Quatro estações - chaelisa [HIATUS]

Four: spring by Rosé

Qual a sensação de encontrar o amor da sua vida?

Para mim, foi como o desabrochar de uma flor. Talvez petúnias, rosas, girassóis ou tulipas, isso na verdade não importava. Ver um pequeno broto crescer e revelar as cores vibrantes de suas pétalas parecia ser o melhor dos acontecimentos.

Sempre tive certeza do que sentia por Lisa, desde que a vi pela primeira vez. O coração acelerado, a respiração descompassada e os pensamentos invasivos eram os principais sintomas. Entretanto, foi preciso sol, ar e água para que as flores do nosso jardim finalmente desabrochassem.

Depois de ter ido rápido demais com a sessão de beijos no meu quarto, percebi que tinha que diminuir o ritmo se quisesse avançar as coisas. Éramos amigas, mas ainda éramos desconhecidas.

Ser a namorada de Lalisa Manoban exigiu de mim uma intensa fase de paciência e descoberta. Não era o meu primeiro relacionamento, mas estava longe de ser um território comum. Enquanto eu era falante e descontraída, Lisa era tímida e reservada. Mesmo tendo inúmeras coisas em comum, nossos modos de expressá-las eram completamente diferentes. O tempo foi um grande aliado para que nos adaptássemos uma a outra, fazendo certos ajustes aqui e ali para que as coisas continuassem seguindo fluxo normal. 

É claro, perdi a conta de quantas vezes perguntei à mim mesma o que estava fazendo e onde queria chegar. No fim, a resposta era sempre a mesma: eu estava completamente apaixonada e todo o esforço valia a pena.

Assim como é preciso ter calma para cuidar de um jardim, precisei deixar a Roseanne Park mimada e fútil da Austrália de lado para mergulhar de cabeça no oceano profundo cujo nome era Lalisa Manoban em passos curtos e delicados. Sendo sincera, não me arrependo nem um pouco dessa decisão.

— Fecha essa boca, senão a baba vai escorrer — uma Nayeon debochada e recém-saída da piscina sentou-se ao meu lado.

Passava das quatro da tarde e o Sol parecia preguiçoso demais para continuar brilhando. Lisa e Irene resolveram ir até a sauna, enquanto o resto do grupo espalhou-se pela área de lazer. Jennie folheava uma revista de moda enquanto bebericava um drinque na bancada do bar e Chaeyoung e Mina sequer estavam visíveis. 

Mesmo tendo que trocar de roupa, minha namorada não tirou a flor que eu havia colocado atrás de sua orelha, despedindo-se com um breve selar de lábios e um sorriso tímido. Ela costumava dizer que eu sempre sabia dizer o certo na hora certa.

— Está tão na cara assim?

— Docinho, você baba na Lisa desde que chegou na cidade, e sendo sincera, isso não mudou nada — parou e pensou por um momento. — Aliás, até piorou.

Sorri. Era verdade, afinal. Enquanto Lisa mantinha um certo cuidado com os olhares devido à timidez extrema, eu não tinha filtros: a observava sempre que podia, dando a velha desculpa de o que é bonito tem que ser visto. Desde a pintinha em seu pulso direito até a pequena marca de nascença próxima da virilha. 

Pudor? E essa palavra existe?

— O que você preparou para ela? — Nayeon voltou a falar, concentrada no celular. Ao longe, pude ouvir as risadas de Chaeyoung e Mina. Aparentemente estavam no jardim lateral.

Aquele era, com toda a certeza, o casal que mais lutei para que se juntasse — depois de mim e Lisa, obviamente. 

Minha habilidade de observação me permitiu sacar o crush de Chaeyoung em uma das líderes de torcida logo nas minhas primeiras semanas na nova escola. 

Se conversei sobre isso com minha pequena amiga viciada em milkshake de chocolate? Na verdade fiz algo melhor que isso, mas só as duas podem explicar.