CAPÍTULO 5

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Ao fim da aulas corri para o centro de tratamento de doentes renais. 

Ela não compareceu a Hemodiálise.

Este era o único local da cidade onde esse tratamento é feito. Fiquei sem chão.

Dirigi novamente até sua casa, estava tudo fechado. Não havia ninguém.
Fiquei lá algumas horas, quando um carro com vidros escuros entrou na garagem.
Não consegui distinguir se ela estava lá.

Olhei meu telefone. Ela não ouviu nenhum dos áudios que mandei.

— Que inferno! Eu preciso fazer alguma coisa!

Já saí da porta da casa dela tarde, eram quase 22h. Liguei o carro pra voltar pra casa, e segui pela avenida central.

Senti um mal estar muito forte. Rodei na pista e resvalei o carro no canteiro central.
Eu não tinha forças pra sair. Abri a porta e cai no chão. Eu estava fraca, sem forças. Vi algumas pessoas chegando, mas não conseguia entender o que diziam.

— A senhora sabe seu nome??

Tentei desviar da luz forte que batia no meu Olho!

— A senhora sabe seu nome?

— Claudia! Mas espera! Não estou conseguindo ver.

A luz baixou!

— Nome completo e idade?

Eu respondi. Estava numa ambulância, com soro, muito enjoada.

— O que aconteceu?

— Resgatamos a senhora caída ao lado do seu carro. És diabética?
Ingeriu algo álcoolico?

— Não... não...

— Sua glicose estava muito baixa. Poderia ter causado um acidente. Tem certeza que não é diabética e tomou remédio errado?

— Não... estou há mais de 24h sem comer.

Fui atendida na emergência. Patrícia veio me buscar com Carlinhos.

— Não digam nada por favor... Eu sei que errei...

Patricia me abraçou e me conduziu ao carro.

— Onde está meu telefone? Quero ver se ela ouviu os áudios que mandei!

— Não Claudia! Agora não! Vamos pra casa, se alimentar... depois você pensa nessa moça.

Acordei assustada de manhã. Procurei meu telefone e não vi.
Patricia tinha feito café. Estava na minha cozinha. Se ela não tivesse ido embora, nossa vida seria bem diferente... Fiquei parada olhando...

— Que foi que está me olhando? Bom dia!

— Bom dia! Estava aqui pensando na burrada que você fez na vida indo embora...

— Amor, escute... eu te amo. Sempre te amei. E sempre vou te amar. Mas eu me amo também. E a música é algo que me fascina, que gosto.  Eu tentei... bem que tentei estar aqui. Mas não podia deixar algo que amo  muito antes de você, para ficar aqui. Sei que você não entende, nem nunca entenderá. Mas é isso...

— A música sempre foi mais importante que eu não é?

Ela ficou quieta...
—Ok... não vou mais remexer nosso passado.

— Sente-se e coma! Que horas é sua aula?

— As 10h e hoje vai até a noite. Você vai ficar aqui?

— Desmarquei uns compromissos, ficarei aqui até você estar melhor, tudo bem?

Apenas sacudi a cabeça.
Hoje não seria dia de hemodiálise para Sara.
No dia seguinte, voltei a clínica, mais uma vez ela não foi. Muita angustia me dominava. Na porta da casa dela, novamente tudo parado, sem movimento.

Curiosidade (Lésbico)Onde histórias criam vida. Descubra agora