Capítulo 2 (Parte 1)

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Marla acariciava a cabeça de Nick carinhosamente enquanto observava a paisagem pela janela do ônibus. Uma mistura de sentimentos transbordava dela naquele momento, tão forte, tão intenso... 

Daquele dia em diante não haveria mais Billy, não haveria mais medo e falta de esperanças na vida dela. Estava livre. Marla estava feliz como nunca esteve antes, naquele momento.

No banco ao lado do seu estava uma adolescente de mais ou menos dezessete anos, ela tinha cabelos negros e longos e usava uma calça jeans preta rasgada juntamente com uma camiseta de alcinha bege e uma jaqueta de couro preta. Ela dormia confortavelmente quando um toque de telefone ao som de rock ecoou pelo ônibus a fazendo acordar.

A garota sacou o celular da sua mochila de forma brusca e atendeu o telefone em um tom de irritação.

— O que é? — Grita fazendo com que todos ao redor dela a lancem olhares inquisidores. — Já estou no ônibus... — Revira os olhos de maneira um tanto dramática. — Ok, já entendi, caramba...! Ok, tchau! 

Ela desliga o telefone e solta um suspiro alto. Nesse momento, Nick acorda e começa a chorar fazendo com que Marla o ajeite nos braços e abaixe a alça de sua camiseta e seu sutiã para dar de mamar a ele.

A garota ao lado a olha e dá um sorriso simpático onde é imediatamente retribuída.

"Ela parece ser boa uma pessoa"

Marla pensa consigo mesma, havia sinceridade no rosto da garota. Ela não se considerava uma pessoa que sabia julgar bem o caráter das pessoas, muito menos ler suas feições e o Billy está aí para comprovar isso, mas algo dentro dela dizia que aquela garota não era má pessoa.

— Gostei do cabelo. — A garota diz fazendo Marla ficar envergonhada.

O cabelo dela está horrível, provavelmente despenteado e todo bagunçado, mas apesar disso ela não viu um traço sequer de ironia na voz da garota. — Prazer, Mila Cross. — Ela estende a mão em sinal se cumprimento.

— Marla, é um prazer.

— E quem é essa gracinha? — Mila indaga olhando para Nick toda apaixonada.

— Esse é meu filho, Nicholas. — Responde orgulhosa e acaricia o cabelinho ralo dele.

— Anw, que amor! Ele é muito lindo.

— Obrigada! — Nesse momento, Nick se manifesta se afastando do seio da mãe e lançando um sorriso banguela em direção à Mila.

— Ai, caramba! Eu eu acho que estou apaixonada por ele! — Mila responde toda extasiada.

— Atenção! Passarei de acento em acento para conferir a passagens de vocês, então peço a cooperação de todos para que já deixem as passagens à amostra. — Um dos funcionários que estava no ônibus anuncia.

Marla ficou tensa em seu acento, ela não tinha uma passagem, havia entrado as escondidas no ônibus já que não tinha dinheiro para comprar uma e também não queria nenhum registro seu no sistema da rodoviária, já que com toda certeza desse mundo esse seria o primeiro lugar que o Billy procuraria. Ela estava com medo, assim que o funcionário visse que ela não tinha uma passagem a jogaria para fora daquele ônibus no meio do nada e aí adeus liberdade.

— Você está bem? Você ficou pálida de repente. — Mila pergunta em um tom de preocupação.

Marla estava desesperada, se saísse daquele ônibus agora o Billy a encontraria sem sombras de dúvidas, ela precisava de ajuda. Ela olhou para a garota por alguns segundos e logo teve uma ideia.

— Por favor, você precisa me ajudar... — O desespero era evidente em sua voz.

— Calma, ok? De que tipo de ajuda você precisa?

— E-eu... — Já havia lágrimas em seus olhos. — Eu não tenho uma passagem, por favor, eles vão me por para fora... 

— Calma, deixa eu pensar...

