Divine Promise • kth + jjk

Calma antes da tempestade

Kim Taehyung

Wangsan beach, Incheon, Coreia do Sul

Com os pés enterrados na areia molhada, olhava o mar calmo apesar de tudo dentro de mim parecer uma enorme confusão. Fazia tempo desde que o meu humor não alterava drasticamente o mar, pelo menos se não fosse tristeza ou raiva. Nessas pequenas férias que tirei que, ironicamente, foram passadas com o meu chefe, pude deixar as minhas preocupações fora de jogo por uns dias. Parecia que quanto mais longe dele, menos o peito pesava, o que era horrível. Fugir não devia ser a solução dos meus problemas. No entanto, sempre que ficava demasiado perto dele, a minha mente entrava em pânico. A culpa me atingia como um raio e parecia que eu ia desmaiar.. Chegava a ser ridículo as figuras que fazia na frente dele. Seria cómico se não fosse trágico.

Meu chefe, Hades, por incrível que pareça foi quem sugeriu que fossemos os três de férias. Sim, ele me arrastou para Incheon para me fazer ficar de vela, impressionante. Perséfone e ele, que desde o início acompanharam o meu progresso, diziam que era bom pra mim esses dias. Deixaria de me preocupar com o trabalho por uns tempos e afastado do meu... bem eu não sei bem o que somos agora. Eles dizem que sendo eu como eu sou, devia ficar mais perto de água salgada. Tendo em conta que parte do meu tempo livre ou era na cafeteria Olimpo ou nadando no Rio Han, a ideia que ficar perto do oceano me agradava. Perséfone era um sortudo, ele tinha nascido em Busan. Ele e, claro, o principal ator a estrear em meus pesadelos. Ainda me lembro dos dias em que nossas famílias viajavam juntas para Busan. A forma como desde de criança amava água, passava dias inteiros molhado pela chuva e nunca ficava doente, como minhas feridas pareciam sarar muito rápido, até daquela vez que quebrei o braço, uma fratura exposta, devido a uma das minhas brincadeiras com o filho dos amigos dos meus pais. Como nunca tinha notado? Chegava a ser ridículo como nunca cogitei essa ideia. E agora estou pagando por isso. Afastando-me aos poucos da pessoa que conhecia desde que me entendia por gente e tentando evitar uma promessa que terei que cumprir. Ele deve me odiar. Só é demasiado simpático para o admitir.

- TAEHYUNG, CUIDADO!

Senti o peso de algo batendo nas minhas costas. Era a porra de um bola de areia! Virei logo pronto pra bater em que ousava fazer tal coisa e não me surpreendi quando vi Hades com mais uma bola de areia nas mãos para me atirar. Ri com a sua idiotice.

- Qual é, pequena sereia? Vai ficar falando telepaticamente com os peixinhos? É o nosso último dia aqui, aproveita que não é todo o dia que seu chefe te paga as férias! – ele ri e eu mesmo reviro os olhos apesar de querer rir junto com ele.

- Como se fosse algo extraordinário vindo do único homem desse mundo que consegue fazer rubis a partir d-

E antes que pudesse completar a minha frase senti outra bola de areia me acertar nas costas o que me fez virar para encarar a pessoa que o tinha feito, apesar de para além do garoto que está à minha frente só havia mais uma pessoa que o faria sem pensar muito. Só que quando o fiz, levei outra bolada de areia que estava na mão do garoto de cabelos pretos. Eles eram muito burros por querem implicar comigo na minha praia. Literalmente.

- Okay, chega de brincadeiras. Vocês agora vã- – Mais uma bola de areia.

- Fica calado, seu chato! – ouvi a risadinha típica de Perséfone.

Ah era assim que queria brincar? Pois então. Ao mover minha mão na direção eles pareçam se aperceber que o feitiço ia se virar contra o feiticeiro, porque ambos começaram a correr como se não houvesse amanhã quando um monte de água se elevou como uma cobra na direção deles. Ri abertamente do desespero de ambos.

- Querem atirar areia agora?! – os provoquei rindo alto.

O primeiro a ficar molhado foi Hades, visto que ele que tinha começado a brincadeira. Logo começou a resmungar claramente irritado. Ele odiava ficar molhado. Não combinava com o seu temperamento quente, mas que combinava com o submundo. Frio e sozinho. Para alguém que devia ser sério e vingativo o tempo todo, agradecia por ele no fundo não passar de um pudim que precisa de muito amor. Perséfone sabia. Perséfone lhe dava todo o amor do mundo se possível. No entanto não avançavam na relação por alguma razão. Pareciam que brincavam aos relacionamentos às vezes. Quando o outro ficou molhado não deu pra levar a sério seus insultos, ele era simplesmente adorável.