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NOTAS INICIAIS: criei essa história com base em um sonho que tive e achei legal desenvolver um plot com o que aconteceu. Essa fanfic contém suicídio e outros temas que podem desencadear gatilho. Não estou fazendo apologia a nada que seja tratado aqui, então se você se sente incomodado e desconfortável com esse tipo de assunto. NÃO LEIA. Você foi avisado.
No mais, para aqueles que querem continuar sem problemas, boa leitura! ❤


Calmamente, calmamente, serenamente me matando,
antes que um novo dia chegue.
Ah, eu gostaria de manter esses dias de paz e apenas adormecer nesse lugar

Um sonho inocente que não pode voltar.

Ele sempre foi um cara solitário. Não fazia questão de ter muito contato com as pessoas e o mundo lá fora, buscava a felicidade em toneladas de livros. Inclusive seu quarto era repleto deles. Obras de todos os gêneros e classificações enfeitavam prateleiras e mais prateleiras. Livros e pôsteres que lhe definiam, que davam uma espécie de rótulo a si.

Na opinião daquele pobre rapaz, as pessoas eram difíceis de entender e a cada vez que ele tentava, sentia mais repulsa por cada uma delas. Torcia com todas as forças para que um asteróide passasse pela terra só para dizimar a existência de tanta gente hipócrita, esnobe e asquerosa em um só lugar.

Seu nome era Matsumoto Takanori, um jovem de 22 anos, baixinho e sem graça aos olhos da maioria da população japonesa, isso graças ao visual "bizarro" que utilizava no dia a dia.

Digamos que a forma de Takanori se vestir era bem diferente para os padrões da pequena cidade do interior onde ele morava e por isso era taxado como estranho. Aparentemente as pessoas nunca tinham visto um homem com cabelos descoloridos, tatuagens e que usava maquiagem.

Ouvia muitos comentários negativos por onde passava e até notava a forma diferente que certos moradores lhe tratavam, mas aquilo não importava pra ele. Bem, não muito. Quando Takanori tomava os seus remédios e usava das técnicas que o seu psiquiatra lhe receitara, as coisas costumavam funcionar até que bem.

Desde que ele se entendia por gente Takanori tinha que lidar com o TEI, ou transtorno explosivo intermitente. Um transtorno psicológico que fazia com que tivesse ataques de furía pelos motivos mais bobos e era difícil segurá-lo, visto que uma força absurda surgia naqueles bracinhos finos.

Coisas arremessadas, palavrões, agressões... Um lado até então desconhecido trocava de lugar com o verdadeiro Takanori e ele era o responsável por fazer coisas das quais o loiro não se orgulhava depois.

Felizmente agora ele era menos agressivo do que antes e isso foi melhorando graças ao seu tratamento semanal com um psiquiatra em Tokyo, mas mesmo assim parecia que tudo e todos estavam contra o baixinho nessa e ele chegava a ter no mínimo três explosões durante a semana.

Takanori tinha um único amigo, um moreno de 27 anos, com um sotaquezinho meio enrolado e bem caipira o qual apelidou de Aoi. Quando se conheceram, Aoi foi o primeiro a lhe estender a mão e sequer foi preconceituoso.

O baixinho gostava dele, Aoi era um bom amigo, paciente quando ele estava no meio de uma crise e sempre dormia em sua casa. Seu sonho era sair daquele lugar, morar "na cidade grande'' e então ter um visual como o do baixinho, mas as obrigações para com o trabalho não lhe permitiam.

Além disso, Takanori era contador no único banco daquele lugar e trabalhava seis horas por dia. Não tinha do que reclamar, afinal o seu salário até que era bom e ele estava juntando suas economias para comprar um apartamento em Tokyo e ir embora daquela cidade preconceituosa.

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