[Achei que seria apropriado, interromper o conto do coelho branco para incluir uma das primeiras versões do conto "Gretel a Esperta". Esta versão nos revela os fatos que aconteceram durante o exílio do garoto. "Gretel a Esperta" é um dos contos colhidos pelos meus dois ancestrais e pode ser encontrado em todas as coletâneas dos livros, ditos infantis, que se propõe a compilar as suas estórias. Eu aconselho firmemente que este conto seja lido. Mas esta versão que apresento, possivelmente, foi o primeiro rascunho e ele está quase sem comentários. Acredito que deve ter sido escrito apenas por Jacob no período em que Wilhelm estaria incapacitado por um período de depressão por perder sua amada Gertruida.]
Gretel a esperta
Havia um senhor de um castelo, muito sovina e glutão que tratava seus servos da pior forma possível. Era um homem perverso e comilão que se empanturrava em todas as ocasiões.
Certa vez ele convidou para um banquete o rei e a rainha. Iria receber a comitiva real em seu castelo e mostraria o quão poderosas eram suas receitas. Ordenou que seus empregados fizessem o melhor banquete, a melhor sobremesa e os melhores vinhos herbários com o fim de impressionar a rainha que muito apreciava e estudava as artes da cozinha. Seu intuito era conseguir dela a receita da sua famosa sopa de pedra. A sopa de pedra era muito poderosa, tendo já deixado até mesmo um certo duque completamente enfeitiçado e, digamos, sem palavras.
O senhor deste castelo se orgulhava em ter os mais talentosos cozinheiros e colecionava todas as receitas e sabores do reino. Infelizmente ele também tinha o hábito de colecionar os cozinheiros do reino, como se fossem animais de estimação.
Gretel era a mais talentosa das suas cozinheiras. O senhor do castelo a havia tomado de um antigo inimigo vencido em batalha. O inimigo era um duque de bom coração que havia acolhido Gretel viúva e com os seus dois filhos haviam sobrevivido. Um deles um coulro
{coelho, vamos colocar Coelho}. Um deles um coelho. {Vamos, por ora, fingir que o outro não existe}
[*********]
Gretel tinha sido uma mãe muito jovem, teve ao todo três filhos, mas no seu infortúnio já havia perdido um dos dois gêmeos mais velhos para a febre. Talvez por um motivo que só as mães possam entender, Gretel adotou um bebê {coelho, não vamos falar do povo mágico} para colocar no lugar deste.{ O irmão sabe quis não foi por este motivo. } [*****] Também terceiro filho, o filho do coração foi exilado e tirado dela graças à guerra e ao mesmo rei que iria agora visitar o castelo. O filho humano, seu último filho que lhe sobrara, que era de saúde frágil era mantido no castelo, como um servo.O senhor do castelo, astuto que era, ficava com o filho doente de Gretel sempre preso ao seu lado pelo calcanhar ligado por um ferrolho é uma corrente e o fazia experimentar de todas as comidas e principalmente dos vinhos herbários preparados por Gretel. Ele temia que estivessem envenenados.
Para o banquete, o senhor do castelo mandou que fossem preparadas duas aves com sua receita especial. Como de costume passaria a parte mais tediosa da preparação para seus empregados que ficariam horas ou mesmo dias diante dos caldeirões.
Estas aves se chamavam Digatudo e Desencanta. A primeira, uma fêmea, era alimentada com os feijões das vagens vermelhas. Suas penas eram cor-de-rosa e a pobre ave jamais podia ver a luz do sol. A segunda ave, um macho, tinha penas brancas como a neve e era alimentada com sementes de maçãs. Esta era sempre mantida na luz do sol ou iluminada com tochas feitas com o âmbar negro. Os ítens retirados destas aves permitiam receitas incríveis e o senhor do castelo queria usar a Digatudo para fazer a rainha contar sua receita de solda de pedra e depois ofereceria o da carne de Desencanta para ela voltar ao normal e não se lembrar do que foi dito para não levantar suspeitas.
Mas Gretel tinha outros planos. Ela sabia que enquanto o rei visitante continuasse vivo seu outro filho, o coelho, continuaria exilado. Ela desejava também saber como retirar um certo gosto amargo que a receita de sopa de pedra costumava deixar nas pessoas ou seja; como converter a pedra em carne. Gretel teria que ser extremamente cuidadosa sabendo que a vida de seu filho estava sempre nas mãos daquele terrível senhor.
Teve que calcular cuidadosamente a proporção dos temperos para que os pratos feitos com Digatudo e Desencanta se comportassem como o esperado e ao mesmo tempo, se fossem provados pelo seu próprio filho não causassem mais males a ele.
O senhor do castelo fez questão de matar pessoalmente as aves. Estrangulou-as com suas próprias mãos e com grande satisfação nos olhos.
- Ah! Tanto carinho e cuidado que eu tive com estas pobres aves! - suspirou Gretel. - Mas isso não vai ficar assim!
- O que foi que disse sua bruxa suja? - inquiriu o senhor do castelo quando notou que Gretel resmungara.
- Eu disse: - Ah! Tanto cuidado que o meu senhor tem com os detalhes! - Respondeu a esperta Gretel.
Felizmente sua vaidade fazia com que ele acreditasse totalmente nos elogios de Gretel, mesmo o mais descabido. Com isso ela se aproximava de seu filho, que ficava preso ao lado do gordo senhor do castelo para onde quer que ele fosse.
- Cuide em só comer o rabinho das aves. - disse Gretel baixinho ao seu pobre filho.
[Irmão, não consigo, não consigo. Gertrudes, Gertrudes,
porque me rejeitou? Estou muito muito triste e não posso
participar da nossa escrita. Meu peito está esmagado de dor, é muito mais intenso que a terrível dor do meu molar naquela vez.]
{Você tem que tomar Sol, sair. Estamos faz um ano e duas semanas atrazados na escrita.
Temos leitores esperando ansiosamente. Faça um esforço por eles! Ao menos um capítulo por mês!}
E logo que os convidados chegaram, Gretel conseguiu se aproximar deles oferecendo vinho aos pagens responsáveis pela recepção. Eles sempre faziam vistas grossas por pequenos agrados como aquele. Deste modo ela pode ir se atrevendo e se aproximando da rainha. Seguiu curvada até conseguir se aproximar ao ponto de se atrever a falar:
- Minha rainha, pela ordem das cozinheiras do caldeirão peço que não experimente a primeira ave. O senhor deste castelo pretende enganá-la! Coma somente a segunda.
- Eu conheço por mim mesma todas as artes da cozinha. - respondeu a rainha - Não comerei o que não tiver que comer.
Não satisfeita com sua resposta, Gretel se adiantou e trocou também de lugar com o pagem que se encarregaria do Rei e lhe entregou um lenço de ceda onde estava escrito:
"Veneno, morte, traição no banquete."
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As Fábulas perdidas dos irmãos Grimm.
FantasyAo encontrar quatro livros manuscritos pelos irmãos Grimm um descendente descobre que o limite entre fatos históricos e fantasia pode simplesmente não existir. Através das anotações nos tomos, conhecemos Jacob e Wilhelm, os irmãos Grimm. Eles nos co...