बयालीस

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A passagem de Júlia pelo Brasil foi curta, durou exatos três dias e aproveitamos como pudemos entre minhas gravações e os compromissos dela. Todos os nossos encontros ocorriam no apartamento em que ela estava, eu sempre disfarçado, ou em minha casa, ela disfarçava-se. Queríams evitar os paparazzis e conseguimos, graças a Deus e aos deuses indianos.

Com a volta de minha indiana ao país natal, tudo voltou ao normal, minha rotina e minha saudade tornavam-se cada dia mais intensa e eu cada dia mais exausto. Perdi as contas de quantas vezes durante as duas últimas semanas eu perdi as ligações de vídeo de Júlia.
Ou ela me ligava e eu estava dormindo, ou eu dormia no meio da ligação.

Respirei fundo sentindo a fraqueza no corpo gritar para que eu me sentasse em algum lugar e descansasse por ao menos cinco minutos, pisquei os olhos e minha parceira de cena me encarou franzindo o cenho.

-André, você está bem? - perguntou preocupada.

-Estou! Só um pouco tonto, acho que é cansaço.

-Você está branco. - aproximou-se de mim e pôs a mão em minha testa. - Você está suando frio. Senta um pouco, irei pegar uma água para você.

Ela saiu da sala onde estávamos ensaiando e eu sentei-me na poltrona. Fechei os olhos por um momento e quando menos esperei, apaguei!

Acordei com Brenda me chamando.

-André, tem certeza que não quer ir num pronto socorro? Você definitivamente não está bem, saí para pegar água e quando voltei você estava desmaiado sobre a poltrona.

-Eu só preciso descansar um pouco, tem quatro dias que eu não sei o que é dormir. - balbuciei sonolento.

-Cara, você é louco? Você não tem vida além do trabalho?

-Minha vida está na Índia, Brenda! - suspirei pesaroso.

-Eu sei o quanto está dificil para você ficar distante da Júlia, André! Mas você também não pode deixar de se cuidar, imagina se ela volta e te encontra debilitado ou doente, como ela não ficaria? - perguntou. - Ficaria muito mais triste do que já está ficando longe de você, se ponha no lugar dela.

Baixei o olhar pensando no que ela me falou, me colocando no lugar de Júlia. Como eu podia ser tão estúpido?

-Você tem razão! - balbuciei. - Estou sendo estúpido vegetando ao invés de viver.

-Acho melhor você ir para casa descansar. - falou sentando na poltrona ao lado da minha. - Tem muitas cenas suas adiantadas e acho que do jeito que você está, não vai acabar rendendo muito.  Você está bastante adiantado em suas cenas, estamos gravando cenas de casal com coisas que acontecem em gravações individuais minha, que eu ainda nem gravei. Fora que o autor está tendo que escrever muitas cenas novas para acompanhar seu ritmo.

-Verdade! O diretor chamou minha atenção sobre isso esses dias. - sorri sem jeito.

-Pega uma semana de folga para você. Se cuida, faz algo que você gosta, relaxa. Você está precisando muito de um tempo somente seu.

-Farei isso! Irei conversar com o diretor e a equipe, explicar a situação. Obrigado pela ajuda. - falei levantando-me.

-Disponha! - decretou levantando da poltrona e saindo da sala.


-Disponha! - decretou levantando da poltrona e saindo da sala

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