Oferecido

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Normalmente eu ficaria com a guarda levantada atento para qualquer movimento suspeito de Cartman. Não que realmente acredite que ele vá me largar num canto escuro suspeito, ou me tacar de uma ponte, mas não temos um histórico de um ajudar o outro.

Tirando aquela vez em que ele tentou convencer a todos de que existia um chupacabra judaico e tentar arruinar o evento de páscoa da cidade. Não acho que ele se lembra de eu tê-lo resgatado também, uma vez que estava chorando aos soluços e manchado de sangue.

Também não acho que ele me dê um crédito por tê-lo ajudado com o caso da semi-tourette dele que quase o fez contar todos os seus segredos em rede nacional. Não que ele precise de muita ajuda pra arruinar sua própria imagem. Admito que saber sobre brigas de espadas dele com o primo foi uma vitória para mim.

Talvez nós tenhamos sim um histórico secreto de uma mão lava a outra. Possivelmente todo vindo do meu lado limpando as cagadas dele na infância, mas eu acredito em karma.

Enquanto andamos em direção a casa dele tento não pensar em um Cartman faraó dominador sensual. Coisa no qual já saiu do meu controle uma vez que ele está me carregando tão perto dele. Sinto a mão dele na minha cintura para me ajudar a andar. A merda do cheiro do shampoo dele é sensitivel.

Que aroma maravilhoso e adocicado. Parece que é aqueles cheiros artificiais de chocolate que tem sim um gosto doce de algo comestível, mas não de chocolate. Esse é o cheiro dos cabelos de faraó. Digo, de Cartman.

Na real a essa altura, só espero que ele não perceba que estou meio duro.

Para meu próprio bem, ele precisa me soltar para que eu possa vomitar mais uma vez. Bem, ao menos tentar, uma vez que já não tem mais nada no meus estômago para ser posto para fora. Meu hálito está horrível e estou zonzo. Ao menos, chegamos em sua casa.

Ele abre a porta. Sua sala está escura, todas as luzes desligadas, parece que sua mãe não se encontra em casa. Ele me ajuda a subir as escadas, na real gostaria de me fazer de indefeso e ser carregado como uma princesa, mas acho que se isso realmente acontecesse, ele apenas me deixaria no chão.

Ele me leva até o banheiro do corredor.

– Toma um banho, tem escovas extras debaixo da pia. Pode pegar qualquer uma, só não fica com esse hálito de morte perto de mim.

Apenas obedeço, minhas roupas estão imundas, estou suado por conta de vomitar e não gosto nenhum pouco do gosto em minha boca.

– Vou fazer um café, você quer? – Ele oferece. É gentil, mas tento não pensar muito sobre isso, apenas aceno com a cabeça concordando.

Ele desce as escadas e me apoio na pia do banheiro. Tento jogar uma água no rosto para recuperar minha compostura e quando me deparo com meu reflexo no espelho vejo como estou uma merda: meus olhos tem olheiras, minha boca estava suja! Que nojo! Minhas roupas estão imundas!

Não é atoa que Cartman sentiu pena de mim, estou completamente estrupiado! Tiro meu suéter com a blusa junto e deixo cair no chão. Sento na banheira para conseguir tirar os sapatos, estão limpos por algum milagre, meus filhos. Depois também tenho um trabalho com a calça que é um pouco justa. A cueca vai junto.

Me jogo no chuveiro e ligo a água quente, porém ela começa com um jato frio em minha cabeça que arrepia meu corpo como um gato assustado. Mesmo tendo recuado me forço a ficar debaixo da água fria até ela se tornar quente. Água fria é bom para essa ressaca, ouvi Randy falando isso várias vezes. É bom pra acordar.

Meus lábios aos poucos recuperam os sentidos perdidos pela tequila. Estou no máximo um pouco cansado e na verdade com um pouco de fome.

Desligo a água e percebo uma toalha vermelha no topo do vaso sanitário que não estava lá antes. Cartman me trouxe uma toalha? Mas o mais importante: ele me viu pelado? Será que ele espiou?

Kyman: ReviverWhere stories live. Discover now