sexto.

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TW: Suicídio explicito.

24/12/20
7:30 PM ── Seul.

A solidão é como um parasita

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A solidão é como um parasita.

Ela entra em você silenciosamente e devora tudo que pode, e você, só consegue notar que tudo está perdido quando sente o vazio no peito. Jung Hoseok estava assim e o parasita que havia entrado em si, havia feito um enorme estrago. Restavam poucas coisas, poucos sentimentos. Sentia-se quase oco.

Com o corpo fraco por falta de uma boa alimentação, caminhou até sua mesa de trabalho e procurou no meio de inúmeros papéis um calendário, riscou mais uma data com a caneta vermelha. Seis dias. Havia seis dias que a morte não aparecia. Era solitário demais.

Os últimos dias haviam sido tão bons ao lado do garoto. Haviam preparado um piquenique e no dia seguinte, depois de Taehyung dizer que gostava de parques de diversões, o levou até um. Subiram na montanha russa e gritaram até ficarem roucos. Foram na roda gigante e ficaram de mãos dadas. Todos achavam estranho o ruivo que andava com um cilindro de oxigênio e ria supostamente para ninguém.

Hoseok demorou a perceber que fazia meses desde o dia em que havia conhecido Taehyung. Na cafeteria, enquanto ele o olhava como uma jóia rara. Fazia meses que a morte estava cuidando dele, cuidando para que ele não se sentisse tão solitário e perdido. Escutando suas lamúrias e dramas noturnos. A morte havia se tornado sua amiga.

── Obrigado por cuidar de mim, Kim. ── pediu em uma das noites que estava cansado da vida que levava. Taehyung espremeu os lábios, se sentindo preocupado, tentou não demonstrar enquanto fazia cafuné nos fios desbotados e escassos. Hoseok agora passava maior parte do tempo com boné ou lenços. Metade dos seus fios havia caído. Toda manhã um punhado de cabelo ficava preso em seu travesseiro.

Encarando o sexto dia riscado em vermelho Hoseok não conseguia parar de pensar que talvez a morte houvesse cansado de si. Da sua carência extrema, assim como seus outros amigos. Em menção deles, Jimin e Jeongguk estavam viajando e fazia uma semana que ligavam todos os dias para perguntar como tudo estava indo. Hoseok sorria e dizia que tudo estava ótimo, que estava se alimentando bem e se cuidando, mas, na verdade tudo que comia era macarrão instantâneo e bolo de chocolate. Kim Seokjin e Namjoon não tornaram a aparecer, somente uma vez para dizerem que haviam começado o discurso que o ruivo tanto queria. Depois, não veio mais notícias e nem discurso.

Era o sexto dia que estava sozinho e havia prometido para si que não passaria do sexto dia, que este seria o último. Finalmente o último. Estava sinceramente aliviado. Hoseok abriu as cortinas e sorriu pequeno ao ver a neve caindo e acumulando na rua onde as casas estavam todas enfeitadas, a sua não estava diferente. Na porta e nas janelas, as luzes vermelhas piscavam alegremente, a única coisa diferente é que dentro daquelas casas as famílias estavam unidas e felizes.

Ele estava sozinho e nada feliz. Dirigiu-se até o banheiro, onde começou a encher a banheira com água. Abriu o armário bege do banheiro e de lá tirou uma lâmina pequena e afiada. Só assim o natal poderia ser bonito, somente em seus sonhos profundos e eternos. Hoseok não tirou suas roupas, permaneceu com a camiseta branca e com a calça de moletom. Ao entrar na água quente, seu corpo não conseguiu relaxar como sempre fazia.

vermelho e azul || vhope || Livro 01.Onde histórias criam vida. Descubra agora