Kyman: Reviver

Testosterona e álcool

– Tire as patas de minha garota! – Token grita dramaticamente interrompendo meu beijo com Nicole, ela por sua vez revira os olhos.

– Vê se cresce Token! Nós terminamos A TRÊS MESES! – Nicole grita de volta e posso ver que ela está com temperamento esgotado, ou seja, de saco cheio.

Vejo Kenny logo atrás de Token e tenho a ligeira impressão de que ele deveria ter impedido Token de me ver junto a Nicole e falhou completamente. Kenny sempre foi um rapazinho muito expressivo, sua frustração é evidente.

– Calma cara, eles tão só conversando. – Kenny fala passando a mão nas costas de Token.

– É, conversando com a língua dele na garganta dela.

Escuto a voz. A terrível voz. A voz da última pessoa que esperava encontrar aqui nessa festa: Eric Cartman. Seu sorriso confiante debochado de orelha a orelha demonstra uma parcela de deleite com toda situação caótica. Nada de novo sob o sol.

– Cai na mão, Kyle! – Token parece um pouco bêbado, por isso talvez esteja tão alterado.

– Ninguém tem medo de você aqui, Token! – Nicole grita de volta.

E na verdade eu tenho, tenho bastante. Token também é jogador de futebol americano, como Stan, mas não é um quarterback ele é um jogador da Linha ofensiva, ou seja, parrudo para receber porrada do time adversário. Eu tenho no máximo o dedo malhado por jogar guitarhero.

Juro que se um dia sonhei em estar entre Token e Nicole, não é da forma como estou agora.

– Por que não resolvem isso com uma competição? – Me impressiono que as pessoas a minha volta realmente se silenciam dando espaço para Cartman, como se esperassem ele continuar com sua proposta. E uma vez com a atenção de todos ele continua mesmo. – Kyle versus Token pela chance de ficar com Nicole. Uma competição de shots.

Quero rir de o quanto isso é idiota, nunca que eu me submeteria a uma brincadeira cujo o único propósito é rir de quem passar mal primeiro, porém Nicole toma as rédeas da situação:

– Kyle tá dentro! – Ela diz convencida.

Olho para ela na mesma hora com uma expressão de confusão de incredulidade. Mas ela apenas dá de ombros para mim e diz que pode ser divertido, e é uma festa.

Não gosto de dar a Cartman a satisfação de ter o controle, mas como Token está bem alterado e irritado, e a própria Nicole concorda em ser o prêmio dessa suposta competição, vejo que não me resta muitas alternativas se não ser pressionado a participar disso. Uhul. Nada como a boa e velha pressão social para fazer merda.

Suspiro.

– O que foi, Kahl? – Cartman provoca – Com medo de um pouco de bebidinha?

– Não estou com medo... só não estou acostumado a ficar no centro de um bando de adolescente esperando eu me dar mal.

– O que está acontecendo aqui? – Stan se aproxima da pequena multidão em volta da mesa onde vai acontecer a suposta competição besta.

– Ninguém está te forçando a nada. Pode decepcionar todo mundo, vamos entender, afinal você é filho da sua mãe. – Cartman continua.

– Ele não precisa participar de nada. – Stan tenta me defender.

Meu rosto ferve em raiva. Primeiro, por que Cartman está me provocando. Segundo, porque Cartman está me comparando com minha mãe. Terceiro, porque Cartman acha que não aguento um pouco de bebida. Quarto, porque Stan não é minha mãe também e a forma dele me defender faz parecer que não sou capaz de derrotar Token numa maldita competição de beber, quando Token já está meio bêbado!