Capítulo 17

4.6K 142 158
                                    


Feliz Natal a todos! Uma noite de paz e alegria para todos vocês! Beijos!


*********************************************************************


  Uma semana para o casamento e Padre Arnaldo tinha chegado. Reparei no homem austero, de figura magra e óculos, com cabelos apenas ao redor da cabeça e vi que minha vida não se tornaria mais fácil com aquela pessoa por ali.

Ele não se refutou em andar pela casa inspecionando tudo com olhar severo e muitas vezes reprovador. Não sei o que ele podia reprovar, uma vez que a casa da fazenda era em estilo colonial e guardava muitas coisas de época, inclusive artigos religiosos. Existia até mesmo um pequeno altar em um canto da casa, onde uma imagem de Nossa Senhora da Conceição estava lá. Edgar tinha me explicado que as mulheres da família eram devotas a ela e que eu passaria a ser também.

— Quantas vezes por dia sua noiva reza, Edgar?

Eu estava de pé, atrás da cadeira de Edgar, onde ele disse que eu deveria ficar, pronta para atender as necessidades dele e do padre. Ouvi a pergunta com interesse, porque desde que fui para aquela casa Edgar nunca havia falado nada sobre rezar.

Percebi que Edgar tinha ficado incomodado com a pergunta. Observei atentamente porque nunca tinha visto ele daquele jeito, o que significava que Padre Arnaldo era uma pessoa importante para ele.

— Nunca, eu acho. – ele respondeu a contra—gosto.

Padre Arnaldo deixou o talher cair no prato, fazendo barulho. Eu dei um pulo pelo susto.

— Você só pode estar brincando comigo, não Edgar?! Como você nunca exigiu isso dela? Que mulher virtuosa você espera ter assim?

— Ela está sendo educada como tal padre.

— Está sendo, mas o temor a Deus você ainda não ensinou pelo visto!

— Não tive tempo. O senhor sabe como sou ocupado. Afinal, para fazer as doações que faço é necessário que eu trabalhe.

Padre Arnaldo se remexeu na cadeira inquieto e não fez nenhum comentário.

— Mas é bom que isso não continue mais. Agora que eu estou aqui, vou pessoalmente cuidar disso. Uma mulher temente a Deus e submissa ao marido é a base da família que a igreja espera ver. E você Edgar, deve ficar atento a isso.

— O senhor pode fazer o que achar necessário, padre.

— Moça - eu levantei o rosto e olhei para ele – Eu quero você no oratório todas às seis da manhã e às seis da tarde para rezarmos o terço. Fora isso, vou dar aulas para você depois que rezarmos o terço à tarde para ver como está o seu conhecimento da Bíblia.

— Sim, senhor, padre. — eu disse baixinho. Olhei de relance para Edgar que não parecia muito feliz com isso, mas permaneceu calado.

Eles voltaram a conversar sobre outros assuntos e eu permaneci de pé sem prestar atenção. Eu nunca havia sido uma pessoa religiosa, mas ao que parecia, passaria a ser. Ou até que o padre permanecesse aqui. Tinha minhas dúvidas que Edgar fosse querer que eu continuasse com isso depois que padre Arnaldo fosse embora.

*******************************************************************

Eu passei a fazer o que o padre mandou e todos os dias estava lá cedinho para rezar o terço ou no final do dia. A hora da catequese era pior: padre Arnaldo era muito rígido e na menor falha em minhas resposta ele me acertava nas mãos com uma pequena vareta de bambu.

Um Mergulho na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora