Os Selos e o Tesouro Perdido

A Verdade Revelada

O tempo passou e Miguel cresceu. Joana acompanhava todas as suas evoluções, o primeiro dentinho, os primeiros passos e as primeiras palavrinhas balbuciadas.

- Ele é muito travesso Paulo, será que você era assim quando pequeno?

- Acho que sim, vou perguntar a minha mãe?

- Semana que vem ela vem nos ver.

- Como assim e eu não sei de nada a mãe é minha! - Paulo riu.

- O papai só precisa saber que a vovó vem ver o Miguel e mais nada. Tudo agora gira em torno do Miguel, não é bebê?- Joana brincava com o bebê, ele estava no cercadinho na sala do apartamento.

- Tá bom já entendi.

Quando colocaram o bebê adormecido no berço horas depois ele a abraçou e beijou, quando ela estava limpando a pia na cozinha.

- Calma já vou deitar.

- Quem disse que eu quero deitar.- Paulo a abraçou por trás.

- Você senhor policial anda muito abusado, eu não acabei aqui. - Ela virou-se cheia de espuma nas mãos e ele se sujou.

- Depois arrumo pra você isso aqui, vem.- Ele pegou uma toalha de cozinha e enxugou as mão dela e ambos seguiram para o quarto.

No dia seguinte Joana estava no parquinho ao lado do condomínio e observou um senhor ao longe olhando-a, teve a impressão de conhecê-lo. Desviou o olhar e olhou para Miguel que brincava a seus pés. Um arrepio percorreu sua espinha e ligou para Paulo.

- Oi amor.

- Oi, te liguei pra escutar sua voz, não, a verdade é que estou com medo.

- O que foi?

- Estou no parquinho com o Miguel e acho que estou sendo seguida, será que estou paranoica?

- Quem está te seguindo?

- Não sei acho que vi um senhor me olhando, era um jeito estranho.

- Vou agora pro local, mas mandarei uma patrulha próxima ir até você, acalme-se.

- Está.... - Joana não terminou a frase uma pessoa bateu em sua cabeça com força enquanto o senhor do outro lado da praça sorria.

- Joana? Joana responda, Joana...

O celular cai no chão e ela também.

Duas viaturas seguidas de um carro da polícia federal chegam no parque em instantes, uma ambulância foi chamada e fazia um curativo na testa de Joana que tentava se levantar gritando:

- Meu filho, meu filho Miguel, Miguel!!! - Ela soluçava e se esperneava.

Paulo atravessou a multidão e o laço de isolamento e correu para o lado de sua amada.

- Paulo cadê nosso bebê?

- Não sei eu vou encontrá-lo.

Os policiais foram acionados e toda a área foi olhada, câmeras de segurança do local gravaram um casal saindo com um bebê e imagens anteriores mostravam que eles entraram sozinhos no parque, a criança foi identificada através de zoom que se tratava do pequeno Miguel.

O casal não foi identificado e a polícia fez um retrato falado e buscas e mais buscas não deram resultado, Miguel foi dado como sequestrado.

Há alguns quilômetros dali em um campo de aviação particular um carrinho de bebê era colocado em um jatinho particular e um casal o embalava para que parasse de chorar até que ele dormiu.

O piloto deu partida e a aeronave subiu ao vasto espaço aéreo do Brasil com destino e plano de voo internacional.

Joana desespera-se sem seu filho e Paulo não tem idéia de onde começar.

Eles buscam em todos os lugares e sem sucesso até que um dia Joana conversa com Paulo e diz:

Amor o que faremos? E o nosso bebê onde estará? As vezes penso que se o Gustavo estivesse vivo, seria ele o principal suspeito.

Joana não se martirize.

Eu tenho que te falar, talvez não tenhamos pior hora pra isso, mas quero te dizer que ele é seu filho, biológico viu, não só de coração.

Já te disse que isso não tinha importância pra mim.

Mas Paulo o que vamos fazer? Eu vou morrer se não o encontramos.- Joana chora desconsoladamente.

Calma meu amor, calma....- Paulo tenta consolar mas sabe que não há consolo para isso.

O telefone toca e ela senta para atender.

Alô, sim é ela, o quê? - Joana entra em pânico e não consegue falar. Paulo pega o telefone e escuta a atendente falar:

Alô, alô?

Oi é o Paulo o que houve?

Bom dia senhor Paulo é do setor de desaparecidos, uma criança foi deixada aqui sobre seus cuidados, acreditamos que é seu filho, o senhor pode vir aqui para confirmar?

Sim claro, me dê o endereço.

Eles saem rapidamente para o local.

Paulo algo me diz que é o nosso Miguel.

Calma Joana precisamos ir com cautela.

Eles mal estacionam e ela sai correndo para dentro do prédio, Paulo não consegue contê-la.

Joana entra desesperada e após falar seu nome e perguntar pelo Miguel, a atendente a leva para uma sala no final do corredor.

A porta se abre e ela vê no colo da assistente social um menino, seu menino, seu bebê.

A criança fala:

Mamã, mamã.- E se joga em seus braços.

Filho. - Paulo entra e vê a cena juntando-se a eles em um abraço.

Bom acho que vamos acertar as formalidades para vocês o levarem, certo?- Pergunta a assistente.

Certo, certo. - responde o pai choroso.

Ele estava com esse bilhete quando foi entregue, uma mocinha o entregou e disse que pagaram para ela fazer isso, logo depois foi embora.

O bilhete impresso em sulfite, dizia:

" Devolvemos o SEU filho. "

Paulo mandou o bilhete para verificação mas nada foi encontrado, nem digitais nem qualquer traço que pudessem identificar sua origem.

Mas lá no fundo Joana sabia, os pais de Gustavo eram os únicos que não tinham dado atenção e amor suficientes aos filho, eles eram os principais suspeitos, se tivessem feito o teste de DNA já sabiam que Miguel não era neto deles, e se arrependeram e ela guardaria esse segredo, não precisava de mais dor.

Principais Personagens

Joana- Uma estudante de história com pós-graduação em epigráfia, a ciência que estuda as inscrições históricas e também em biblioteconomia que trata dos aspectos da armazenagem e da manutenção de coleções de livros.

Gabriel- Um grande colecionador de objetos históricos, ligado ao mercado negro.

Gustavo- Um bibliotecário excêntrico e de personalidade bipolar.

Paulo- Agente da polícia federal que investiga o contrabando de peças vendidas no mercado negro.