Capítulo 2 - Saulo desenha a LEAF

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Ícaro estava vindo com cada coisa ao ver de Saulo.  Invenções, reformas. Formas e normas para melhorar o ensino na Academia da FE. Dessas Saulo gostava e até tinha que admitir que sabia lidar. Agora quanto aquela história de que Natanael sofria bullying...

Saulo conhecia a história. Menino amaldiçoado sendo ignorado pelo povo da vila porque, supostamente, tem um diabo dentro dele. Saulo sabia dessas histórias da mesma forma que sabia cada cor disponível na sua paleta.

Estava a dez minutos tentando desenhar alguma coisa. Nada exato no começo, embora agora estivesse se tornado alguma coisa. Começara com um verde pastoso e então transformando o superior da tela num azul-piscina. Agora já tinha criado janelas de casas com o amarelo e feito pequenos cubículos com telhas avermelhadas que deviam ser as províncias da LEAF, certo?

Saulo sabia também da outra história. Aquela em que Ícaro também sofria bullying. Mas não porque tinha um demônio dentro dele. Ícaro havia perdido os pais. E era tão novo. E era uma época tão velha, Saulo pensava agora. Estava desenhando. Desenhando o quê mesmo? Ah, é verdade! A vila LEAF. Não era a vila LEAF em si, era uma cópia. Um versão do lugar que Saulo agora governava em tons azuis piscinas e azulados com montanhas e estátuas em cor pastel. O engraçado é que aquelas montanhas hoje em dia nem existiam mais. Haviam sido substituídas na época do Segundo Governador. Agora não passavam de montanhas vazias...

Mas existiam no desenho de Saulo e era tudo que importava.

Assim como Ícaro e aquela ideia. Saulo sabia o que ele estava fazendo. Reproduzindo uma sombra. Achava que Natanael era exatamente como ele. Solitário, maroto, desesperado por uma atenção. Não era bem assim, no entanto. As pessoas faziam isso com Natanael. Faziam com que ele fosse visto. O garoto não tinha controle nenhum sobre uma lenda que começará antes mesmo dele crescer e ter consciência. Também não tinha controle sobre a sombra que reproduziam em sua história, mas Ícaro não queria saber disso. Para Natanael, ele era exatamente como ele. Ponto final.

Ele desviou o olhar para a janela. Eram quase onze horas da noite e as luzes ainda estavam ligadas na cidade. Lojas, tapeçarias, mercados, bares. Um grupo de crianças gritava próximo ao portão da Residência do Governador e Saulo as encarou, hipnotizado. Quando era só um garoto nunca tinha passado tanto tempo assim na rua. Os pais eram tão protetores. E ele mesmo se tornara tão protetor com os próprios filhos. O bom daquilo tudo é que ele havia se transformado no maior líder da cidade, mas se aquilo era tão bom por que estava olhando tão vagarosamente lá para fora? Será que queria começar uma nova paleta de cores?

Ele ouviu o grito de um dos generais de longe.

- Governador, governador!

Ele emitiu algo uníssono antes mesmo do general Tench abrir as portas. Adentrou a sala, olhou em volta como se o cubículo do líder da cidade fosse tão grande assim e o achou parado na janela com a testa franzida para a tela cheia de cores que só podiam ser a LEAF, certo?

- Governador...

- Qui é? - O som uníssono ameaçou sair pela boca novamente.

O general Tench nada disse. Apenas encarou a tela como se nunca tivesse visto um desenho na vida.

- Qui é, caramba?!

- Governador, é-é o Natanael...

Saulo ficou lívido. Pensou em Ícaro, pensou em suas ideias malucas recentes e naquelas histórias. Que talvez não fossem apenas histórias assim, afinal de contas...

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⏰ Last updated: Dec 24, 2019 ⏰

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