Capítulo 5- O começo da Jornada parte 1

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Tinhamos acabado de nos despedir de Lorrane e de nossa Avó, a despedida foi dura para todos nós, mas precisávamos seguir de cabeça erguida.

O dia estava ensolarado e bonito, Natália fala só o necessário comigo, por conta da nossa luta que foi interrompida, Gabriel parece preocupado, mas também não diz uma palavra sequer.

Era estranho saber que poderia nunca mais ver aquele lugar, ele me pareceu muito belo dessa última vez, não sei se estou realmente pronta para partir por aí, sem regras ou limites.

Sinto minhas pernas amolecerem, um frio na barriga, me sinto pesada, e fraca, mas continuo caminhando seguindo meus primos pela floresta.

Caminhamos um pouco, e não muito distante do nosso ponto de saida, chegamos em nossa antiga vila, já caida aos pedaços, queimada de fogo e suja pela água e a terra, as casas destruídas, isso gera ódio em Gabriel, e fica nítido que sua expressão muda, já Natália parece decidida, da uma breve olhada para o local, e continua a andar na frente de todos agora.

E eu? Continuo na mesma, pernas moles, frio na barriga,e com um semblante de choro.

- Olha Sara, se você quiser desistir ainda da tempo tá!? - Pergunta Natália com um tom despreocupado.

- N... Não - Respondo rápido.

- É verdade Sara, você parece diferente, pode voltar para casa, não tem problema - Diz Gabriel sorrindo, porém de um jeito sério.

- Eu não quero voltar, mas é que eu vi meus pais serem levados pela Kaogiri, meus pais, eles dominavam muito bem a água, mesmo assim foram levados, o que eu poderia fazer? - Exclamo para os dois ali presentes.

- É impressão minha, ou a senhorita soberba está com medo ? - debocha Natália.

- E se eu estiver? Qual o Problema - Você acha o que? Que vai chegar lá com bolas de fogo na mão, e acabar com tudo? Não vai ser fácil como na sua cabeça de vento Natália!! - Digo já nervosa.

- Ei, estamos todos no mesmo time tá legal? - Diz Gabriel meio preocupado.

- Não importa se eles não conseguiram no passado, eu luto por eles, e no presente eu escolho tentar, POR ELES - Discursa Natália.

O silêncio toma tudo ao redor, um vento forte bate, e de repente um corvo negro de olhos avermelhados sai de dentro de um dos escombros de uma casa ali destruída.

Ele olha para nós e abre voo gritando, eu me assusto e coloco a mão e minha cabeça, mas Gabriel e Natália permanecem imóveis, quando foi que eles ficaram tão firmes?

Naquele momento eu pude perceber que havia ficado para trás em um estalar de dedos.

Em um breve momento, me veio a cena de inúmeros corpos ensanguentados estirados ao chão, fecho os olhos e coloco a mão em meu rosto.

Quando ouço um andar, era Natália que caminhava em saída da Vila, seguida por Gabriel que também já parecia decidido.

A cada passo eles pareciam mais decididos, e eu ficava mais distante, em um rápido momento em que o sol batia em meus olhos, lembrei-me de meu pai dizendo "devemos ser fortes mesmo quando o impossível aparece diante dos nossos olhos".

Nessa hora meu corpo se mexeu sozinho, e comecei a andar rapidamente em direção aos meus primos.

- Que bom que se decidiu, não iríamos conseguir sem você - Fala Gabriel que parecia contente com a minha decisão.

- É, acho que seria mais difícil mesmo - Comenta Natália logo a frente.

Não respondo nada, sinto um aperto enorme no peito, não tenho forças para falar, só consigo andar e andar sem saber o destino.

A Guerra dos  Quatro NortesOnde histórias criam vida. Descubra agora