Era 17 de dezembro.
Mais especificamente 17:17.Na minha frente estava seu rosto, sob uma luz violeta que se assemelhava com a nossa cor, tanto quanto se assemelhava com a cor de seus olhos castanhos.
Olhei para minhas mãos e não havia mais nada, não havia mais nenhuma das lindas palavras que você havia escrito horas atrás, era apenas minha pele gelada ansiando contato com a sua.
Você fez todos sumirem, fez minha Miami própria parecer um sonho, fez tudo parecer perfeito novamente.
Te vi olhar em meus olhos tristes e tudo pareceu ficar nulo, tudo pareceu como as obras de Van Gogh, você poderia facilmente ser uma também.
Então você se aproximou, andou pelo corredor vazio de uma cidade vazia, mas que pra mim estava lotada, estava lotada por meus sentimentos.
Você estava finalmente chegando perto de mim.
Seus passos calmos me faziam sentir a ansiedade pairar sobre um coração partido, mas que estava prestes a se reconstruir, você tinha vindo me ver em 17 de dezembro, que mesmo sendo a dois dias atrás, parece que aconteceu a 100 anos.
Suas mãos quentes e pequenas tocaram minhas mãos frias, seu rosto, ainda em contato constante com o meu abriu tantas portas que eu fiquei confusa em qual entrar, mas eu estava absolutamente e puramente feliz, apenas feliz por você ter viajado por nossas galáxias para me visitar naquele dia triste.
Seus dedos foram entrelaçados aos meus como colheres em água corrente, uma explosão aconteceu dentro de mim, naquele segundo eu presenciei todo o universo, conheci o mundo e vi paisagens lindas de inverno, tudo em milésimos de segundo.
Se antes tinha certeza que te amava, agora queria gritar, queria gritar para todo o mundo saber que eu vou te amar até o fim, que fomos feitos um para o outro, que você me visitou em meu aniversário, que eu estava completa e que ganhei o melhor presente, você.
Você permitiu-se ser meu quando tocou meus cabelos, quando acariciou meu rosto pálido. Você disse que me amava também quando selou nossos lábios, quando minhas lágrimas começaram a escorrer porque finalmente eu acreditava.
Após todos me dizendo que você me amava eu ainda esperava por sua confissão, eu ainda ansiava seus lábios todos os dias, todos os segundos.
Quando nossos rostos se separaram eu toquei seu rosto também, tive o prazer de sentir sua pele, e eu estava pronta, eu estava pronta para falar pra você para o resto dos meus dias.
"Eu...Eu"
Minhas palavras foram interrompidas quando pisquei meus olhos. Você não estava lá. O sol escaldante voltou a bater furiosamente em meus cabelos e as pessoas voltaram a caminhar tristemente em volta de mim, minhas lágrimas se misturaram com as minhas poucas palavras assim como eu me misturei com a multidão. Mais uma vez eu havia me perdido em meus sonhos mais profundos, mais uma vez eu alucinei com você caminhando até mim, com você me tocando, mas nada era real, nada nunca foi real, apenas meu amor por você.
E mesmo que eu estivesse sonhando, mesmo que eu nunca tenha tocado você de verdade, eu chorava porque no minuto que passei ao seu lado, eu não fui capaz de dizer que amava você.
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somniabunt
Short Story{Corri perante a morte, fugi dela todos os dias, pois mesmo querendo morrer, você ainda estava vivo nesse mundo.}