Quatro

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NOTAS INICIAIS:  Penúltimo capítulo. Boa leitura!

Calmamente, calmamente, serenamente me matando
Me dê um fim
Mas agora, deixe-me abraçar a minha fé e cair.

A

ssim que Takanori abriu os olhos, se deparou com um galpão escuro e imundo, a única luz daquele lugar vinha das frestas da madeira e do teto. Seus braços estavam amarrados em frente ao corpo e sua cabeça doía.

Com tanta informação sobre Yutaka e essa transição entre mundo real e mundo dos sonhos, ele estava confuso. O loiro não sabia que lugar era aquele muito menos o que aconteceu para estar ali. Só esperava que as respostas não demorassem muito.

― Ei, cara. Ele acordou! ― O contador ouviu uma voz ao longe e tentou abrir seus olhos ao máximo para ver alguma coisa naquela semiescuridão, mas não conseguiu. Takanori estava sozinho com caras estranhos e isso o apavorava.

Um par de coturnos pesados se aproximou de si e ele se encolheu, seus batimentos estavam acelerados e suas mãos começavam a tremer. O baixinho conhecia de cara aqueles sintomas, aquilo estava vindo acompanhado do medo...

O homem se ajoelhou em sua frente e ele pôde ver o seu rosto, era um dos moradores da cidade. Trabalhava como carpinteiro perto do que chamavam de centro, um dos que o olhava feio e fazia comentários preconceituosos, não era de admirar que estivesse por trás daquilo. Agora o que ele queria fazer consigo, isso Takanori já podia imaginar, visto que as opções eram várias e nada boas.

― Boa noite, vagabunda. Dormiu bem? ― Os olhos de Takanori queimavam em fúria e o carpinteiro parecia se divertir com isso. Se ele conseguisse se soltar, o filho da puta poderia se considerar um cara morto. E a diferença de altura não tinha importância quando a ira tomava conta do Matsumoto. ― Eu falei com você… ― O baixinho sentiu as mãos em seu cabelo e o carpinteiro bateu sua cabeça contra a parede. Takanori protestou em dor e sentiu tudo girar por alguns segundos. ― Então me responda!

Seus pulsos estavam atados com um pano um pouco difícil de desamarrar, mas que ele conseguiria caso o desgraçado não estivesse o olhando. Já as suas pernas estavam livres e ele podia correr para qualquer lugar, mas não queria se arriscar. Não antes de conhecer toda a situação e o local onde estava enfiado.

― Por que não vai pro inferno, seu filho da puta? Que merda você quer de mim?! Acho bom me soltar ou as coisas não vão prestar! ― O baixinho cuspiu no rosto do carpinteiro nojento e ele praguejou ao se levantar e se limpar, não perdendo a chance de lhe dar um chute no mesmo local, o fazendo cuspir sangue.

― Meça as suas palavras e limpe essa sua boca cheia de porra antes de falar comigo, está me ouvindo? Não sou como os caras que você dá como uma puta. Eu não sou o Shiroyama!

Enquanto ele não parava de falar sem parar e descarregar uma série de ofensas sobre o baixinho, Takanori percorreu o olhar pelo galpão e viu algumas garrafas de vidro empilhadas perto de uma mesa. O carpinteiro não estava muito longe de si e se ele forçasse seus pulsos contra a quina da mesa, seria capaz de desatar as amarras e livrar suas mãos.

O loiro precisava se soltar e fazê-lo engolir as palavras ou fugir, mesmo que aquilo custasse a minha vida.
Ele olhou para as garrafas novamente, precisaria de sete segundos, só sete… ― Já que a bichinha gosta tanto de um macho, acho que eu vou te dar o que você gosta antes de acabar com a sua raça.

Era agora.

Takanori rolou para o lado enquanto o carpinteiro ainda tentava lhe pegar e levantou de uma vez, correndo até a mesa, onde colocou o nó da amarra entre a quina da madeira e fez força para baixo. Seus pulsos queimaram com o contato do tecido, mas ele estava livre.

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