Capítulo 4

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Victoria pensou em ligar. Já havia passado um tempo. Talvez Eli tivesse esquecido do seu vexame no jantar de noivado. Ou talvez não. Mais uma vez ela deixou o celular de lado. Não tinha coragem de ligar e fingir que nada aconteceu. E ele provavelmente estaria ocupado com os preparativos para o casamento.

Ela se jogou no sofá, tédio! Nada para fazer.

Sua tinha chegou acompanhada do Sr. Jones, com várias sacolas. Parece que iria comer mais coisas verdes. Suspirou.

O porteiro se despediu após colocar as sacolas sobre a mesa, e saiu. E ela foi observar sua tia cozinhar.

— O Sr. Jones parece interessado — disse vasculhando uma sacola, a procura de uma maçã. Encontrando-a deu uma mordida.

— Bobagem, ele só estava sendo solícito. — sua tia respondeu.

— Por quê? Ele não pode se apaixonar por uma mulher mais velha? — Vic alfinetou. E sorriu da careta da sua tia.

— Não tenho tempo para namorar. Tenho que cuidar de você.

— Não me use de desculpa. Se ele te convidar para sair, vá!

— Ok, ok — a mulher se rendeu. Ela mexia nas panelas e utensílios. — Mas ele não vai me convidar. Não me conhece.

— Aposto que vai. — Vic riu. E continuou comendo a maçã.

— Certo srta. Vidente — sua tia desdenhou. — Por que não me ajuda a fazer o jantar?

— O médico disse que tenho que fazer repouso total.

Sua tia lhe lançou um pano de prato. E riu da sua resposta fajuta.

— Agora está doente né? Trapaceira — disse em meio a risadas. — Já tomou seus remédios?

— Sim senhora — ela bateu continência.

A mulher continuou rindo, mas não insistiu por ajuda, sabia que Vic era uma derrota na cozinha. Provavelmente queimaria a água.

Victoria aproveitou para conferir as atualizações sobre Elijah. Ele tinha passado o final de semana com Helen e os pais dela. Ela tinha postado a foto e marcado ele.

Por que ela estava se torturando? Vic encarou a foto deles. Será que Elijah também sentiu saudade dela?

— Está pensando nele? — Cindy perguntou.

— Sinto saudades — Vic murmurou. E então percebeu o que tinha acabado de falar. — Como sabia que eu estava pensando em alguém?

— Volta surpresa para casa, perguntas sobre amor, e suspiros enquanto olha o celular. — Cindy enumerou. — Precisa que eu diga mais alguma coisa? Está na cara que gosta de alguém. Quem é ele?

— Estou apaixonada pelo Elijah, mas ele vai se casar — ela suspirou.

— E por isso, não vai dizer o que sente? Primeiro, que você já está atrasada. Segundo, melhor antes do casamento, do que depois. — Cindy as vezes era tão direta.

Viu cogitou a ideia. Ela já estava sem Elijah mesmo. Qual o problema de se declarar.

Ela correu para o quarto.

— Não corra! — Cindy gritou.

Ela procurou uma roupa. Ela não podia desistir de Elijah. Daniel lhe dissera que ela era a mulher ideal para seu filho. Só tinha que provar isso para ele.

Cindy não deixou ela sair sem almoçar. Victoria não se importou, se sentia revigorada. Ainda havia uma chance não é?!

Foi tudo tão rápido, quando viu estava em frente ao prédio dele. Pensou que teria que ser anunciada, mas o porteiro ainda a conhecia e a deixou subir. Ela estava tão eufórica. Finalmente o veria depois de tanto tempo.

Assim que as portas se abriram, ela viu Helen e Elijah abraçados no corredor. Estavam em frente ao apartamento dele.

— Sabe que eu te amo Helen, não quero mais brigar com você! Somos um par. — Elijah disse sobre a cabeça de Helen. Ela apoiou o rosto em seu peito.

É tarde! Muito tarde! Victoria pensou.

Ela ia se virar para ir embora, mas Helen a viu primeiro.

— Victoria? — Helen exclamou num misto de choque e raiva.

Elijah olhou para ela. Vic só queria sumir dali, estava sempre atrasada. Não tinha mais direito a dizer nada. Seu tempo passou. E ela viu Elijah arregalar os olhos surpreso. E então correu. O elevador não chegaria a tempo, pegou as escadas. Dois degraus por vez. Descia o mais rápido que podia.

Ela sentiu o fôlego sumindo, a respiração se tomando pesada, as pernas tremiam. Ela se apoiou no corrimão. Mas não conseguia se manter de pé. Caiu sentada nos degraus. Suava. Ela deu vazão as lágrimas, soluços e tosse, estava sufocando. Não conseguia respirar. Ela tentava se acalmar. Mas o peito doía. Não podia morrer ali! Tia Cindy se magoaria.

Ela pegou o celular, mas este caiu de suas mão trêmulas. Não sabia se era capaz  de alcançá-lo. Mas precisava. Rastejou pelos degraus até alcançar o celular. Discou o número de Cindy.

— Tia Cindy — ela murmurava. — Preciso de ajuda, vem me encontrar? —  Vic suplicou. Ela gemeu ao ouvir a voz desesperada de Cindy. Ela passou o endereço, mas não sabia dizer em que andar estava.

Não queria morrer! Por favor, me deixe viver!

A dor era tanta, que desmaiou.

Cindy chegou junto com uma ambulância, pessoas se juntaram próxima a saída. Queriam saber quem estava sendo levado. O que havia acontecido. Mas ela só queria salvar a única família que lhe restou. Victoria parecia tão frágil e sem vida. Estava com medo de perdê-la.

Helen e Elijah viram a ambulância transportando o corpo pálido de Victoria, ela sabia que mesmo se pedisse não conseguirei impedi-lo de acompanhá-la. Então aceitou as ações dele sem reclamar.

Ele reconheceu a tia Cindy de Victoria, a tinha visto a muitos anos atrás, mas ela permanecia igual aparentemente. Ele foi ao lado dela até o hospital. Precisava entender o que acontecia com Vic. Ela parecia tão mal.

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