O homem que faria a checagem estava indo em direção à ela, mais lágrimas desciam de seus olhos. Várias lembranças do que ela passou naquele inferno — na qual o Billy chamava de apartamento — invadiram à sua mente, aquilo não podia voltar acontecer, não podia.

— Está tudo bem, senhorita? — O homem que faria a checagem perguntou ao ver Marla chorando.

A mente dela estava em branco, ela não sabia o que responder e o que fazer naquele momento.

— Mais ou menos! — Mila diz. — Ela está enjoada por causa dos movimentos brucos do ônibus, vou leva-la ao banheiro. — Ela se levanta do acento levando Marla e seu filho junto. — Não precisa se preocupar,moço,  isso sempre acontece quando ela viaja, ela só precisa vomitar um pouco e logo fica bem.

Ela me puxa em direção ao banheiro do ônibus de forma apressada, porém o funcionário nos chama fazendo com que paremos de andar na mesma hora.

— Senhoritas! — Nos viramos em direção a ele — Se precisarem de alguma coisa é só me chamar.

— Ok, muito obrigada, senhor. — Mila agradece e volta a puxa-la.

— Você está bem? — Marla acena positivamente com a cabeça.

Depois de alguns minutos no banheiro elas voltam para seus lugares, o funcionário nem se lembrava mais de checar as passagens das duas. Depois de mais alguns minutos em silêncio, finalmente Mila se pronuncia.

— Você quer falar sobre o que aconteceu? — Mila pergunta de maneira cuidadosa, apesar de não saber os motivos que Marla teria para fazer aquilo ela sabia que era um assunto delicado baseado na sua reação anteriormente.

Marla não queria sair contando para uma desconhecida tudo o que havia acontecido com ela, porém ela sentia uma necessidade enorme de desabafar, precisava conversar com alguém sobre o que tinha passado nas mãos de Billy, ela precisava falar com alguém e sentia de todo coração que Mila era a pessoa certa. 

— É bem complicado... faz um ano e quatro meses que vivo o inferno na terra...

As lembranças de tudo o que ela passou vem a tona a fazendo se encolher um pouco em seu acento.

— Eu não tinha minha liberdade... não tinha mais o meu orgulho, eu não era mais eu, na verdade nunca fui...

Ela contou tudo a Mila, como ela  vivia presa, como ele a batia, como ameaçou seu próprio filho... Mila ficou abismada com as coisas que estava escutando, a cada palavra dita por Marla, Mila sentia ódio crescer mais dentro de si. Ela odiava homens como o Billy, sentia nojo, repulsa, queria que todos fossem punidos da forma devida.

Ela também ouviu sobre o pai que a deserdou e expulsou de casa depois que descobriu sobre a gravidez, para ela pais que abandonam os filhos quando mais precisam deles são vermes inúteis, não merecem o respeito de ninguém.

Marla estava aliviada por finalmente poder desabafar com alguém, ela estava precisando disso.

— Olha, se você quiser pode morar comigo temporariamente... — Mila sugere.

— Você mora só? 

— Com meu irmão, mas não se preocupe com isso, com ele eu me resolvo. — Diz convicta, Mila, já a considerava uma grande amiga e queria ajuda-la com o que pudesse.

— Eu não sei... — Marla pondera, ela não queria simplesmente invadir a casa dos outros.

— Pensa bem, quando chegarmos à Flowerville nem você, nem seu filho terão lugar para ficar.

— Tudo bem. — Marla suspira.

Ela queria recusar, não queria ficar dependendo das pessoas assim, porém tinha seu filho, ela precisava pensar nele. Seria temporário, apenas até ela encontrar um emprego e poder alugar um apartamento.

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Olá, pipoquinhas, mais um capítulo novinho para vocês, o que acharam? Não esqueçam de dizer nos comentários ;)

Meu BadboyOnde histórias criam vida. Descubra agora