the Hon between us

Tomodachi?

27/12/2019

As pessoas são estranhas, Hon. Eu já disse isso outras vezes, não já? O que ela causam em outras pessoas é fascinante. A mente humana é fascinante. As emoções são fascinantes.

No momento não estou com muita paciência para montar esse tipo de reflexão, eu só quero chorar. Mas eu me recuso, então vou escrever.

Se dependesse de mim, Hon, seria tudo mais simples. Mas não é assim. Sempre há problemas, mas se não fosse assim não teria graça, certo? Errado.

O que são as emoções? As pessoas sabem o que palavras e ações causam em outras pessoas? Aparentemente não.

Isso é uma merda, Hon.

No momento eu estou mal ao ponto de não conseguir escrever direito. Não consigo ao menos me expressar aqui da forma que eu queria, por quê? Acho que agora que tudo isso está público eu me forço mesmo que inconscientemente a me expressar de forma mais elegante, limpa, clara, bonita. Mas meus pensamentos não são assim. Meus pensamentos são bagunçados, caóticos, deselegantes, dramáticos, assustadores.

Isso aqui já tem quase 200 palavras, e eu ainda não disse o que queria dizer inicialmente. Por que? Por que eu estou me justificando? Isso não se tornou o que eu esperava.

Que seja. Foda-se.

Ao meu ver, Hon, não existe nenhuma "força superior". Tudo que ocorre é resultado das ações de alguém. Ação e reação. É nisso que eu acredito. Isso é péssimo.

Por mim, tudo seria mais simples. "Simples". Tudo seria como uma conta matemática, com valores exatos e resultados exatos. Mas nunca é assim. Sempre há algo para atrapalhar, não é?

A dependência é algo muito ruim. Dependência emocional é uma das piores. Não é algo planejado. Pode ser até mesmo com alguém que você conheceu há alguns meses. Isso é péssimo. 

Você é feito de gato e sapato, jogado para todos os lados. Às vezes as pessoas nem fazem de propósito, mas ainda sim acontece. Com isso vem tudo que há de ruim. Raiva, tristeza, incapacidade, desestímulo, ciúmes.

Ah, os ciúmes. Sentimento curioso não? Eu nunca fui uma pessoa ciumenta, Hon. Até porque eu nunca me senti assim, dependente. Eu ao menos sei o porquê de isso estar acontecendo. Mas isso não importa, não é? Eu vou ter que lidar com isso de uma forma ou de outra.

Eu quero chorar, porque isso machuca. Mas eu me recuso. Nunca fui alguém ciumenta, mas em contrapartida sempre fui orgulhosa. Por fora. Por dentro não. Eu só choro por dentro, mas ninguém vê, então está tudo bem.

Eu quero gritar, porque não sei o que fazer, isso machuca. Mas não tenho onde gritar, não posso gritar, não consigo gritar. Nunca fui alguém ciumenta, mas é porque sempre reprimi o que eu sinto. Eu só grito por dentro, mas ninguém vê, então está tudo bem.

Eu quero me debater, porque é mais fácil, não sei o que fazer, isso machuca. Mas não devo me debater, me forço a aguentar, mesmo estando no meu limite. Nunca fui alguém ciumenta mas em contrapartida sempre fui escandalosa. Mesmo assim, eu só me debato por dentro, mas ninguém vê, então está tudo bem.

Eu quero sumir, mas ao mesmo tempo quero ficar. Eu só quero que acabe. Como eu lido com isso? Não consigo me afastar, não aguento mais ficar. Eu quero espernear, mas do que adianta? Eu só quero me livrar disso. Se escrever ajudasse, eu já estaria salva. Mas não ajuda, só ameniza. Socorro, Hon.

Eu tenho tanta coisa entalada que sinto que explodirei a qualquer momento. Se tudo fosse como uma conta matemática, tudo ficaria bem. Certo? Certo?

Não é culpa de ninguém, a culpa é minha. Eu deveria me controlar. Mas eu não sou um robô, Hon. Quem me dera. Eu também sinto, eu também choro, eu também quero, eu também penso, tento resolver, eu também falho. Isso é a merda de algum tipo de relacionamento unilateralmente tóxico. É horrível. Machuca. Mas provavelmente eu vou ficar calada, certo? É sempre assim. Entende como eu sou o problema? Claro que você entende, você sou eu e eu sou você. Por isso eu ainda te odeio, mas, por favor, me ajude.