Capítulo 7

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     Eu não me lembro dele, o que é quase impossível já que eu assistia todos os treinamentos de anjos que vinham à Terra para estar o mais preparada possível quando chegasse minha vez, eu acabava memorizando o rosto de todos já que o treinamento durava um certo tempo, mas eu não sabia quem era aquele cara.

    Eu estava encarando ele por muito tempo, com certeza, estavam todos me encarando, a suposta namorada estava me mandando um olhar fulminante enquanto o Hector me olhava um tanto decepcionado. Cayo me olhou curioso durante um tempo mas acho que depois caiu em si porque ele parecia com medo e, de repente, caiu um clima de tensão no cômodo.

     - Hm, Chloe, acho que nós temos assuntos a tratar na cozinha.

     - Como assim na cozinha? - eu consigo sentir minha morte se aproximando só pelo tom da sua voz - O que quer que tenhamos que resolver, nós resolvemos aqui e agora. - eu não fazia ideia se ela sabia e ele apenas explicaria o que eu era ou se ele teria de explicar toda a história só porque eu decidi surgir.

     - Por favor, Chloe, código vermelho. -  então o queixo dela caiu e tive a impressão que nunca mais voltaria.

     - O que raios é código vermelho? - essa foi a vez de Hector ficar confuso com tudo o que estava acontecendo ali.

     - Maninho, acho que... é... nós vamos estar  na cozinha se precisar. - e os dois saíram praticamente correndo até o pequeno cômodo que mal cabia os dois juntos e então Hector levantou também.

     - Eu vou lá conversar com eles, algumas vezes eles ficam com esses códigos estranhos como se fossem espiões ou sei lá, são esquisitinhos fofos, fazer o quê? Combinam perfeitamente.

     - Desculpa me intrometer, você conhece eles há mais tempo mas acho que eles queriam ficar sozinhos, sabe? - eu estava um pouco nervosa, confesso, mas não é todo dia eu encontro com um anjo que tem coisas a confessar pra namorada humana.

     - É, talvez você tenha razão - então ele foi andando em direção ao parapeito da sacada do seu apartamento, a visão do meu era para as montanhas, a do dele era para a cidade e uau, isso é impressionante.

     Sabe, talvez seja equivocada essa visão que as pessoas têm do Paraíso, lá é incrível, confesso, mas é um tanto monótono, aqui é uma incrível mistura da Natureza do Homem com a Natureza Dele, você pode ter um prédio no meio da praia e observar o pôr-do-sol, ou ir até um parque durante a noite e observar a lua e suas companheiras estrelas, tudo visto de olhos humanos é tão único que é fascinante, você acaba se tornando um ser "insignificante" no meio de tamanha grandiosidade mas, ainda sim, se tornar o mundo de alguém, talvez seja isso que os torna tão únicos.

     Quando dou por mim, pareço uma boba observadora enquanto Hector me encara com um sorriso tímido e o casal está atrás de nós, nos chamando atenção do que, aparentemente para eles, realmente importa: a comida. O clima tenso ainda paira sobre nós mas eu tento lançar olhares reconfortantes para os dois o tempo todo como se dissesse que estava tudo bem e que não iria separá-los , se dependesse de mim, eles não teriam de se preocupar nunca com isso e poderiam ser felizes para sempre, mas, esse é justamente o problema: nada disso depende de mim.

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Me desculpem pelo delay, é tenso quando dá bloqueio, geralmente eu tenho capítulos reservas justamente para que isso não aconteça mas acabou acontecendo enquanto eu desenvolvia esse capítulo. Enfim, espero que tenham tido um feliz natal e que o ano novo seja incrível. Não esqueça de comentar o que achou sobre o capítulo e votar, é muito importante para o livro, beijo.

AnjosOnde histórias criam vida. Descubra agora