P.O.V's Gaby.
O sono é leve, calmo. Até você ser acordado por um som ensurdecedor. Gritos. O que era aquilo? Eu queria ficar dormindo, sentindo o macio do meu lençol, mas os gritos continuaram, achei melhor levantar. Quando cheguei à janela do meu quarto, eu vi uma coisa muito estranha, eu não acreditava no que os meus olhos estavam vendo.
Minha pequena vizinha Juliet era atacada por um homem que era o dobro da sua altura, seus cachinhos loiros eram manchados pelo sangue que saia de seu pescoço, gritei desesperada e então o homem que atacava Juliet provavelmente já sem vida olha diretamente para meus olhos, ele era pálido e seus olhos eram totalmente brancos e sem vida, encaro minha vizinha e sua poça de sangue e assim que vi aquela cena meu estômago embrulhou, corri para o banheiro vomitar e então me dei conta de tudo que estava acontecendo, ontem mesmo eu ouvi noticias do vírus que transformava todos em canibais, todos morriam e reviviam com uma fome interminável apenas com uma mordida , era desesperador, novamente eu quero dizer já que fazia alguns meses que notícias dessa doença se espalhava, as pessoas nas ruas estavam usando mascaras, porém o governo se pronunciou para os outros países dizendo que a doença havia sido contida e a cura já havia sido providenciada, jogo político, medo de uma guerra contra nós, tudo veio a tona agora, a doença já tinha sido posto em aviso máximo desde o mês passado, os loucos diziam que o apocalipse estava próximo, mal sabíamos que eles realmente estavam certos mesmo em dúvida que isso realmente é real, preciso pegar meu irmãozinho. Volto para meu quarto para trocar de roupa, fecho a porta e logo depois disso escuto barulhos aqui dentro de casa... Batidas desesperadas surgiram na minha porta. Corri para abrir acreditando ser meu pai ou alguém da minha família, mas... Será que era a minha família mesmo? Olhei ao redor, não tinha nada que servisse para me proteger. O que eu faço? Olhei ao redor novamente. Achei um abajur, todo azul com detalhes floridos em branco que eu havia ganhado de aniversário, agora era a minha janela que era atacada por meu vizinho ensanguentado, entrei em pânico novamente, meu deus o que eu faço? Praticamente arranquei o abajur da mesinha que ficava ao lado da minha cama e dei com tudo na parede para que o vidro que ficava envolto na lâmpada quebrasse e eu pudesse me defender.
Segurei o abajur acima da cabeça com a mão esquerda e com a direita fui abrindo a porta devagarzinho, com o meu vizinho se debatendo na janela ao meu lado. Só naquele momento percebi o quão estranho isso estava. Pois, primeiro se meus pais estivessem desesperados por que estamos sofrendo um ataque canibal, estariam gritando feito loucos para que eu abrisse a porta, e segundo eles com certeza não bateriam para entrar até por que a porta não estava trancada... E se não forem eles que estão aqui do outro lado da porta, desesperados para entrar? Bom uma hora eu teria de enfrentar o que quer que esteja ali fora me esperando, nem que seja algo pronto para me devorar, resolvi me preparar. Fui trocar de roupa como meus planos, pois acho que não da pra enfrentar canibais de pijama. Coloquei uma calça jeans, uma regata preta, e uma jaqueta que eu havia ganhado de uma das minhas amigas, coloquei meus tênis novos, fechei o zíper do casaco, peguei minha metralhadora disfarçada de abajur e estava pronta. Pronta para o fim do mundo.
Assim que coloquei a mão no trinco senti outro solavanco na porta, tinha alguém ali e não são meus pais. Abri com tudo a porta e algo saltou sobre mim me derrubando no chão e me imobilizando, jogando para longe a minha única e inútil defesa. Levei um susto enorme e paralisei. Era meu pai, com os olhos brancos e todo ensanguentado, tentando me morder a todo custo! Ah meu Deus eu não vou sobreviver sem eles... Uma dor imensa me consumiu, sabia que teria de matar meu pobre pai para sobreviver, eu segurava-o, mas ele era muito mais forte.
