O que eu vou fazer?

Tres

Eu estou me arrumando pra dormir e o Andrew me abraça por trás, as mãos dele pousam na minha barriga e eu fico sem reação, ele beija meu pescoço
- Você tá muito quieta
- Impressão sua
- Tem certeza?
- Claro
Ele vem pra minha frente e continua com as mãos na minha cintura, sempre foi assim, mas hoje eu to muito atenta a isso
- Vamos deitar
Eu chamo e me afasto dele, nós dois vamos pra cama, eu viro pro outro lado e percebo a hesitação dele quando se arruma na cama, sinto o movimento quando ele desliga o abajur, então tudo fica em silêncio e eu só ouço nossa respiração, eu fecho os olhos e respiro fundo, ele se mexe na cama, então eu sinto ele me abraçar
- Você não precisa falar nada agora mas não se afasta assim
Eu solto a respiração que nem sabia que estava prendendo, seguro os braços dele ao meu redor, ele se aproxima mais e beija meu cabelo, eu continuo quietinha mas não consigo dormir, algum tempo depois, sinto a respiração dele ficar mais pesada e eu sigo acordada pensando nisso por muito tempo, acabo pegando no sono sem decidir o que fazer.

- Bom dia, meu amor
O Andrew diz assim que desliga o despertador
- Bom dia e essa animação?
- Nada demais, eu gosto de acordar com você
- Hum...
Ele me dá um beijo rápido e sai da cama, eu fico parada olhando pro teto enquanto ouço o chuveiro, depois que ele desliga, eu não aguento mais e pergunto
- Andrew
- Oi
Ele responde do banheiro
- Por que você não quer ter um filho?
Ele abre a porta do banheiro só de toalha
- O que?
- Você disse ontem que não quer ter um filho
- Sim, eu disse
- Por que?
- Mer, eu amo as crianças, não tem nada a ver com isso
- Eu sei, eu não estou falando das crianças
- Então é o que? Você tem três filhos, acho que já tem crianças suficientes aqui
- Então você não quer ter um filho comigo?
- De onde você tirou essa conclusão? Eu não quero um filho biológico e ponto, não tem nada de mais nisso, eu sou muito feliz com crianças e se algum dia, nós quisermos mais um, nós adotamos, não se preocupa com isso, Amor
Eu sorrio sem graça e ele volta pro banheiro, eu não atendo essa aversão a um filho biológico e essa conversa só me deixou ainda mais confusa, eu levo a mão a barriga, eu tenho consulta hoje, droga, vou ter que ir sozinha, não posso adiar o pré-natal, ele sai do banheiro e eu vou me arrumar, enquanto penso em tudo isso, demoro um pouco a mais no banho e quando desço a escada, as crianças já estão com o Andrew na cozinha
- Bom dia, meus amores
- Bom diaaaaa
Os três respondem, eu dou um beijo em cada um
- Quer comer o que?
O Andrew me pergunta
- Nada, to sem fome
- Nem café?
- Não e vocês não demorem pra gente não se atrasar
Eu arrumo as lancheiras enquanto observo a interação do Andrew com as crianças, eu pensei que tudo seria tão fácil