Capítulo 1

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Meu nome é Vânia e vou contar aqui a minha história.

Provavelmente você já ouviu isso milhares de vezes. Não culpo você. Mas minha história talvez seja especial. Talvez você pare um pouco no seu dia, leia, e se surpreenda com o que vou contar. Talvez você se choque, ou ria e não acredite que seja real. Talvez você se revolte, como eu me revoltaria se ouvisse e achasse um absurdo algo assim num mundo moderno como hoje. Mas isso foi em outros tempos. Hoje, eu sei que a vida não é preto no branco como eu pensava. Existe nuances e sobretudo, existe a escuridão e as sombras.

Mas a escuridão existe para que a luz possa surgir e reinar.

Essa é a minha história, e se você tiver coragem e estômago, e quem sabe, se despir de alguns preconceitos e "verdades", talvez te abra os olhos para também descobrir a sua própria essência.

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    Eu amava o Leblon

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    Eu amava o Leblon. O bairro para mim era o mundo todo num só lugar. Óbvio, eu andava pela cidade toda, mas muito mais obrigada pelo trabalho que pelo prazer. Prazer para mim, era andar e fazer tudo o que eu queria pelo Leblon.

    Eu sou uma jornalista, no início dos 40 (mas com cara de 30 e poucos. Rs!), trabalho, hoje, numa grande revista feminina brasileira com sede na França. Amo o que faço! Conheci muitas pessoas interessantes através dele, e outras nem tanto. No início da carreira, trabalhei em jornais e corri muito atrás. Ralei muito. Hoje, tenho uma vida estável. Não casei e nem tive filhos. Morei junto com alguns namorados, mas depois descobri que não sabia (ou não gostava) de dividir meu espaço com ninguém. Então parti para os relacionamentos em que cada um ficava na sua casa mesmo. Moro num edifício que faz parte de um conjunto muito conhecido aqui no bairro, chamado Selva de Pedra, por se tratar de um conjunto de 40 edifícios construídos nos anos 70, para a classe média carioca. Na época, recebeu esse apelido por causa de uma novela de Janete Clair, que fez muito sucesso. Meus pais compraram um apartamento de dois quartos em um desses edifícios, que é o que eu moro até hoje. Sim, eu sou cria do Leblon, garota da Zona Sul do Rio, e todos os estereótipos que você quiser imaginar.

    Eu não ligo. Eu sempre me achei feliz.

    Mas ultimamente, um bichinho anda me incomodando. Não que tenha dado muita importância, acho que deva ser algo da idade, mas ainda assim, de vez em quando me bate uma melancolia, uma saudade de algo que não vivi, ou de algo que esteja perdendo. Às vezes, me pego questionando as coisas, verdades que eu acreditava absoluta.

    E foi então, que num final de tarde de uma sexta-feira qualquer, minha vida tomou um rumo completamente inesperado.

    Eu costumava frequentar as reuniões que aconteciam na Livraria Argumento, na Rua Dias Ferreira, um dos meus lugares preferidos no bairro. Essas reuniões falavam de tudo: comportamento, lançamentos literários, filosofia, psicologia e neurociência. Eu amava esses dias. Os frequentadores variavam um pouco, mas assim como eu, tinha alguns que eram assíduos.

Um Mergulho na EscuridãoOnde histórias criam vida. Descubra agora