Socorro?

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Ponto de vista da S/N.

Mesmo contra a nossa vontade, mesmo com todos os nossos argumentos, suplicas e chiliques eu e o Jin estamos desembarcando no aeroporto de Incheon.

— Jin ...

— Que foi?

— O que vamos fazer?

— Por enquanto nada, vamos tentar diminuir nossa estadia nesse país, ou vamos morrer congelados. — Respiramos fundo e pegamos nossas malas, o Jin foi empurrando o carrinho com as malas enquanto procurávamos nosso pai, até que o ele parou de andar e ficou encarando alguém. — S/N ...

— Oi? — Tentei encontrar quem ele estava encarando.

— Aquela pessoa ali é o nosso pai certo?

— Onde? — Eu prestei mais atenção para a direção que ele estava olhando, até que finalmente encontrei, e no mesmo segundo percebi o que ele encarava, respondi pausadamente. — É ...

— Quem é a pessoa do lado dele?

— Ela é.... — Eu encarava e tentava não admitir, mas não tinha como. — Acho que nossa avó.

— A gente está muito lascado.

Caminhamos até onde estava o nosso pai, e a nossa avó, quando eles nos viram, acenaram e sorriam muito animados e felizes, por um minuto me senti um pouco mal por não me sentir da mesma forma que eles, porém, eu sorri da melhor forma que eu conseguia, aproveitei e cutuquei o Jin para ele fazer o mesmo, ele percebeu e também sorriu para parecermos gentis.

— Nossa quanto tempo. — Meu pai veio nos abraçar. — Vocês não devem lembrar, mas essa aqui é minha mãe, avó de vocês.

Aigoo, como vocês cresceram, olha só para o Seokjin, já é um homem feito, e a S/N que linda mocinha, vamos para casa eu vou cozinhar algo gostoso para vocês, vamos.

Eles nos abraçaram e foram praticamente nos arrastando para fora do aeroporto, eu tentava não olhar para o Jin, eu sabia que se olhasse para ele só ia ver um reflexo da minha própria cara de desespero e desconforto com aquela situação, e eu preferia não ver isso.

No carro meu pai foi explicando que ele mora na casa ao lado da mãe dele, falou que era um bairro muito bom, que tinha crianças da nossa idade também, ele também falou que era ótimo ter nossa avó por perto, assim enquanto ele trabalhava ela poderia cuidar da gente, a história só ia ficando cada vez mais assustadora, estava começando a ficar difícil de esconder nossa reação de pânico.

— Esse é o seu quarto S/N, espero que você goste. O seu quarto Jin fica no final do corredor, entrem arrumem suas coisas e descansem, mais tarde vamos jantar e conversamos mais. — Nosso pai não parava de sorrir. — Nossa estou muito feliz de ter vocês aqui, vocês vão ver, vai ser bom para vocês.

Sorrimos e acenamos para ele, até ter a certeza que ele tinha descido todos os degraus da escada, e não podia mais fazer contato visual com a gente, nesse mesmo momento o Jin me empurrou para dentro do meu quarto e fechou a porta, entramos no quarto e por um segundo ficamos encarando a decoração rosa do quarto.

— Jin ...

— O que foi?

— Socorro?

— Nossa. — Ele respirou fundo e parou de olhar para as paredes do quarto. —Sério isso, que nossa avó vai cuidar da gente? O que seria cuidar da gente?

— Você acha que eu sei? — Eu caminhei até a cama e peguei uma boneca de pano que estava em cima da cama e olhei sem entender para a boneca até que mostrei ela para ele. — Quantos anos ele acha que eu tenho?

— Ignora a boneca, talvez ele ache que você ainda tem a idade mental que você tinha quando eles se divorciaram.

— A claro ele acha que eu tenho 8 anos? — Olhei para ele inconformada.

— Isso explicaria a decoração do quarto. — Ele olhava para o teto e as paredes rosas.

— Um momento, se ele decorou meu quarto para uma criança de 8 anos, o seu ... — Nos encaramos por um momento e saímos, praticamente, correndo em direção ao quarto dele, e paramos na porta olhando para dentro do quarto, depois de uns minutos eu cai na gargalhada. — É maninho ... — Eu mal conseguia falar de tanto rir e ver a cara dele de choque era a melhor parte. Voltei para o meu quarto, fechei a porta, sentei na cama e respirei fundo, olhar aquelas paredes rosas estavam em enjoando, resolvi abrir a cortina, assim que abri a cortina e me assustei com o que eu vi. — Ai meu deus...

— Nossa ... — Ele me olhou surpreso — O que você está fazendo aí?

— Morando? — Respondi o garoto que estava sentado na janela da casa do lado, que era assustadoramente próxima a minha.

— Você é neta da senhora Kim?

— É ... — Meu desanimo em admitir não dava para ser escondido.

— Eu sou Jeon Jungkook, muito prazer. — Ele sorriu para mim.

— Jeon... — Eu falava coreano, mas tinha dificuldade com a pronuncia de alguns nomes.

— Pode chamar de Kook se for mais fácil.

— Então vai ser Kook, eu sou S/N.

— Prazer S/N. — Ficamos nos encarando por um momento, ele era bastante simpático e sorridente, aquela situação estava começando a ficar.

— Eu vou ... tchau.

Acenei, ele sorriu e acenou e eu fechei a cortina, virei de costas para a janela e levei um tempo para entender o que tinha sido aquela situação, será que na Coreia era normal eu abrir a janela do meu quarto e dar de cara com outra pessoa?

Preferi não me aprofundar nesse tipo de pensamento, comecei a arrumar minhas coisas, quando abri o guarda-roupa percebi que tinham algumas roupas de frio, saímos do Brasil antes do carnaval, estava um calor infernal, chegamos na Coreia estava um frio insuportável, era uma diferença gritante de clima, eu particularmente preferia o calor do que o frio.

Enquanto pendurava minhas roupas olhei para as roupas que já estavam lá e cheguei à conclusão de que iria precisar comprar roupas de frio novas, tinha uns casacos ali que eu realmente não iria usar.

Depois de arrumar tudo, fui tomar banho, quando sai do banho deitei na cama e fiquei olhando para o teto, no teto do meu quarto no Brasil tinha várias estrelas que brilhavam no escuro espalhadas, algumas até formavam minhas constelações, as minhas constelações eram uma forma de registrar momentos importantes na minha vida, por exemplo a constelação do primeiro beijo ou também a do divórcio dos meus pais, agora no teto do meu quarto não tinha nada, era só um teto pintado de rosa, não era minha cor preferida, mas eu também não tinha nada contra, porém, era muito rosa, era melhor fechar os olhos.

Destino, Coreia! - Bangtan Boys (BTS)Onde histórias criam vida. Descubra agora