Divine Promise • kth + jjk

Piéta de Michelangelo

Park Jimin

Casa do Apolo, Bairro dos Deuses, Seul, Coreia do Sul

Depois que Taehyung se levou dizendo que iria na casa de banho e Hoseok lhe dizer onde ficava a casa de banho*  ficou um silêncio meio estranho na mesa. Eu não conseguia esconder a minha preocupação, haviam flores amarelas e violeta nos meus cabelos. Não tinha certeza se alguém tinha decorado as cores e o que significavam para além de Hades, mas suspeitava que Namjoon sabia. Abaixei meu rosto suspirando. O merda, estraguei tudo de novo por causa da transparência do que eu sinto. Quando olhei Yoongi pensava que ele iria me lançar um olhar feio e confirmar o que eu já sabia, mas ele apenas segurou minha mão e sorriu como se dissesse que estava tudo bem e não tinha problema. Sorri como um idiota pelo gesto, ele estava de bom humor pelo menos.

- Por favor, nós sabemos que estão nos escondendo algo sobre esse Jungkook. Nem disfarçam sobre isso – Namjoon falou segundos depois suspirando. – Taehyung ficou pálido e praticamente correu daqui e tu, Jimin, se tiver mais um pingo de preocupação vamos estar a nadar em pétalas não tarda.

Engoli em seco para Yoongi e ele apenas revirou os olhos deixando um Namjoon indignado com o ato. Pelo menos, Yoongi estava do meu lado e tentava com que não me preocupasse tanto, me fazendo rir da forma como ele desdenhava da cara do Namjoon. Jin repreendia Namjoon com olhar e este estava sem entender o porquê de ninguém estar do lado dele, nem mesmo Hoseok, que estava a tentar parecer bravo, mas só o deixava mais adorável.

- Mas nós entendemos que não se sentem confortáveis em nos falar, então vamos esperar pois independentemente do que for vão ter a nossa ajuda – Jin quis completar a frase de Namjoon dando um sorriso amigável. – Por favor, Namjoon, eles são nossos amigos e não militares. Se queres que eles contem algo que os preocupa não é os pressionar até falarem.

- Como não? Para alguém contar algo importante que pode mudar tudo, dás palmadinhas nas costas e ofereces um chá? És muito emotivo, Kim – ele suspirou.

- És muito inteligente, mas não só com a inteligência se consegue resolver os problemas. Estás a lidar com humanos. Eles não são uma mera estatística, pessoas não são seres totalmente previsíveis. Tens que passar a entender mais os comportamentos humanos, a parte emocional – Jin falou tudo isso enquanto olhava suas unhas.

- E tu tens que aprender a ser menos emocional. As pessoas ficam cegas com amizade e amor e não fazem as perguntas que precisam ser feitas. No teu caso, ficas cego com o teu narcisismo todo e achas que todos te amam e veneram.

Jin apenas mostrou o dedo do meio para ele e Namjoon fingiu de ofendido. Esses dois juntos nunca foram pera doce, as divergências deles, como Namjoon ser muito racional e Jin ser muito emotivo, as personalidades em algum ponto se chocavam. Para a surpresa de todos, eles dois sempre estavam juntos como amigos. Era uma dinâmica estranha, mas eu gostava de pensar que eles se complementavam e puxam um ao outro para um equilíbrio entre a razão e a emoção. Ninguém ficou surpreso por Atena e Afrodite não serem totalmente pacíficos um com o outro, já que na guerra de Troia não estavam do mesmo lado. Lendo a Ilíada na escola, sempre me pareceu que Atena não era muito fã do glamour e o exibicionismo de beleza da outra deusa. Os filmes de adolescentes podiam ser muito baseados nisso: a linda e a intelectual que não gosta da linda. Além do mais, todo esse "choque" de personalidades não era surpresa para nós, Apolo e Dionísio tinha um na Grécia Antiga.

Pelo que entendi das aulas e das explicações de MiRin sobre o assunto existe um conceito filosófico com base em certas características da antiga mitologia grega a que chamamos Apolíneo e o Dionisíaco. Apolo é o deus da razão e o racional, enquanto que Dionísio é o deus da loucura e do caos. Por alguma razão, os gregos não consideravam os dois deuses como opostos ou rivais apesar de que o Apolíneo é o lado da razão e do raciocínio lógico. Por outro lado, o Dionisíaco é o lado do caos e apela para as emoções e instintos. O conteúdo de todas as grandes tragédias é baseado na tensão criada pela interação entre esses dois.