Donghyuck estava apoiado na grade do terraço, sentindo o vento beijar suas bochechas e bagunçar seus cabelos. Ele se encontrava de olhos fechados, a boca entreaberta, parecia levemente pensativo. Em pouco tempo recebera um leve toque no ombro, e ele já sabia quem era. Se virou na direção do mesmo, enxergando ali um Na Jaemin esbaforido.
"O que você tá fazendo aí na borda?" Repreendeu o amigo que se encolheu, dando de ombros.
"Apenas pensando" Explicou.
"Ainda se remoendo?"
"Eu estou acostumado" Deu de ombros. "Definitivamente, não me importo mais, porém as coisas ainda machucam."
Jaemin suspirou, sentando-se no chão gelado, retirando de dentro da mochila seu lanche embrulhado em papel alumínio. Um belo sanduíche natural caseiro.
"Tem que parar de se importar com os outros, já disse isso."
Donghyuck pareceu pensar, até finalmente tentar falar, mas sua garganta doeu no processo e ele acabara se engasgando.
— Eu… – Sussurrou, rouco.
— Pare de falar por hoje. – Alertou. — Chega, você não é acostumado e está machucando sua garganta.
Seus ombros caíram e ele simplesmente se sentou ao lado de Jaemin pelo resto do recreio, sem sequer dizer mais nada.
Ambos os garotos voltaram para a sala ainda em silêncio, Donghyuck definitivamente estava fazendo birra ao não falar nada, mas Jaemin resolveu deixar como estava, afinal, era melhor deixá-lo sentir raiva do que tentar amansa-lo. Jaemin tinha a teoria de que as pessoas apenas precisavam sentir, pois se guardassem seus sentimentos poderiam explodir de maneiras diferentes. Ele sabia que Donghyuck explodiria se apenas não… sentisse. Então deixou com estava. O colega sentou-se na cadeira, ainda irritadiço, a garganta queimando pelo esforço em falar.
Logo depois de sentar, Mark entrara na sala às pressas, com toneladas de papéis na mão e a cabeleira toda desgrenhada, bochechas coradas e com certeza, suado.
— Ah, Oi. – Cumprimentou, enfiando aquela montueira de papéis numa pasta preta com divisórias bem organizadas. — Desculpa recusar o convite de vocês, mas é que eu realmente…
— Bom, diga isso só bebezão aqui do lado. Ele está com um complexo de inferioridade do cacete.
Mark inclinou a cabeça em direção a Donghyuck e tentou imaginar o que se passava na cabeça do garoto para ele sustentar tamanha carranca na cara.
— Bom, eu não tenho como dizer com gestos como você faz. E também, não vou pedir para traduzir.
Jaemin pareceu levemente surpreso.
— Você pode escrever. – Sugeriu.
— Claro. – Pegou o próprio caderno novamente e escrevera um pequeno texto, o entregando para Donghyuck que arregalara os olhos no processo da leitura.
"Donghyuck, não é? Bem, eu sinto muito ter recusado o convite de vocês, mas não pense que eu fiz isso para fugir de você ou coisa parecida. Saiba que eu não me importo com o fato de você ser surdo. Posso ser seu amigo?"
Ele terminará de ler com lágrimas nos olhos. Era a primeira vez em anos que alguém realmente pedia para ser seu amigo. E em todo esse tempo, por mais que tivesse Jaemin consigo ele se sentia dependente e invisível para todos. Como um fantasma ou alguém inferior. Pois para os outros, ele era apenas um empecilho, e as vezes se sentia mal por arrastar Jaemin para seu mundo de dificuldades e depressão. Antes que ele pudesse responder Mark sorriu, batendo com o a ponta da caneta na folha branca do caderno. Ele queria uma resposta.
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No Words. [markhyuck]
RomanceOnde uma caderneta perdida pode unir Donghyuck, um garoto surdo que sofre nas mãos do colégio e Mark, o garoto estrangeiro transferido numa intensa paixão que ultrapassa qualquer barreira. Ambos irão descobrir que um "eu te amo" vai muito além de ap...