Capítulo 6

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No domingo acordei com dor no corpo, mau humor (normal isso) e fome. Rafael acordou sorrindo, comentou que estava se mijando e que o corpo doía. Que diferença!

Parecendo um namorado, ele tentava o tempo todo fazer coisas com as quais não estou acostumado, como exemplo ele queria saber se meu corpo estava doendo, se eu tinha comido o suficiente, se eu queria ir pra casa, me cercou de cuidado e me arrancou daquele lugar, então com vontade de ficar a sós. Almoçamos a caminho de nossa cidade e à tarde ele quis ficar colado em mim.

Não que fosse ruim, mas acho que ele queria um namorado, e eu ainda não tinha certeza.

Minha mãe não trabalhou naquele final de semana, na casa dele tinha visitas, só nos restou um lugar onde desse para conversar tranquilo sem precisar apelar para intimidades que eu não sentia despertar a menos que ele me beijasse ou roçasse seu corpo no meu.

Sei que eu demoro a entregar meu coração, pois quando o entrego é na totalidade.

E de novo seu papo sobre signo diz que signos de terra são pessoas muito pé no chão.

— Tenho os pés enterrados no chão então. — brinco — Na verdade minha cabeça pensa em mil possibilidades antes de dar um passo. Então também penso pra caramba.

— Isso é normal. Eu ainda não entendi o que tô sentindo por ti. Imagina você então. — ele me confessa.

— Eu tenho um medo fodido de acabar me apaixonando.

— O ser humano precisa ter medo pra viver. Mas precisa de outras coisas também.

E no elevador de um prédio quando me prostro em sua frente, percebo os pelos do seu braço eriçando, suas mãos espalmam em meu peito e o apertam, então o beijo, mas um beijo contido e que recebe um protesto dele no final.

— Por enquanto só beijinho. — eu digo e ele sussurra que tá um pouco "quente".

— Deixa eu te pegar de jeito. Vai ver do que o caranguejo é capaz.

— Não creio nessas coisas.

E ele acha graça como sempre. Diz que sou reservado, desconfiado e difícil. Legítimo homem de Capricórnio.

Sei lá se isso rege alguma coisa. Sei que não sou muito fácil de capturar, pois tenho vários receios. Um pé atrás com tudo e não me vejo nessas conversinhas de signo que ele adora. Mas o adoro assim mesmo. Meu amigo em primeiro lugar e não quero perder a amizade, já que ela é mais enraizada que esse namorico que tá mal começando. Não trocaria uma coisa por outra.

O problema é desviar da artilharia pesada do Rafa que dia sim e dia também me trás algo para o café, algo FIT e me obriga abrir a mão fechada que sempre tive pra devolver os agradinhos, mesmo que seja uma maçã, um bolinho de banana com granola, um iogurte ou só:

— Bom dia pessoa linda!

— Ah! Oi am... Dani!

Ele fica feliz em me ver de surpresa em seu setor, mesmo que seja uma passada relâmpago só pra dizer esse oi e quase ouvir uma palavra que a mim (chato, eu sei) parece muito precipitada.

E o mais incrível. Ele mandou-me um texto gigante elogiando o que fiz, disse que quando resolvo fazer algo pra agradar alguém, consigo surpreender muito. Ele nem esperava que eu fosse lhe dar um "olá" e que foi super importante para seu dia que não estava muito bom.

Rafinha fazia coisas para que eu sentisse vontade de estar perto dele e por aqueles dias mesmo, combinamos de nos encontrar mais vezes durante a semana. Por mais apaixonado que fosse por encontro com amigos, ele fazia tudo o que podia para ficar comigo e as coisas que eu gostava, em geral sempre atento aos meus gostos. Um caranguejo a cutucar a cabra como se ela se escondesse em um buraco com medo de riscos desnecessários da vida.

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