Capítulo Três: Cárcere

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A forte dor de cabeça o incomodava muito. Sentia seu rosto molhado, suas costelas inchadas, como se alguém as tivessem chutado e seus braços marcados pelas cordas que o amarravam em uma cadeira. A sensação era de que um caminhão tinha passado por cima dele.

Os seus olhos insistiam para não se abrirem. Mas, quando isso aconteceu, pôde ver onde estava. Bruno encontrava-se amarrado em uma cadeira na sala de entrada da pensão. Atrás dele, haviam os outros inquilinos e alguns curiosos da rua, que cochichavam sobre o que tinha acontecido. Na sua diagonal esquerda, Rodolfo permanecia sentado próximo a uma mesa. Sua cara de perplexidade ainda podia ser vista.

Entretanto, a cena que realmente o deixou triste foi ver Carla e Berta abraçadas enquanto choravam. Vê
-las assim, olhar para Rodolfo, deparar-se com o pessoal do necrotério levando o cadáver de Dona Nice, e ainda ouvir os cochichos dos outros inquilinos, no qual o chamavam de assassino e outros nomes piores; apenas aumentou a sua confusão mental.

De repente alguém atrás dele grita, avisando que Bruno já tinha acordado. Neste momento, todos os olhares se voltam para ele. Berta, que estava abraçada com irmã, levanta-se, enxuga um pouco as lágrimas e vai em direção a Bruno. Aqueles que estavam atrás dele recuaram um pouco. Ao se aproximar dele, Berta o dá um tapa memorável.

Seu cretino! – Dizia Berta impulsionada pela raiva. – Eu tinha certeza que você não prestava. Fingia ser uma pessoa legal, mas no fundo possuía más intenções. E o pior de tudo, é que eu já tinha avisado para minha vó que você não prestava. Eu já tinha dito a ela quem realmente você era.

Berta afastou-se um pouco dele. Os olhares estavam voltados para ela. Um clima de tensão surgia.

Berta! É tudo um mal entendido... - Disse Bruno antes de ser interrompido por um forte tapa que Berta o deu.

Cale a boca seu filho de uma... ! - Falava Berta inflando de raiva. - Não vou xingar alguém que não conheço. Mas, tudo isso não vai importar mais.

Berta andou um pouco para a esquerda, onde havia uma escrivaninha. Ela abriu suavemente a gaveta e dela retirou uma tesoura. Ela foi se aproximado, a passos lentos de Bruno. Próximo dele, mostrou de relance a tesoura para ele. E logo em seguida, sem dar tempo para que o mesmo podesse esboçar qualquer reação, empunhou a tesoura e deferiu um golpe nele.

Pelo menos era isso que teria acontecido se Carla não tivesse a empurrado para o lado, impedindo que outro assassinato fosse cometido naquele local.

Não é assim que as coisas devem ser resolvidas Berta. -Falava Carla, enquanto tirava a tesoura das mãos de Berta.

Berta nada disse. Apenas encarou a irmã por alguns segundos e retirou-se da li. Era nítida a raiva em seu rosto.
Carla, ainda segurando a tesoura, fitou Bruno por um breve instante e, depois, voltou para onde estava sentada inicialmente. Uma leve e estranha calmaria instalou-se, sem deixar que a tensão e o nervosismo desaparecessem.

Após alguns minutos, foi possível ouvir um som de um carro estacionando em frente a pensão. Logo em seguida, a porta abre e dela surge o comissário de polícia da cidade: Rafael Alencar. Bruno já tinha o visto em algumas reportagens, mas nunca pessoalmente. Era um homem alto, branco e com um porte atlético considerável. Apesar de muitos o considerarem um excelente profissional, Bruno possuía suas ressalvas. Desde que ele chegou a essa cidade a criminalidade só aumentou. É isso incluía roubos, sequestros e outros delitos.

O olhar do comissário para Bruno foi frio e amargo, como se o repudia-se antes mesmo de saber a real verdade. Ele passou pela sala e imediatamente foi falar com Carla. O barulho que os outros inquilinos fizeram, não permitiu que Bruno ouvisse o que eles conversavam, mas dava para se imaginar.

Os Mistérios que nos RodeiamOnde histórias criam vida. Descubra agora