Capítulo 1

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2 anos depois....

Mateus

Olho para o porta-retrato em cima da minha mesa de vidro do meu escritório, uma das dezenas de fotos tiradas naquele dia memorável na praia, onde renovei os votos matrimonias com minha esposa. Sem me conter, eu o pego na mão para analisar melhor. Minha pele toda se arrepia com a emoção que toma meu corpo aos poucos, as recordações vindo como ondas marotas em minha mente, me distraindo completamente do trabalho. O fotografo conseguiu captar quase o impossível, o retrato do amor, pois foi exatamente no momento que tinha deixado os lábios de Isabella, para lhe sussurrar um – eu te amo.

Você deve estar se perguntando como sei disso, mas para mim é muito simples. É como se eu vivesse aquele dia, todos os dias seguinte e saberia que seria assim por toda o resto da minha vida. Eu ainda conseguia lembrar dos olhos verdes brilhantes de Isabella, radiante pelo momento, ela estava tão emocionada quanto eu. É como se eu ainda pudesse sentir sua pele quente e arrepiada. Fazendo pequenas faíscas de choques elétricos percorrem a minha mão a cada toque em seu corpo. Instintivamente, passo um dedo em uma mecha rebelde esvoaçante na foto, assim como fiz no dia. Sorrio, com meu momento de insanidade.

Mas quem pode me julgar?

Se tem dias que eu mesmo me belisco para ter certeza que não estou vivendo uma ilusão. Aposto que você tem momentos que custa acreditar que possa estar tão feliz. Quem fica se perguntado se isso é sério mesmo. Se pode acreditar que não é loucura. É como se nunca estivéssemos preparados para admitirmos que possamos ser feliz.

Mas cada um tem sua resposta ou sinal de saber que isso não é imaginação ou delírio de uma mente fértil. O meu, é quando vejo Isabella, seu sorriso que demostra que ela está feliz comigo também. É quando sinto sua boca na minha, morder seus lábios é o que faz isso tudo se tornar real. Sentir seu coração pular, quando encosto meu peito no dela ao abraçá-la e que faz nosso casamento tangível. E olha que existem vários sábios que afirmam que o amor não pode ser visto, sentido ou tocado. Ah, mas se ele tivesse a honra de ter Isabella apenas um dia em suas vidas, suas convicções caíram por terra. Pois eu vejo, eu sinto e toco o amor.

Um toque de telefone, tira-me dos meus devaneios melosos.

Sem soltar o porta-retrato, atendo a ligação.

Perdeu a hora novamente? — a voz carregada de Isabella com uns toques de impaciência soa, antes mesmo de eu dizer alô.

Olho de imediato para o relógio de ouro em meu pulso e constato que realmente já passam das 18h:00min, mas apenas três minutos.

— Estava um pouco ocupado — respondo, depois de um tempo. — Estou descendo, minha amada esposa, para enchê-la de abraços e beijos.

— Hum! — escuto o som pesado de sua respiração. — Estou lhe aguardando na recepção.

E desliga. Assim, sem se despedir ou qualquer demonstração de carinho.

Hoje, apesar da noite quente e surreal que tivemos ontem, tanto que a qualquer momento parecia que iriamos incendiar o nosso quarto, Isabella parecia ter acordado com o pé esquerdo. Nem mesmo quis receber meu beijo de bom dia, partindo direto para banhar sozinha. Uma falha grave em nosso acordo de que sempre que possível dividirmos o chuveiro. Para depois comer muito no café da manhã e ficar melosa em meu colo, no trânsito a caminho da Classe A.

É minha esposa, estava contraditória.

Apressado, coloco porta-retrato no mesmo lugar e desligo o notebook, que estava olhando um projeto antes de ser distraído. Saio da sala, despeço-me da minha assistente e chamo o elevador, torcendo que ele esteja ao meu favor. Não quero deixar Isabella esperando.

Bodas de Algodão : Conto de A Esposa Virgem - COMPLETA ATÉ 20/01Onde histórias criam vida. Descubra agora