Capítulo 4

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Eu só queria trabalhar concentrado, foi a primeira coisa que comentei pela manhã com o Rafael. Falei com jeito, por mais que eu pareça um cavalo às vezes para muitas pessoas.

— Só sei de uma coisa. O André começou de novo a mandar post de bom dia, boa noite e perguntar como eu tô. Acho que ficou com ciúme de você, Dani.

— Eu sabia. — penso em voz alta sobre o que eu já me preveni mentalmente antes.

— O quê?

Cortei o Rafa em várias tentativas de entrar com o assunto EX. Passamos uns dias falando pouco e como isso foi ótimo para que eu produzisse. Trabalhei muito e Rafinha magoado perguntava pelo skype o que eu tinha, se eu estava bem e dizendo que estava preocupado comigo. Eu respondi economicamente que estava concentrado nas minhas coisas. Assim foi bom pra desencorajar os assuntos.

Novos assuntos, eu digo. 

Elenice a amiga que encontrei na festa comentou que o André perguntou coisas do tipo:

— E esse daí? (referindo-se a mim quando eu virei as costas)

— Amigo do Rafael. E da Nice aqui. É super gente fina, só meio fechadão. Não se mistura muito.

— Nada a ver com o Rafinha então.

— É... só que hoje o Rafa tá bem diferente. Antes gostava mais de sair pra tudo que é lado. Todas as reuniões que fazíamos, ele aparecia. 

— Mas não foi sempre assim. Quando comecei a sair com ele, era um saco. Sempre arrumava desculpas.

— Tadinho. Ele é um querido.

— Sempre foi, mas ele tá em outra.

— Não, cara, aquele Danilo não é nada dele... só amigo.

— Trabalha junto? Onde? O que eles fazem?

Nice comentou que ele fez várias perguntas e pelo jeito deve ter achado interessante o novo Rafael, que tenho impressão de ser o mesmo que ele conheceu.

Rafinha de certo amaria se iludir novamente e isso para sentir-se poderoso, desejável e para achar que tinha algum poder de pisar no coração do ex. Por não nutrir algo sexual/romântico pelo meu amigo eu não senti ciúme dele, mas quando eu imaginava aquele homão bonito (que eu desejava ultrasecretamente) querendo Rafa de volta, eu me sentia mal e ainda mais insignificante. Se eu já era fechado, imaginem só se com esse segredo doentio, na minha opinião, eu me abriria.

*

Acontece que antes do Natal de 2018 o patrão ofereceu algum tipo de bônus ao Rafael que aceitou retornar ao seu setor e a mim também para que eu mantivesse as pontas até terminar o fervo dos turistas. Sequer tive tempo de trocar uma ideia com Rafinha sobre o assunto e nossos horários não fecharam mais, foi tudo tão rápido como reviravolta de filme de ação. Eu senti uma culpa fodida e pensei que ele estivesse magoado comigo por algo ou pensando que comentei com alguém sobre seu desempenho não tão excelente no meu setor. Nos evitamos umas duas semanas e por isso e eu pressenti que ele tivesse voltado com seu ex.

Então, vez ou outra o Davi aparecia e me ajudava um pouco, depois remanejaram um colega de uma da filiais para ficar definitivamente na matriz me ajudando e por aqueles dias na virada de 2018 para 2019, Rafael me mandou mensagem perguntando se eu o tinha perdoado pelo que ele fez. Liguei imediatamente e o convidei pra tomar um suco, perto das dez horas da noite, que se empolgou e radiante foi comigo para a beira da praia na cidade vizinha.

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