MARGOT ||Aluna e Professora||

Capítulo III - Deslumbrada

"Alguém me disse: Fique longe de coisas que não são suas."
Melanie Martinez - Pacify Her

        Lá estava ela, tão linda quanto antes. Eleonor ainda á olhava espantada, talvez pela nova mudança de Margot. Os cabelos que antes eram pretos e longos agora estão mais ondulados, repicados e num tom forte e intenso de ruivo.
      Margot se mantinha de costas para nós enquanto escrevia no quadro e eu travava uma luta entre manter os meus olhos no que ela escrevia e na imagem quase perfeita que se mantinha a minha frente, envolvida em um vestido preto rodado e acinturado, estava difícil ser respeitosa.
Era de impressionar que mesmo com a idade avançada ela tinha um corpo de dar inveja.
       Com pensamentos mirabolantes volto á realidade com Margot e seus olhos focados em mim, percebo que nada havia mudado nem mesmo aquele batom vermelho em seus lábios bem finos. Ela pareceu despertar também quando á encarei de volta, cuidadosamente limpou a garganta ainda me encarando e deu continuidade ao que seria sua "apresentação" para a "nova" turma.

- Bom dia turminha, muitos já me conhecem mas preciso fazer toda aquela coisa clichê. - Faz careta gesticulando e todos sorriem.
- Meu nome é Margot Castilho e eu acompanharei vocês neste ano letivo. Darei aulas de História para vocês... - Respira e olha para a turma a sua frente.
- Alguns já me conhecem á algum tempo e sabem como sou bem didática e dinâmica, gosto de brincar mas desejo que vocês aprendam comigo e levo muito a sério o aprendizado. Estou aqui para sanar as dúvidas de cada um de vocês, não quero vergonha nas minhas aulas pois pode ser e provavelmente será que uma dúvida sua poderá ser de um outro colega também. Gosto de pontualidade e compromisso. Então vamos nos ajudar. - Pontuou.
        Logo em seguida pediu para que cada aluno se apresentasse com nome, idade e o que faria logo após o final do Ensino Médio, enquanto a apresentação dos alunos se iniciava e Margot estava ocupada Eleonor me puxou da minha bolha.

- Ela está linda, não está? - Questiona depois de me cutucar e eu concordar. A verdade é que Margot sempre forá bonita mas com aquela nova cor nos cabelos me renderia novos poemas e eu parecia um pouco mais caidinha por ela.  - Você só precisa esconder melhor essa sua vontade de você lá  viva, olha a baba caindo Su! - Começou a rir baixinho apontando para os meus lábios. Por reflexo coloquei a mão na boca e semicerrei os olhos em reprovação.

- Tenho certeza que com essas suas brincadeirinhas você me odeia mais que qualquer "inimigo" meu. - Digo entre dentes e Eleonor continua tentando segurar a risada. A olho feio novamente. Olho mais um vez em direção a Margot e percebo que ela estava olhando para minha interação com minha amiga e em menos de trinta minutos me sinto despida por aqueles enormes olhos castanhos.
       Chegando na minha vez acabei dizendo que queria cursar advocacia, não era mentira mas tambem não era bem uma verdade. Eu só cursaria advocacia devido ao histórico da famila, pelo meu pai e pelo seu desejo de manter o legado, entretanto, Margot mais que ninguém entendia que aquele não era lá bem um desejo meu, ela me compreendia e notando essa falsa verdade brincou com a turma:
- Afinal se eu cometer loucuras ou ficar doente posso acionar vocês para me ajudar - Referiu ao tantos alunos que desejavam ser advogados e médicos, todos sorriem.

     As horas passaram e eu estava feliz por estar de volta as próximas se seguiram lentamente e logo nosso intervalo se iniciou.
Ouvimos o som estridente do sinal e juntamos nossos materias fechando as nossas mochilas, seguimos para fora da sala indo direto para o refeitorio.