Não me acorde mais

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Meu corpo está doendo para cacete. Minha visão está turva e o teto parece chato, o que aconteceu? Vou levantar minha cabeça, ela está pesada e é quando sinto uma pontada de dor terrível abaixo da costela. E uma puta sede.

Puta merda.

Agora que eu me lembro, eu havia sido esfaqueado. Na verdade eu havia sido um monte de coisas, em minha briga com... Clyde. Ele tentou me matar. Ele também tinha me drogado ou algo assim para que nós pudéssemos... Que bosta. Ele era meu melhor amigo. Encontro uma garrafa de água em um criado mudo ao lado da minha cama, está também com um jarro de flores amarelas, não parecem muito novas.

Bebo um gole da água, está quente, mas era o que eu precisava. Sinto como se eu tivesse dormido demais, mas pelo que entendi estou em uma cama de hospital, sem camisa, com um lençol branco áspero em cima de mim. As paredes não tem quadros e são na cor bege, sinceramente posso não ter morrido com a facada, mas corro sérios riscos de me matar com o astral desse lugar depressivo.

— Craig? – uma voz rouca chama por mim, não consigo me mover muito, mas levanto o tronco por que a reconheço.

Tweek está com o rosto todo amaçado, acho que minha tentativa de me levantar o acordou. Ele aprece ter dormido apoiado em minha cama e sentado num banco bem desconfortável. Ele está com os olhos vermelhos e as roupas todas amarrotadas, muito mais que o normal.

— Koé. Eu venci? – respondo de brincadeira, minha voz também está um lixo. Nem quero imaginar minha cara.

O rosto de Tweek se ilumina de forma tão inocente que acabo sorrindo inconscientemente.

— Você acordou! Você está bem! Ahh! C-Craig! – Os olhos de Tweek começam a brilhar com a formação de lágrimas e ele joga o rosto contra meu peito para um abraço.

Engulo a dor e o abraço de volta. Mas não resisto muito tempo, ele está apoiado bem na minha ferida.

— Tweek! – aviso.

Ele percebe o que fez e se desculpa, se afastando bastante e ficando constrangido.

— Relaxa, só precisa tomar mais cuidado. Sabe, eu não me lembro direito das coisas, o que aconteceu?

— Bem... – ele diz se aproximando de mim e puxando o banquinho onde havia ficado. Ele massageia o pescoço e eu estendo a mão para ele segurar. – Clyde... Ele tentou me matar. Red tentou me ajudar, mas ela também estava em risco, ele era muito f-forte. Quando você apareceu, vocês brigaram feio, trocaram socos e chutes e ele te deu alguns cortes com uma faca... – ele passa a mão em meu rosto, há um curativo na minha bochecha que eu não tinha reparado. – Ele te esfaqueou, mas mesmo assim você continuou lutando até ele desmaiar, depois disso eu e Red chamamos a policia e os paramédicos.

— E o que vai ser dele? – era isso o que mais estava me incomodando.

— Ele está respondendo por tentativa de homicídio e seus pais estão pensando em deixar a cidade por conta do escândalo. As coisas não estão muito bem para os Donovan, mas isso já era de se esperar. C-Craig! Eu fiquei tão p-preocupado! Você dormiu por dois dias! Perdeu muito sangue, achei que poderia te perder para sempre, você, você, você não pode mais se machucar! Teve uma sorte tremenda de a faca não ter pego nenhum órgão vital! Essas coisas de sorte não acontecem duas v-vezes Carig! Eu não vou aguentar se alguma coisa acontecer com você!

As lágrimas já não são mais contidas, elas escorrem pelo pálido rosto do meu lourinho, não consigo contar uma ponta de felicidade em saber que ele ficou tão preocupado e outra por saber que ele ficou bem. Não me lembro nem da luta direito, eu estava apenas em um modo automático onde eu precisava vencer, havia muito em jogo. Clyde, por que você fez isso? Imbecil.

Creek: Novas EstaçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora