sem sentimentos mesquinhos. Assim, a deusa da morte amaldiçoou a rainha e seu espelho a serem partes um dos outro e a cada dia em que o sol nascesse, elas se uniriam em uma cópia da árvore de laranjeira, que um dia cobiçaram destruir, até que o amor verdadeiro libertasse toda a cobiça do coração de ambos. Quando ela coroou a próxima rainha, fez-se lei que seu espelho jamais podia ser usado para próprio orgulho e glamour, e que perguntas como se era a mais bela e afins, deveriam provocar a dor mais extrema em um espelho. Uma certa rainha usava seu espelho sagaz para tal coisa, mas isso provocou a destruição de ambos. Cobiça é a morte de uma rainha e seu espelho, é o tabu impronunciável.

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