Felicidade Completa

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Minha filha é linda, tem os cabelos pretos, é a cara da mãe.

Horas depois que ela nasceu, tive autorização para visitá-la, não posso pegá-la no colo, por ter nascido prematura precisará ficar uns dias na encubadora, mas só de não ver nenhum fio de aparelho ligado ao seu corpo, me tranquiliza, pois em breve poderei levá-la para casa.

Após 7 meses de apreensão finalmente hoje posso ficar totalmente tranquilo, todos os meus medos foram emboras quando a minha princesa nasceu, não posso negar, tinha tanto medo de perder as duas (a mulher que amo com todas as minhas forças e todo o meu coração e a minha princesa, que mesmo sabendo que a gravidez poderia trazer um grave risco à saúde da Shina, não consegui esconder por um só momento a felicidade que a notícia que teria outro filho me trouxe).

Sempre gostei de crianças embora não deixasse isso parecer quando tinha que ensinar as crianças (aprendizes) do santuário, é porque nessas ocasiões tinha que ser firme com elas, mostrar como um cavaleiro precisava ser sério e saber enfrentar os desafios da vida.

Lembro muito bem da primeira vez que peguei meu filho no colo, senti uma felicidade tão grande, um amor e uma conexão tão forte com ele, mas também sabia que a partir daquele momento tinha uma responsabilidade enorme, afinal eu não sabia se a Shina ficaria bem e precisava me preparar psicologicamente para dar ao meu filho todo o amor que ele precisava.

Como poderia não amar um ser que é do meu próprio sangue? Não consigo imaginar o que leva um homem a abandonar seus filhos, achar que a responsabilidade de criar as crianças é só da mãe, isso nunca passou na minha cabeça, pelo contrário, muitas vezes pensei em criar meu filho sozinho (cheguei a pensar que a Shina não aceitaria criar nosso filho), sei que enfrentaria muitas dificuldades e foi assim nos 4 meses que cuidei dele sozinho, mas nunca pensei dá-lo para alguém cuidar, mesmo que fosse só uma babá, não de jeito nenhum eu faria isso, ele é meu anjinho e precisava de mim e eu também precisava dele, só com meu filho nos braços consegui esquecer toda a dor que tive ao apaixonar-me pela Shina.

Agora olhando para a minha princesa, consigo analisar bem tudo o que passei no último ano e não consigo identificar nada que faria diferente se pudesse viver esse ano de novo.

Sei que cometi muitos erros, tratei de forma tão fria a minha cobrinha, essa é a única parte desse ano que se eu pudesse mudaria, mas tudo que diz respeito a minha filha eu deixaria do modo que aconteceu.

Fomos contra leis médicas, eles nos aconselharam a interrompermos a gravidez, sei que no início Shina também desejava isso, mas com todo o meu amor e carinho consegui fazê-la mudar de opinião, é claro que tive muito medo de cometer um erro e no final acabar só com uma das duas comigo, mas, no fundo, do meu coração, algo dizia que estava agindo corretamente, que se eu tivesse fé nos deuses e seguisse tudo que os médicos recomendassem eu teria a linda família que agora tenho.

Não posso ficar tempo perto da minha menina, mas não importo com isso, de acordo com o médico como ela tem um bom peso para um bebê que nasceu de 8 meses provavelmente precisará ficar poucos dias no hospital.

Entro no quarto em que a Shina está, sento em uma cadeira ao lado da cama e acaricio o seu rosto, sua pele é tão macia, jamais me cansarei de tocá-la, eu amo tanto essa mulher, meu amor nunca diminuiu em meio a tantas dificuldades, sinto que fui feito apenas para amar essa mulher e não tenho a menor dúvida, minha vida sem ela não tem o menor sentido.

Vejo que ela está acordando (com os remédios, dormiu a noite toda, sabia que seria assim e como estava muito cansado, fui para casa, dormir poucas horas a noite, mas bem cedo voltei para o hospital, Miho estava cuidando do meu Ravi, então podia ficar tranquilo).

Bom dia meu amor (falo passo a mão em seu rosto com muito carinho).

Bom dia loiro, onde está nossa menina?

È necessário que ela fique uns dias na encubadora, mas ela está bem de saúde e o médico falou que não demorará muito para ter alta hospitalar.

Fico muito tranquila em saber que ela está bem (fala com sinceridade).

Pego sua mão e a beijo.

Tudo dará certo, só precisamos ter calma e paciência (abro um sorriso).

O que você sempre teve de sobra e eu não, nem sei como vou cuidar dela, quando Ravi era pequeno foi você que cuidou dele (fala com voz triste).

Não fique triste querida, cuidei do nosso anjinho com todo o meu amor e agora farei o mesmo com a nossa princesinha, com o tempo irá se acostumar com os cuidados que um recém-nascido precisa (falo com muita calma e tranquilidade, durante uns 2 meses teria uma empregada em casa para me ajudar com o Ravi e não importo se tiver que passar a maior parte do tempo cuidando da minha princesinha, afinal aprendi todo o cuidado que é preciso ter com um recém-nascido e também sou bem mais paciente que a Shina, até prefiro que ela se recupere e eu fique cuidando da nossa menina).

Algumas horas depois, uma enfermeira trouxe a nossa menina para ser amamentada, como a saúde dela estava boa, podia ficar um tempo fora da encubadora e não existe leite melhor para um bebê que o materno.

Observo Shina amamentando a nossa filha, ela parece meio sem jeito de como a segurar no colo, mas sinto que vai se acostumar com isso rápido.

Não consigo entender porque muitos homens sentem nojo ao ver sua esposa amamentando, pra mim isso é tão natural, sinto muito que meu filho não pode ter esse tipo de alimento, sei a importância do leite materno para a saúde do bebê.

Quando a Shina estava doente, muitas vezes precisei sair do santuário com o meu filho e via os olhos de estranhos me discriminando sendo sempre masculinos, não sei pra que esse preconceito bobo, fui até chamado de gay, e daí se eu fosse gay não estava fazendo nada além de cuidar do meu filho, coisa que acho que deveria ser obrigação de todo pai.

Três dias depois meus amores recebem alta hospitalar, finalmente teria a minha família completa e ela é tão linda que sinto que sou abençoado pelos deuses.

Minha felicidade estava completa e nada atrapalharia de sermos felizes juntos.

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