O Quarto Selo - O Lundú Sensual Paraense

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O voo sobrevoa Belém e quando aterrissa na cidade Joana e Gustavo olham pela janela e ela diz;

- Aqui é mais uma parada que não sabemos o que vamos encontrar Gustavo, que tudo dê certo.

- Sim que dê tudo certo. - Ele aperta a mão dela.

Em um hotel no centro eles se hospedam num quarto com duas camas e uma mini cozinha. Eles escutam ao longe uma cantoria e batuques, Joana vai até a janela e olha o movimento lá embaixo na rua, todos dançam e celebram.

Ela fica encantada e diz para ele.

- É o lundú, uma dança típica e regional, é uma mistura das danças afro e indígena da região, não é lindo?

- Estou vendo que a música mexeu com você, quer descer pra ver mais de perto?

- Vamos se eu morrer amanhã morrerei feliz.

Gustavo aproxima-se de Joana e agarra seus ombros, seus olhos transtornados e sua voz baixa a assustam quando ele diz entre os dentes.

- Nunca mais diga isso ouviu, nunca mais diga que pode morrer amanhã. Nunca mais repita isso Joana, diga que não vai mais falar isso, por favor.- Ele termina a frase apertando seus ombros e fechando os olhos.

- Gustavo você está me machucando.

- Diga, por favor, diga.

- Sim, eu nunca mais direi isso, agora me solta, você está me assustando.

Ele a solta e diz;

- Você não entende, desculpa Joana não quis te machucar, nunca vou te machucar. Vamos descer?

Joana o olhou cautelosamente e diz;

- Sim, vamos.

A rua estava apinhada de pessoas e todos dançavam alegremente, Joana usava um vestido rodado acima dos joelhos e de alça, para amenizar o calor local, entrou na multidão e rodopiou, queria esquecer o último acontecimento com o amigo há alguns minutos antes, não queria admitir que estar ao lado de Gustavo a vezes era extremamente difícil, ele era solícito e gentil mas a qualquer sinal de contrariedade ele se transformava, ela devia tomar cuidado com ele e isso a preocupava. Começou a rodopiar ao som do Lundú e a sua frente estava Gustavo e outros rostos mas um lhe chamou a atenção, um homem a olhava atentamente e ela sentiu como se o conhecesse. A dança ficou mais rápida e ela rodopiava mais e mais, seu vestido florido esvoaçava e ela rodopiava no meio da roda as palmas embalavam a dança e ela sentia-se energizada, nunca sentiu essa energia esse poder musical e seu coração disparava ao toque da melodia, outras moças dançavam também e ela dançava igual, como se soubesse cada passo, mesmo sem nunca ter dançado aquela melodia típica. Dançou até a música parar e dançaria mais se houvesse som, mas eles pararam e foram beber. Joana olhou e o homem não estava mais lá, Gustavo veio ao seu encontro e seu sorriso mostrava que o velho Gustavo estava de volta.

Eles beberam algo refrescante e voltaram ao hotel, Joana entrou e foi pegar uma água no frigobar enquanto ele ia até a varanda. Ela foi até a varanda e olhou o povo lá embaixo que se dispersava, a festa seguia para outra região da cidade.

- Nossa você dançou divinamente e eu não imaginava que você dançava tão bem.

- Tão pouco eu, nunca dancei algo parecido aquilo me dominou, que estranho e foi maravilhoso!

- Mas você estava magnífica. - Gustavo engrossou a voz e se aproximou de Joana, ela conhecia aquele olhar e quando se deu conta ele a beijava. Ele estava sendo gentil e doce como na aldeia e ela estava cedendo ao beijo mas uma parte do seu consciente a alertava para não prosseguir porque não teria controle, ele a apertou tirou o copo de sua mão e colocou na mesinha próxima, enquanto a beijava mais forte.

Os Selos e o Tesouro PerdidoWhere stories live. Discover now