—Sinto muito pai... Eu te amo — Uma lagrima rolou dos meus olhos, fiz força para me arrastar para cima e alcançar o abajur enquanto segurava o pescoço ensanguentado do meu pai com a outra mão, depois de alguns minutos tentando sem obter muito sucesso, resolvi o empurrar com um chute e inacreditavelmente funcionou, me levantei e corri para pegar o abajur, mas algo agarrou meu tornozelo e cai novamente, lhe dei outro chute com o pé que estava livre e me arrastei até conseguir pegar o abajur e o bater varias vezes contra a cabeça de meu pai até ele desmaiar ou morrer, não fique a tempo de checar a respiração dele, passei correndo pelo corpo do meu pai, agarrei a porta e antes de fechá-la e trancá-la com medo de que ele acordasse, o olhei, com lagrimas rolando pelo meu rosto, eu matei meu próprio pai, olho para as minha mãos que estão manchadas de sangue que estavam em sua camisa, e depois encaro meu pai pela última vez.
—Adeus... Pai — Sai correndo escada abaixo para o quarto dos meus pais e ver se minha mãe estava la. Não estava. Então fui para o quarto do meu irmãozinho Vitor, sussurrando seu nome.
—Vitooor, você esta ai amorzinho? Vitooor — Nada. Entrei na suíte de seu quarto e vi algo encolhido dentro do box do banheiro. Levei um susto, não estava a fim de matar meu irmãozinho também.
—Eu to... To com medo Gaby — Ele me disse com lagrimas nos olhos.
—Ah meu Deus. Graças a Deus esta vivo, vem comigo. — Falei com os braços abertos enquanto ele levantava chorando e vinha para a minha direção. O peguei no colo e pedi silencio.—Shhh! — Ele me olhou com seus enormes e molhados olhos verdes e acenou com a cabeça. Se ele visse mamãe do jeito que estava meu pai seria um trauma, se é que ele já não viu. Andei pela casa toda e não encontrei minha mãe em lugar nenhum, e enquanto chorava tentando entender o que estava acontecendo e onde estava minha mãe, peguei duas mochilas enchi de facas, comida, água e produtos higiênicos, peguei as chaves do carro apesar de não saber dirigir, eu teria de aprender!
No momento em que eu ia abrir a porta da frente para sairmos, alguém bateu. Eu e meu irmão levamos um susto, e nos escondemos atrás da mesinha que ficava na sala de entrada, na frente da porta.
—Ei? Tem alguém ai? Gaby é o Arthur! — Sussurrava baixinho perto da porta, Arthur e eu tínhamos um caso a alguns meses. Corri para abrir, mas meu irmão me segurou e me olhou pedindo para que eu não fosse.
—Eu o conheço, é meu amigo, temos de ajudar! — O garanti.
—Gaby, sou eu a Alice, e a Sofia! Abra, estamos te ouvindo! — Alice e Sofia mesmo que não parecessem nem um pouco eram irmãs, moravam a algumas quadras de casa.
—Se ela não abrir vamos ter que arrombar a porta! — Outra voz distinta falou. Me era familiar, mas na hora não reconheci.
—Viu só? São meus amigos Vitor, fique calmo ok? — Ele fez que sim com a cabeça. Levantei-me e fui até a porta, para abri-la.
—Até que enfim! Não nos reconhece mais?- Ana Beatriz fala. Ana morava mais perto da minha casa do que Alice e Sofia, acredito que nenhum dos meus amigos deixariam os pais assim, me questiono o que deve ter acontecido com a família de todos.
—Oi pra você também, sabe está uma bagunça aí fora, queria que abrisse a porta com a maior tranquilidade?!
