Os gestos são o contraponto silencioso às palavras. Gestos podem fortalecer rituais quando praticados juntamente a invocações e danças, ou podem ser utilizados individualmente por seu verdadeiro poder. Apontar, utilizar os dedos indicador e médio abertos formando um "v" e apresentar vulgarmente um dedo médio erguido demonstra a variedade de mensagens que podem ser enviadas pelos gestos, assim como a quantidade de respostas emocionais que eles suscitam.
A mano figa (um punho fechado com o polegar entre o indi-cador e o médio) e a mano comuta, um "v" formado pelo indi-cador e pelo mínimo, mostrados de cabeça para baixo, há muito vêm sendo utilizados para afastar maus-olhados e negatividade, e o último é utilizado na Wicca, apontado para cima, para representar o Deus em seu aspecto Chifrudo.
O significado mágico dos gestos é complexo, e origina-se do poder das mãos. A mão pode curar ou matar, acariciar ou apunhalar. E um canal pelo qual as energias são enviadas do corpo ou recebidas de outros. Nossas mãos preparam altares mágicos, apanham bastões e athames e apagam as chamas das velas ao concluirmos ritos mágicos.
Mãos, enquanto meios por meio dos quais a maioria de nós ganha a vida, simbolizam o mundo físico. Mas em seus cinco dedos reside o pentagrama, o supremo símbolo de proteção; a soma dos quatro elementos associada a Akasha, o poder espiritual do universo.
As linhas em nossas mãos podem, para o iniciado, ser utilizadas para acessar o inconsciente profundo e revelar coisas dificilmente captadas pelo consciente. O quiromante não interpreta essas linhas como ruas num mapa; são chaves para nossas almas, uma mandala de carne que revela nosso mais profundo interior.
As mãos foram utilizadas como os primeiros instrumentos de cálculo. Acreditava-se que possuíam qualidades e simbolismo tanto masculino como feminino, e imagens de mãos são usadas ao redor do mundo como amuletos.
Gestos em rituais podem facilmente tornar-se instintivos. Ao invocar a Deusa e o Deus, as mãos podem ser erguidas espalmadas para receber seu poder. A Deusa pode ser individuamente invocada com a mão esquerda, com o polegar e com o indicador erguidos em um semicírculo, enquanto o resto dos dedos se enrola sobre a palma. Este gesto representa a Lua crescente. O Deus é invocado com o indicador e com o médio erguidos, ou o indicador e o mínimo erguidos, enquanto o polegar segura os outros contra a palma, para representar chifres.
Os elementos podem ser invocados com gestos individuais quando próximos das quatro direções: uma mão espalmada paralela ao chão para invocar a Terra no norte; uma mão erguida, com os dedos bem abertos, para invocar o Ar no leste; um punho ergui-do no sul para convidar o Fogo, e uma mão em concha no oeste para invocar a Água.
Dois gestos, juntamente a posturas, vêm há muito sendo usados para invocar a Deusa e o Deus, e receberam seus nomes. Assume-se a posição da Deusa ao separar os pés cerca de 20 cm, erguendo as mãos com as palmas voltadas para cima, os cotovelos levemente dobrados. Esta posição pode ser utilizada para chamar a Deusa ou para sintonizar-se com Suas energias. A posição do Deus consiste em manter os pés juntos no chão, o corpo rigidamente ereto, braços cruzados no peito (em geral o direito sobre o esquerdo), com as mãos fechadas em punhos.
Instrumentos como o bastão e o punhal mágico (athame) podem eventualmente ser seguros nas mãos, ecoando a prática dos antigos faraós do Egito, que seguravam um cajado e um mangual de modo semelhante durante disputas.
Nos covens, a Alta Sacerdotisa e o Grande Sacerdote costumam assumir tais posições quando invocam a Deusa e o Deus. Em trabalhos individuais, podem ser utilizadas para identificarmo-nos com os aspectos da Deusa e do Deus em nós, e também durante ritos invocatórios separados.
Gestos também são utilizados em magia. Cada um dos dedos se relaciona a um planeta específico, assim como a uma antiga deidade. Uma vez que apontar é um ato mágico e é parte de muitos encantamentos, podemos escolher o dedo de acordo com seu simbolismo.
O polegar está ligado a Vênus e ao planeta Terra. Júpiter (tanto o deus quanto o planeta) rege o indicador. O dedo médio é regido pelo deus e pelo planeta Saturno, o anelar pelo Sol e por Apolo e o mínimo pelo planeta Mercúrio assim como pelo deus que lhe dá nome.
Muitos encantamentos envolvem o apontar, com os dedos de Júpiter e Saturno, normalmente para um objeto a ser carregado ou imbuído em energia mágica. Visualiza-se o poder partindo dos dedos direto para o objeto.
Outros gestos rituais utilizados em ritos Wiccanos incluem o "cortar" de pentagramas nos quatro quartos ao desenhá-los no ar com o punhal mágico, o bastão ou o indicador. Isto é feito para, alternadamente, banir ou invocar os poderes elementais. É, obviamente, praticado com a visualização.
A mão pode ser vista como um caldeirão, uma vez que pode conter água; um athame, pois é utilizada para dirigir energia de magia; e um bastão, por também poder invocar.
Gestos são instrumentos mágicos tão poderosos como quaisquer outros, os quais podemos levar sempre conosco, para utilizá-los quando necessário.
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Grimório Para Reconexão✨
Non-FictionLivro de estudos para iniciantes da bruxaria. TEXTOS RETIRADOS DA INTERNET