Uma verdadeira surpresa

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–Algo mudou este último mês. Estamos na penúltima semana de fevereiro, mas para mim, dias, horas, minutos, segundos, na disso importa mais. Eu vivia a vida com muita velocidade, era sempre apressado, tentando aproveitar o máximo que podia, pra não morrer sem realizações. Mas, de todas as grandes coisas que eu gostaria de ter, essa é especial. Eu e ele finalmente... Estamos juntos! Eu nem podia imaginar, como algo tão incrível poderia acontecer? Minhas pernas ficam bambas só de pensar nisso, nunca senti algo tão incrível e... - virando para trás, Vênus vê estela lendo o que ele tinha escrito.
–Olha... É profundo tudo isso e talz, mas ainda não entendi nem metade do que você quis dizer nesse último trecho.
–Esthela?! O q você ta fazendo lendo meu livro? Não sabe o que significa privacidade?
–Ah, desculpa, é que me deu curiosidade, tu tava dando risadinhas e fazendo suas caras meio malucas de novo.
–Vai se ferrar, e pra sua informação, eu já sou louco.
–Hehe. – ela olhou atentamente de novo o último parágrafo – Ta, me explica ai, o que é isso?
–É a fic yaoi que eu e a Nancy estamos escrevendo.
–Awn, que fofinhos! Significa que vocês se acertaram!
–É isso ai. E tem mais, eu não sei se é atoa, mas...
–Eu acho que to começando a gostando disso... – disse Nancy para Marita.
–Aaaa, que fofinha! – respondeu Marita – Sempre shippei vcs dois  –Na verdade, ela sempre shippou ela com o Robson.
–O que você acha disso? – perguntou Vênus para Esthela.
–Bom... Pode ser que de certo!
–E você acha que a gente combina? - perguntou Nancy.
–Olha, eu acho que não... – Respondeu Marita.
–Sério?! – perguntaram Nancy e Vênus em unisolo.
–Sim! – responderam em unisolo.
–Então... Acha que eu deveria tentar? – perguntaram ambos?
–Isso vai de você e do que sente no seu coração – responderam as duas.
–Valeu pela dica Esthela!
–Obrigado pelo conselho Marita!

  E quando se deram conta, ambos estavam se olhando, com a mesma cara de surpresa. Automaticamente, ficaram corados, e decidiram virar para qualquer outro lado, pra disfarçar, mas não funcionou, eles ainda se sentiam conectados por aquela energia maluca que lhes movia um em direção ao outro. Acabaram finalmente desistindo de evitar, e ficaram se admirando por um tempo, com aquelas caras abobalhadas, como alguém que viu a torre Eiffel de perto pela primeira vez, ou voou de avião e se impressionou com a vista do céu tão de perto no por do sol.
  As provas estavam se aproximando, e todos tentavam se focar ao máximo, tirando duvidas e se esforçando com os exercícios. Pra piorar o que já não era bom, ainda havia os trabalhos, e esses eram sempre um mais difícil que o outro. Por sorte, os professores faziam em dupla ou grupo, para que o tempo fosse a favor deles. O fato era que agora, ambos queriam uma oportunidade para ficarem mais próximos, e não sendo por isso, ela veio.

–Olha só – Começou a professora de artes, que parecia uma panela de pressão descontrolada soltando fumaça como a petroquímica – Oh moleque, vai sentar no seu lugar, não mandei ninguém ficar de pé! – e apontou para o menino sentar – É o seguinte, eu quero que vocês me façam um quadro das cores secundárias, tem que ser de tinta acrílica e papel Paraná, e é em dupla.

  Seus olhares se entrelaçaram com um brilho quase indefinido, parecia o eclipse perfeito de dois sóis e duas luas mistas, algo quase mágico de tão belo. Vênus não hesitou nem um segundo, e passou rapidamente da sua carteira para a dela.

–Me diz que pensou a mesma coisa – disse com euforia.
–Pode ser – respondeu o garoto um sorriso.
–Mas... Eu ia fazer com ela... – pensou Marita – A gente sempre foi de fazer juntas, porque agora ela quer fazer com ele? O que deu nela? Será que... Agora eu sou só mais uma na vida dela? – um sentimento misto de raiva e tristeza passou na garota, mas a mesma se conteve. – Não. Eu devo ficar alegre por ela estar com quem gosta. Se ela esta feliz, também vou estar.

  Ambos começaram a idealizar o desenho, tinham muitas opções e possibilidades de sobra para começar o que quer que fosse aquilo. Como estavam na mesma cadeira, era difícil não ficarem próximos um do outro, o que mantinha o vermelho nos rostos vivo e aparente. De repente, Vênus começou a dar risada.

Doce OrgulhoOnde histórias criam vida. Descubra agora