Victoria estava sentada próxima a janela, olhando para fora, de costas para a porta.
— A senhorita já pode sair da cama? — Elijah perguntou assim que entrou.
Vic se virou assustada encarando Eli.
— Eli! — Ela tentou se levantar da cadeira.
— Não, eu vou até você — disse impedindo-a de continuar. Ele colocou sua maleta sobre a cama e caminhou até ela.
Vic ficou encarando ele, sentia tanta saudade. Ele a envolveu em um abraço, apertando-a com carinho. Ela sentia falta daquilo. De estar com ele.
— Você me assustou — ele confessou. Com um braço em volta da cintura dela a mantinha em seu abraço, o outro; a outra mão acariciava seu rosto. Eli já abraçara assim antes. Mas dessa vez era diferente.
O polegar dele fazia voltas em sua bochecha, e ele a encarava como se fosse algo de muito valor. Vic se sentia tão bem.Mas o momento foi interrompido por alguém limpando a garganta, típico sinal de que a pessoa queria se fazer presente.
— Bom dia Victoria, senhor Barnes — o médico o conhecia da outra noite. — Acho que não fui claro o suficiente ao dizer que devia ficar deitada — ele se direcionou a Vic.
Ela murmurou um desculpe, e se afastou de Eli. Será que ela achava mesmo que iria ficar andando sozinha para todo lado?
Eli não deixou ela ir muito longe, a pegou no colo, a erguendo do chão com cuidado, não queria assustá-la. Ela se segurou no pescoço dele. Estava muito envergonhada. Elijah a pousou na cama, ajeitando seu travesseiro e tirando suas coisas da onde tinha jogado. Ele a conhecia bem demais, para saber que ela estava constrangida.
— Nada de ficar caminhando pelo hospital, entendido? — o médico a tratava como uma criancinha, e isso a deixou mais sem graça ainda. — Seu coração pode não suportar qualquer exercício mais simples. Então se precisar de algo, peça a alguma enfermeira.
Vic balançou a cabeça concordando.
— Como se sente? — Dr. John lia seu prontuário. — Algum desconforto ainda?
Elijah lhe olhava com atenção. Aquilo a deixava nervosa e ansiosa.
— Não, não sinto mais nada — ela respondeu.— Isso é bom — O médico lhe sorriu. — O Sr. Barnes será seu acompanhante? Preciso saber.
— Sim, serei. — Elijah se adiantou. O que ele estava fazendo? Ela pensava.
— Ótimo, assim sua tia poderá descansar também — O médico se aproximou da cama, e avisou que iria ouvir seus batimentos cardíacos. Ele lhe mandava contar até 10, e inspirar e expirar. Tudo sobre o olhar de Eli.
— Como ela está? — perguntou Eli.
— Vamos precisar realizar a operação — O médico confirmou. — Você está na fila de espera, quando surgir um coração realizaremos a operação. Então até lá, me obedeça, e não saía da cama até eu disser que pode, ouviu?
— Ok — Victoria respondeu.
— Vou visitar outros pacientes, se precisar de mim podem mandar me chamar — ele disse se despedindo.
Victoria ainda não sabia como reagir com Elijah em seu quarto. Ela devia estar uma bagunça, levou a mão aos cabelos, sua tia tinha trançado seu cabelo de manhã, mas os fios estavam se soltando.
— Não está tão ruim assim — Elijah disse se sentando na cama. Ele conseguia entender o que ela pensava, só de ver sua feição. Ele tocou a trança dela. — Você está bonitinha, parece como quando era adolescente.
— Você não consegue me enganar — Vic respondeu. — Devo estar uma bagunça.
— Uma bagunça bem fofinha — ele teimou. — Nunca mais faça isso.
— Isso o quê? Ficar doente? Acredite não era o que eu queria.
— Não, me deixar. — Elijah deixou seus cabelos e segurou sua mão. — Não sei me virar sem você.
— Bobagem — Vic desdenhou. — Você tem outras pessoas para te ajudar.
— Mas nenhuma delas é você! — Elijah apertou sua mão entre as suas. — Você faz parte de mim, sem você estou incompleto.
Será que ele tinha noção que aquela simples frase podia apresentar um significado diferente para ela? — Vic suspirou.
— Eu senti saudades — Elijah confessou.
— Eu também senti.
Ela só queria abraçar ele bem forte, e se sentir segura de novo. Eli tinha esse poder sobre ela. Bastava um abraço para saber que tudo ficaria bem.
Umas batidinhas na porta anunciaram outro visitante.
— Quem é a garota que precisa ser paparicada? — Lindy disse entrando no quarto. Ela era uma menina meiga, se é que podia dizer isso, ela tinha 33 anos; e também estava noiva, ia se casar em algumas semanas. Ela era baixinha e de cabelos pretos, uma cópia fiel da mãe. Enquanto Clay e Elijah se pareciam com o pai. — Clay me ligou dizendo que não estava bem, diferente de Elijah — Lindy disse o nome do irmão em um tom de reprovação.
— Estava tão preocupado, que me esqueci de avisar vocês; me desculpe, pirralha — Elijah disse quando ela se aproximou para cumprimentar ambos com beijinhos nas bochechas.
— Me respeite, sou sua irmã mais velha — ela tentava parecer imponente. Mas nunca funcionou com Eli. — Como se sente? — voltou-se para Vic. — Mamãe virá mais tarde, eu a avisei quando Clay me ligou. Acho que os dois virão juntos.
— Estou bem! — Vic a acalmou. — Só esse meu coração que está querendo aposentar. Mas ganha rei um novinho logo — Ela brincou, sabia que Lindy era muito sentimental, e não queria preocupá-la.
— Culpa do Elijah — Lindy acusou. — Ele vivia nos assustando quando éramos crianças, lembra? Eu sempre disse que acabaríamos tendo um coração fraco — ela disse com olhos marejados.
Elijah alisou as costas da irmã, que começou a chorar. Ela era uma manteiga derretida.
— Desculpe, eu é que deveria consolar você — Lindy disse a Victoria. — Vai dar tudo certo não é?
— Sim, vai — Vic confirmou, mesmo estando em dúvida.
Lindy sorriu um pouco aliviada.Elijah ria das histórias de Lindy, ela contava sobre Ed, seu noivo; e sobre o trabalho, tudo que Vic saberia se não tivesse ido embora. Mas foi um momento prazeroso, ouvir as risadas de Victoria mesmo em um momento tão delicado como aquele.
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Ao seu lado
RomansaEla sempre foi a amiga perfeita. Em todos os momentos da vida de Elijah Barnes, Victoria Todd esteve ao seu lado. E durante todo esse tempo suprimiu seu amor unilateral, deixando Eli achar que ambos sentiam um amor fraternal um pelo outro. Conseguiu...