A forte dor de cabeça o incomodava muito. Sentia seu rosto molhado, suas costelas inchadas, como se alguém as tivessem chutado e seus braços marcados pelas cordas que o amarravam em uma cadeira. A sensação era de que um caminhão tinha passado por cima dele.
Os seus olhos insistiam para não se abrirem. Mas, quando isso aconteceu, pôde ver onde estava. Bruno encontrava-se amarrado em uma cadeira na sala de entrada da pensão. Atrás dele, haviam os outros inquilinos e alguns curiosos da rua, que cochichavam sobre o que tinha acontecido. Na sua diagonal esquerda, Rodolfo permanecia sentado próximo a uma mesa. Sua cara de perplexidade ainda podia ser vista.
Entretanto, a cena que realmente o deixou triste foi ver Carla e Berta abraçadas enquanto choravam. Vê
-las assim, olhar para Rodolfo, deparar-se com o pessoal do necrotério levando o cadáver de Dona Nice, e ainda ouvir os cochichos dos outros inquilinos, no qual o chamavam de assassino e outros nomes piores; apenas aumentou a sua confusão mental.De repente alguém atrás dele grita, avisando que Bruno já tinha acordado. Neste momento, todos os olhares se voltam para ele. Berta, que estava abraçada com irmã, levanta-se, enxuga um pouco as lágrimas e vai em direção a Bruno. Aqueles que estavam atrás dele recuaram um pouco. Ao se aproximar dele, Berta o dá um tapa memorável.
Seu cretino! – Dizia Berta impulsionada pela raiva. – Eu tinha certeza que você não prestava. Fingia ser uma pessoa legal, mas no fundo possuía más intenções. E o pior de tudo, é que eu já tinha avisado para minha vó que você não prestava. Eu já tinha dito a ela quem realmente você era.
Berta afastou-se um pouco dele. Os olhares estavam voltados para ela. Um clima de tensão surgia.
Berta! É tudo um mal entendido... - Disse Bruno antes de ser interrompido por um forte tapa que Berta o deu.
Cale a boca seu filho de uma... ! - Falava Berta inflando de raiva. - Não vou xingar alguém que não conheço. Mas, tudo isso não vai importar mais.
Berta andou um pouco para a esquerda, onde havia uma escrivaninha. Ela abriu suavemente a gaveta e dela retirou uma tesoura. Ela foi se aproximado, a passos lentos de Bruno. Próximo dele, mostrou de relance a tesoura para ele. E logo em seguida, sem dar tempo para que o mesmo podesse esboçar qualquer reação, empunhou a tesoura e deferiu um golpe nele.
Pelo menos era isso que teria acontecido se Carla não tivesse a empurrado para o lado, impedindo que outro assassinato fosse cometido naquele local.
Não é assim que as coisas devem ser resolvidas Berta. -Falava Carla, enquanto tirava a tesoura das mãos de Berta.
Berta nada disse. Apenas encarou a irmã por alguns segundos e retirou-se da li. Era nítida a raiva em seu rosto.
Carla, ainda segurando a tesoura, fitou Bruno por um breve instante e, depois, voltou para onde estava sentada inicialmente. Uma leve e estranha calmaria instalou-se, sem deixar que a tensão e o nervosismo desaparecessem.Após alguns minutos, foi possível ouvir um som de um carro estacionando em frente a pensão. Logo em seguida, a porta abre e dela surge o comissário de polícia da cidade: Rafael Alencar. Bruno já tinha o visto em algumas reportagens, mas nunca pessoalmente. Era um homem alto, branco e com um porte atlético considerável. Apesar de muitos o considerarem um excelente profissional, Bruno possuía suas ressalvas. Desde que ele chegou a essa cidade a criminalidade só aumentou. É isso incluía roubos, sequestros e outros delitos.
O olhar do comissário para Bruno foi frio e amargo, como se o repudia-se antes mesmo de saber a real verdade. Ele passou pela sala e imediatamente foi falar com Carla. O barulho que os outros inquilinos fizeram, não permitiu que Bruno ouvisse o que eles conversavam, mas dava para se imaginar.
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Os Mistérios que nos Rodeiam
Mystery / ThrillerBruno vivia relativamente bem em uma cidade litorânea. Até que algo misterioso acontece e ele é acusado de um crime. Agora, ele e outros irão se deparar com os segredos que estão ao seu redor.