Capítulo 2 - O Acordo

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   A luz da lanterna se apaga, minha visão tenta se acostumar com o escuro, tento me desamarrar, mas as cordas foram bem apertadas.

Quando foco, vejo a pessoa que estava em meus pensamentos durante aquela manhã, é ela sem duvida é ela.
— Você se lembra de mim? — ela pergunta colocando nos rostos tão próximos que se eu não a reconhecesse seria um idiota.
— Como iria esquecer a menina que me atormentava na minha infância.

Ela ri dramaticamente como se fosse uma piada.
— Velhos tempos, tenho saudades daquela época.
Viro os olhos para ela, e penso — como eu odiava ela, e parece que esse sentimento ainda persiste em me atormentar.

— Pietro , você deve estar ciente do acordo de nossos pais, não está?
— Sim eu estou, mas não quero levar isso adiante — tento parecer ter mais autoridade do que ela.
— E você acha que eu quero passar o resto da minha vida com um idiota como você.

Me irrito, mas tento manter a postura, mesmo estando amarrado — Você vai me soltar quando?
— Quando estivermos entendidos que eu e você nunca teremos nada, e que vais fingir estar apaixonados.
Fico indignado — como assim, você concordou com tudo isso? — tento forçar a cordaa mas não consigo fazer nada para me libertar.
— Eu é quem tive a ideia, meu caro Martinelli.

Sinto ainda mais ódio, mas eu não era do tipo que me irritava fácil e penso em gritar, e seria estupido fazer isso.
— Mas por que?
Ela dá um sorrisinho malicioso para min, segura meu queixo e o inclina para cima — por que esse rostinho é tudo o que eu quero.

Sem reação fico paralisado e não digo nada, tentando raciocinar tudo o que estava acontecendo.
— Você é tão ingênuo assim? — ela começa a rir, e fico meio sem graça — eu me interesso por sua família, se eu me casasse com você teria o controle de toda a cidade e ainda acabaria com a guerra entre nossas famílias.
Eu finalmente entendo o que ela quer, ate por que Rita sempre foi muito gananciosa. Quando éramos crianças, ela conquistou toda a escola com sua beleza e habilidade de persuasão.

— Não irei aceitar, pois se fizer isso eu não poderia ter a liberdade que tanto sonhei ter.
— Que se dane sua liberdade, o que importa que eu deixarei você em paz, e livre para fazer o que quiser depois de nos casarmos.
Fico pensativo e sem entender o que estava acontecendo, pois meu futuro estava em jogo naquele momento.

Percebendo que eu estava indeciso, ela levanta a calça e tira uma pequena faca e corta as cordas que me prendiam.
— Vamos fazer um acordo, esta bem? Eu responsabilizo de acabar com essa briga de nossos pais, e depois disso, você pode ir embora desse pais e viver sua vida — ela me encara com certeza que havia conseguido o que queria — e então, você aceita minha proposta?

Era uma oferta tentadora e mortal, mas não poderia evitar de não querer. Meu pai jamais deixaria eu ir embora, já que ele esta ficando velho e sua aposentadoria esta chegando, ela pode ser gananciosa, mas tem um bom coração.
— Por enquanto eu aceito, mas vamos levando assim por enquanto — digo com um gosto amargo, eu sabia que havia feito a pior escolha da minha vida.

— Sabia que não resistiria ao meu charme — ela diz toda empolgada, sabendo que tinha vencido. Isso me irrita, mas não iria admitir que tinha perdido para ela e tento ser o mais temível possível.
Ela me olha como se fosse superior, pois sabia como eu era, que não era perigoso e não possuía mão firme para essas coisas.
— Agora somos noivos, então somos companheiros e nos ajudaremos mutuamente, para conseguirmos o que desejamos — ela fecha o punho com convicção.
Seus olhos brilham de um calor que ele nunca havia visto antes. Ela é incrível, queria ser como ela, não nasci para ser chefe de máfia, diferente dela que aprendeu a atirar aos oitos anos.

Saímos do armário de vassouras com os cabelos bagunçados e eu o arrumo quando me deparo com Dimitri e Igor nos encarando, eles estavam mudos e sem reação.

Rita era rápida e se despediu de mim mandando um beijo para mim de longe, eu viro meu rosto vermelho de vergonha e não consigo olhar para meus guardiões.
Vou andando rapidamente assobiando como se nada houvesse acontecido.
Dentro do carro, nenhum de nos falamos nada. Dimitri atende o telefone durante o caminho ate minha casa.

Ele fala a seguinte frase — o pacote foi entregue — e eu entendo o que significava, meu desaparecimento havia sido notado e outros de minha família já estavam em minha procura.
Meu pai vai colocar toda a culpa em meus guardiões, como ele sempre fez quando eu sumia, quando criança.

Chegando à casa gigantesca e cheia de assassinos bem treinados que eu chamava de lar, entro pela porta me lembrando de todas os meus antecessores que tinham o sangue dos Martinelli.
Será que estou disposto a dar ela de bandeja para uma  maníaca ambiciosa que busca sempre o poder.
Meu pai esta em seu escritório, e vou direto a porta perdido em pensamentos sem nem saber aonde estava indo.
— Fiquei sabendo do que aconteceu, e quem dos dois vai me dar uma explicação.

Olho pelo meu ombro e vejo meus guardiões com expressões de preocupação, e não perdi tempo.
— Não foi culpa deles, eu é quem fugi deles.
— Eles são culpados de qualquer forma, Pietro.
Penso bem no que estava disposto a dizer levianamente, mas precisava proteger pessoas que não mereciam castigos sem nenhuma necessidade.
— Eu estava junto com a senhorita Rita Valentino.
Ele arregala seus olhos como seus de surpresa, coisa rara de acontecer. E faz sinal para que os meus guardiões saiam da sala.

— E você a tentou convencer a não se casar com você? — ele diz em tom arrogante.
Engulo seco ao saber que o que estava prestes a falar mudaria minha vida e viraria de cabeça para o ar.
— Pelo contrario meu pai, tomei uma decisão, apos perceber que se eu casar com a herdeira dos Valentino seria o melhor para nossa Família.

Ela abre um sorriso que nunca o vi sendo por meu motivo, ele apenas sentia esse sentimento com meu irmão. Meu pai nunca acreditou em mim, que eu poderia ser um Mafioso como ele, então nunca fui seu filho preferido.
— Estou surpreso com você meu filho, não esperava isso de você.
Fico irritado com aquilo, mas tento forçar um sorriso de satisfação.

— Essa noticia combina perfeitamente com a que eu estava a lhe dizer, que terá um jantar hoje a noite, e seremos apresentados uns aos outros formalmente, isso será perfeito para vocês se conhecerem melhor.

Agora quem estava surpreso era eu, as coisas estavam saindo do meu controle, estava avançando muito rápido.
— Vá tomar um banho, hoje a noite será incrível.
Nunca tinha visto meu pai tão empolgado na minha vida antes.


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Espero que gostem do que desse capitulo, fiz ele muito focado que o próximo capitulo será eletrizante.
Curtam e comentem se gostarem do capítulo, isso ajuda e motiva muito nós escritores.

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