Capítulo Um

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15 de novembro de 1977

O homem bem trajado bate, delicadamente, à porta, a espera de encontrar os olhos da mulher amada. Quando abrira a porta, reconhecera por imediato o olhar que cruzara com os seus. Contida, apenas concedeu-o um belo sorriso e convidou-o para entrar, fechando a porta logo em seguida.

Marcelo Medeiros Araújo estava prestes a entrar em um grande envolvimento com Maria Luiza de Albuquerque, a mulher que o encantara à primeira vista, naquele bar de esquina na praça central da grande São Paulo.

A noite do dia 15 de novembro foi marcada por muito champagne e muita, muita felicidade. O pedido de casamento feito à Maria Luiza fora encantador, emocionando a todos.

A noite se encerrou com muito amor entre o casal.

27 de abril de 1978

Era o grande dia! O dia mais especial da vida de ambos chegara. Maria Luiza estava linda com seu clássico vestido branco que fora de sua mãe; a manga ¾ deixava seu antebraço à mostra. A mesma tinha um bracelete de prata em seu pulso direito e um colar de diamante repousado em seu colo. Marcelo usava terno e sapato social, no bolso localizado ao lado direito da parte superior da roupa, uma delicada margarida repousada; os olhos, já molhados pelas lágrimas de emoção, passearam pelo corpo de sua futura esposa ao vê-la adentrar à igreja.

Fora o dia mais feliz de suas vidas!

A lua de mel em Veneza os concedeu um bom tempo juntos, tempo que fora muito bem aproveitado com várias trocas de carícias e muitas declarações de amor da parte de ambos.

A vida do casal era tranquila, Marcelo era cardiologista, mas, mesmo com o tempo corrido, arranjava boa parte para dedicar-se apena à esposa. Já Maria Luiza lecionava História em uma universidade pública; mesmo com o recorrente preconceito da sociedade à uma mulher trabalhar fora, a moça não se importava, já que fazia o que amava. Dois anos após o casamento, Luiza descobriu que estava grávida e que o presente viria em dobro, já que três meses antes do dia mais esperados pelos futuros pais, fora descoberto que seriam gêmeos, e assim como desejado, um menino e uma menina.

Os filhos do casal – Marina e Matheus – nasceram em 29 de março de 1981, foi um dia glorioso! Estavam presentes apena os avós dos gêmeos e os parentes mais próximos dos novos pais. Tudo correra bem; as crianças já teriam entrado na escola e o casal estava muito feliz, mas houve um dia, um único dia que fora capaz de destruir e conturbar a vida do homem e dos filhos, que se consideravam as pessoas mais felizes do mundo, para sempre!

09 de setembro de 2001

Maria Luiza voltara para casa antes do horário tradicional, não se sentira muito bem na universidade e decidiu, depois de muito custo e muita insistência de todos, repousar por pelo menos umas três horas, já que logo seu cônjuge chegaria e a mesma teria que servir o jantar. A mulher, mesmo sendo muito bondosa, era turrona e teimosa; não gostava quando alguém a impunha a ordem de parar por pelo menos alguns segundos, já que também era muito elétrica, então, por isso, decidiu que não deixaria transparecer a seu marido que não estava com a saúde de ferro que sempre demonstrou ter, pois sabia que Marcelo era tão teimoso quanto e a faria repousar, e em tal circunstância, não teria escapatória.

O que a mulher não esperava era que seu marido também chegaria mais cedo de seu consultório, já que um aperto no peito não o deixava trabalhar tranquilamente.

Luiza chegou às catorze horas e assim que deixou seu corpo repousar tranquilamente no colchão de sua cama, ouviu o barulho do carro do marido estacionando na garagem; ela precisaria agir rápido, fez força para se levantar, mas seu corpo estava pesado demais, ou seriam seus braços que não tinham mais forças? Ela, de fato não sabia responder essas perguntas, tudo estava girando, seu peito doía, seu braço esquerdo formigava e seu corpo não se sustentava direito. Num impulso a mulher se levantou, a dor no peito era insistente e a última coisa que viu foi seu marido adentrar ao quarto, fechando seus olhos e repousando em um sono longo e profundo.

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