Capítulo 20

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P.O.V. João Vitor

Já eram três horas da madrugada e a celebração parecia longe de acabar. A esmagadora maioria dos convidados ainda dançavam com tudo, enquanto eu estava mais quieto por não ter bebido quase nada, sei lá, por puro medo de fazer besteira. Sim, era sobre o Tofani novamente.

Francine e Renan soltaram frases estranhas para mim, como "você devia perguntar ao Pedro o que tá acontecendo", sem contexto algum. Eu sabia bem que após minha confissão na noite anterior, Pedro teria se sentido incomodado. Fui estúpido por dizer que ainda o amava tão na cara, óbvio, mas não tive nem noção do que fazia. Ele provavelmente não teria coragem de voltar para o que tínhamos e, honestamente, eu também não sabia se teria. Mas sabia que eu estava caído por ele, enquanto eu desconhecia o coração de Pedro.

Enfim, a madrugada já estava em seu auge, e eu queria muito sair para tomar um ar e caminhar na praia. Entretanto, Vitão estava muito entretido no bar para aceitar o convite, e todos os meus outros amigos estavam dançando. Eu estava, além de tudo, morrendo de calor, porque não aguentava aquele terno quente cobrindo meu corpo. Uma agonia inexplicável me bateu, então estava prestes a sair andando sozinho, até que fui surpreendido.

Pedro: - João, eu preciso falar com você.

João: - Oi. Tudo bem, mas vai ter que ser lá fora. Eu tô morrendo de calor aqui dentro, e tô vazando pra praia.

Pedro: - Então vou junto.

A firmeza em suas palavras indicava muita decisão, e só isso já me assustava. Podia sentir que ele ia fazer todo um discurso sobre como o tempo já havia passado e seria melhor que fôssemos amigos. Então, na calma daquela praia, sob um céu incrivelmente estrelado e ao som das ondas se quebrando, decidi quebrar um pouco o gelo antes que esse discurso começasse.

João: - Olha, já que eu tenho me humilhado bastante esses dias, vou aproveitar pra dizer que você está um pecado de terno. - comecei a dizer, ouvindo ele rir. - De verdade, ainda mais daquele jeito que você estava sentado, bebendo pouquinho, parecia até um playboy de filme.

Pedro: - Não sei se me sinto lisonjeado ou ofendido. - ele respondeu, me dando um empurrão leve com o ombro. - E, olha, eu estava bebendo pouco porque sabia que precisava falar com você uma hora ou outra. Ainda mais com você estando estonteante de tão lindo nessa festa.

Parei de caminhar, ajeitando meus pés na areia e encarei Tofani bem nos olhos. Eu estava pronto pra receber o "não" pra algo que nem pedi.

João: - Pode falar, Pedro. - eu disse, firme. - Acho que até já sei o que é.

Um silêncio se estabeleceu. As ondas pareceram ficar mais altas, e Tofani apenas me encarava, desconcertado. Eu sabia que precisava acalmá-lo para acabar com aquilo de uma vez. No entanto, não me sentia ansioso, pois tinha certeza de que voltaríamos a ser desconhecidos após sua fala. Tudo como estava antes.

João: - Okay, você tá lindo hoje, mas não o suficiente pra eu querer te olhar fazendo carão sem dizer nada. Fala, vai.

Então, ele me pegou de surpresa ao colocar sua mão em meu rosto e dar um beijo suave em minha bochecha. Pedro tremia, e eu nunca havia visto ele nervoso assim. Agora meu coração estava acelerado. Aquele simples gesto era a nossa principal demonstração de amor enquanto estávamos namorando, e repetí-lo engatilhava facilmente dezenas de boas memórias.

Pedro: - Eu tava com saudade de fazer isso.

Decidi ir em direção ao seu rosto e dar-lhe um beijo na bochecha. A sensação parecia a mesma de anos atrás. Não podia negar, era reconfortante.

João: - Eu também. Matei a saudade. - respondi, dando um sorriso de canto. - Mas, Pedro, fala o que você quer. Se for só isso, muita maldade da sua parte reviver esse beijo logo depois do que eu te falei ontem.

Pedro: - Não! Não é só isso. - ele disse e seus dedos tocaram os meus, como um pedido para segurar minhas mãos. - Ah, João... eu também te amo. Até hoje.

Eu ri.

João: - Você só tá emocionado porque eu estou um charme e você tá com dó de me dar um fora. Mas tá tudo bem, não precisa mentir. Eu nem sei por qual circunstância eu te contei aquilo.

Pedro: - Romania, cala a boca. - ele devolveu, dando risadas disfarçadas. - Aliás, eu calo.

Me Perdi Sem Você (2ª Temporada) Onde histórias criam vida. Descubra agora