Capítulo 7

4.2K 339 9
                                    

Victoria estava sentada próxima a janela, olhando para fora, de costas para a porta.

— A senhorita já pode sair da cama? — Elijah perguntou assim que entrou.

Vic se virou assustada encarando Eli.

— Eli! — Ela tentou se levantar da cadeira.

— Não, eu vou até você — disse impedindo-a de continuar. Ele colocou sua maleta sobre a cama e caminhou até ela.

Vic ficou encarando ele, sentia tanta saudade. Ele a envolveu em um abraço, apertando-a com carinho. Ela sentia falta daquilo. De estar com ele.

— Você me assustou — ele confessou. Com um braço em volta da cintura dela a mantinha em seu abraço, o outro; a outra mão acariciava seu rosto. Eli já abraçara assim antes. Mas dessa vez era diferente.
O polegar dele fazia voltas em sua bochecha, e ele a encarava como se fosse algo de muito valor. Vic se sentia tão bem.

Mas o momento foi interrompido por alguém limpando a garganta, típico sinal de que a pessoa queria se fazer presente.

— Bom dia Victoria, senhor Barnes — o médico o conhecia da outra noite. — Acho que não fui claro o suficiente ao dizer que devia ficar deitada — ele se direcionou a Vic.

Ela murmurou um desculpe, e se afastou de Eli. Será que ela achava mesmo que iria ficar andando sozinha para todo lado?

Eli não deixou ela ir muito longe, a pegou no colo, a erguendo do chão com cuidado, não queria assustá-la. Ela se segurou no pescoço dele. Estava muito envergonhada. Elijah a pousou na cama, ajeitando seu travesseiro e tirando suas coisas da onde tinha jogado. Ele a conhecia bem demais, para saber que ela estava constrangida.

— Nada de ficar caminhando pelo hospital, entendido? — o médico a tratava como uma criancinha, e isso a deixou mais sem graça ainda. — Seu coração pode não suportar qualquer exercício mais simples. Então se precisar de algo, peça a alguma enfermeira.

Vic balançou a cabeça concordando.

— Como se sente? — Dr. John lia seu prontuário. — Algum desconforto ainda?

Elijah lhe olhava com atenção. Aquilo a deixava nervosa e ansiosa.
— Não, não sinto mais nada — ela respondeu.

— Isso é bom — O médico lhe sorriu. — O Sr. Barnes será seu acompanhante? Preciso saber.

— Sim, serei. — Elijah se adiantou. O que ele estava fazendo? Ela pensava.

— Ótimo, assim sua tia poderá descansar também — O médico se aproximou da cama, e avisou que iria ouvir seus batimentos cardíacos. Ele lhe mandava contar até 10, e inspirar e expirar. Tudo sobre o olhar de Eli.

— Como ela está? — perguntou Eli.

— Vamos precisar realizar a operação — O médico confirmou. — Você está na fila de espera, quando surgir um coração realizaremos a operação. Então até lá, me obedeça, e não saía da cama até eu disser que pode, ouviu?

— Ok — Victoria respondeu.

— Vou visitar outros pacientes, se precisar de mim podem mandar me chamar — ele disse se despedindo.

Victoria ainda não sabia como reagir com Elijah em seu quarto. Ela devia estar uma bagunça, levou a mão aos cabelos, sua tia tinha trançado seu cabelo de manhã, mas os fios estavam se soltando.

— Não está tão ruim assim — Elijah disse se sentando na cama. Ele conseguia entender o que ela pensava, só de ver sua feição. Ele tocou a trança dela. — Você está bonitinha, parece como quando era adolescente.

— Você não consegue me enganar — Vic respondeu. — Devo estar uma bagunça.

— Uma bagunça bem fofinha — ele teimou. — Nunca mais faça isso.

— Isso o quê? Ficar doente? Acredite não era o que eu queria.

— Não, me deixar. — Elijah deixou seus cabelos e segurou sua mão. — Não sei me virar sem você.

— Bobagem — Vic desdenhou. — Você tem outras pessoas para te ajudar.

— Mas nenhuma delas é você! — Elijah apertou sua mão entre as suas. — Você faz parte de mim, sem você estou incompleto.

Será que ele tinha noção que aquela simples frase podia apresentar um significado diferente para ela? — Vic suspirou.

— Eu senti saudades — Elijah confessou.

— Eu também senti.

Ela só queria abraçar ele bem forte, e se sentir segura de novo. Eli tinha esse poder sobre ela. Bastava um abraço para saber que tudo ficaria bem.

Umas batidinhas na porta anunciaram outro visitante.

— Quem é a garota que precisa ser paparicada? — Lindy disse entrando no quarto. Ela era uma menina meiga, se é que podia dizer isso, ela tinha 33 anos; e também estava noiva, ia se casar em algumas semanas. Ela era baixinha e de cabelos pretos, uma cópia fiel da mãe. Enquanto Clay e Elijah se pareciam com o pai. — Clay me ligou dizendo que não estava bem, diferente de Elijah — Lindy disse o nome do irmão em um tom de reprovação.

— Estava tão preocupado, que me esqueci de avisar vocês; me desculpe, pirralha — Elijah disse quando ela se aproximou para cumprimentar ambos com beijinhos nas bochechas.

— Me respeite, sou sua irmã mais velha — ela tentava parecer imponente. Mas nunca funcionou com Eli. — Como se sente? — voltou-se para Vic. — Mamãe virá mais tarde, eu a avisei quando Clay me ligou. Acho que os dois virão juntos.

— Estou bem! — Vic a acalmou. — Só esse meu coração que está querendo aposentar. Mas ganha rei um novinho logo — Ela brincou, sabia que Lindy era muito sentimental, e não queria preocupá-la.

— Culpa do Elijah — Lindy acusou. — Ele vivia nos assustando quando éramos crianças, lembra? Eu sempre disse que acabaríamos tendo um coração fraco — ela disse com olhos marejados.

Elijah alisou as costas da irmã, que começou a chorar. Ela era uma manteiga derretida.

— Desculpe, eu é que deveria consolar você — Lindy disse a Victoria. — Vai dar tudo certo não é?

— Sim, vai — Vic confirmou, mesmo estando em dúvida.
Lindy sorriu um pouco aliviada.

Elijah ria das histórias de Lindy, ela contava sobre Ed, seu noivo; e sobre o trabalho, tudo que Vic saberia se não tivesse ido embora. Mas foi um momento prazeroso, ouvir as risadas de Victoria mesmo em um momento tão delicado como aquele.

Ao seu ladoOnde histórias criam vida. Descubra agora