—Ah dane-se! — Ana me disse sorrindo igual a uma idiota.
—Cara, eu não to nem acreditando que isso esta acontecendo! — Falou Alice toda empolgada com o apocalipse ou sei lá como chamar isso. Ela sempre torceu para que algo assim acontecesse, acho que ela apenas queria sair de casa de uma vez, sua convivência com os pais era bem complicada.Depois que Ana , Alice e Sofia entraram, foi à vez de Arthur que ao passar pela porta se aproximou de mim para me beijar, mas atrás de nos Guilherme pigarreou para que percebêssemos que ele estava ali. Levei um susto ao vê-lo, por que havíamos perdido contato há muito tempo, nos tínhamos uma historia e acho que nenhum dos dois havia superado tudo aquilo que passamos, pois ainda nos olhávamos com certo mistério, me assustei mais ainda ao ver que Arthur recuou e me beijou levemente na bochecha, geralmente ele me beijaria com certa voracidade só para provocar o Gui.
—Oi Gaby... — Ele me cumprimenta timidamente.
—Oi... Gui, que sur-surpresa vê-lo aqui! — Gaguejei.
—Pois é, em um momento como este, temos de apelar...
—Mas o que vocês todos estão fazendo aqui? Quero dizer, cadê a família de vocês? — Eu pergunto.
—Minha mãe se matou... E matou meus irmãos e meu pai também... Dizia sobre o juízo final, e que purificaria nós todos. — Guilherme responde com lagrimas rolando de seus olhos — Eu fui o único que escapou dela, ela parecia bêbada... Não sei... —Ele começa a chorar e eu o abraço, ele me contava antigamente dos surtos de sua mãe, porém não achei que chegaria a isto.
—Tenha calma, vai dar tudo certo, eu não acho a minha mãe e... Meu pai... Bem eu tive problemas com ele... — Digo entristecida e com a cabeça baixa ainda abraçada com Guilherme que chorava baixinho.Em poucos minutos estávamos todos sentados na sala contando nossas historias e chorando. Alice e Sofia nos contaram que seu pai estava no trabalho e quando chegou sua mãe que estava infectada o atacou, Alice teve que matar a mãe e o pai pois, Sofia estava mais que traumatizada. Arthur também tinha perdido a família, mas conseguiu salvar seu irmão menor, chamado Samuel que tinha aproximadamente oito anos e no momento estava brincando de esconde-esconde pela casa com Vitor, Ana Beatriz, perdeu os pais e a cachorra enquanto estavam fugindo, então voltou para cá.
Estávamos todos desolados, sem aonde ir e sem nenhuma noção do que fazer. Até que Alice levanta seu rosto e começa a discursar, ela sempre foi boa com essas coisas.
—Vamos fechar todas as janelas e portas dessa casa menos a porta do banheiro e da cozinha! Vamos dormir na sala todos juntos! E vamos achar facas e saquear mercados! Vamos sobreviver, vamos lutar, porra eu sei que nossos pais se foram e estamos sem ninguém, mas isso aqui e como nos filmes de terror que vemos, estamos preparados, só não sabemos, tenham fé nos vamos conseguir, somos uma família agora... — Logo levantamos e fomos reunir comida, trancar a casa e fechar todas as janelas, pegar velas. Por que logo a luz acabaria. E enchemos umas cinco garrafas de água, decidimos ficar ali até a água acabar e então partiríamos em busca de algum lugar melhor.Enquanto eu e Ana estávamos pegando remédios ou qualquer coisa que pudesse ajudar, no quarto dos meus pais, ouvimos barulhos estranhos no andar de cima...
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We Will Survive, My Love.
Teen Fiction[Contém gatilhos, abusos físicos e mentais, violência descrita, morte... Preserve sua saúde mental.] "Tudo parecia em ordem. Após o grande surto de uma doença que transformava os seres humanos em canibais, as organizações envolvidas tomaram a atitud...