Gustavo - Spin off da Série laços do amor vol 6

Capítulo Bônus

Nathan

Alguns dias antes do acidente...

Minha cabeça está explodindo e tudo ao meu redor parece em movimento constante, minha mente não descansa e está sempre agitada procurando alívio. Mas eu prometi que ficaria sóbrio pela Summer, não quero encontrá-la na festa de família desse jeito e perdê-la para sempre.

Respiro fundo andando ao redor do meu escritório no restaurante ansioso, esse lugar deveria ser o meu refúgio, o lugar que faria a mente descansar. Cozinhar é minha paixão, mas essa paixão está apagada a muito tempo, nada tem o mesmo sabor mais, tudo parece sem tempero.

Às vezes penso que perdi a mão, mas toda vez que sirvo um prato recebo milhares de elogios, talvez seja o meu paladar que esteja estragado e não sinta mais nada. Quem quero enganar, a vida perdeu o sabor para mim e aquele animo que tinha quando comecei já não existe mais.

Não crio uma receita a muito tempo, meu cardápio é o mesmo a anos e minha inspiração, minha paixão pela cozinha acabou. Culpo a Summer por isso, ela era a luz da minha vida, aquele ponto onde eu conseguia um pouco do brilho do sol que vinha com ela.

Uma batida na porta do meu escritório me faz pular, que ridículo, ultimamente tudo me assusta e não pareço o homem de trinta anos com barba na cara. É essa paranoia que não me deixa, parece que tudo e todos estão tentando me atacar nos últimos meses.

- Entra – Resmungo depois de recuperar a compostura, sou muito bom em disfarçar minhas emoções, esconder quem realmente sou e mentir. Sou como o Loki, o deus da mentira e da trapaça, esse é quem eu sou.

- Desculpe incomodá-lo senhor, mas tem alguns clientes querendo parabenizá-lo pela refeição – Diz um dos meus garçons.

- Eu já estou indo, que mesa? – Pergunto passando a mão pelo cabelo e arrumando minha camisa de volta no lugar.

- Eles estão na melhor mesa da casa Senhor – Responde, aceno e ele sai fechando a porta.

Devem ser pessoas importantes para estar em uma das melhores mesas da casa, essas mesas são reservadas para gente do alto escalão da sociedade. Políticos, empresários multimilionários, banqueiros, pessoas famosas e outras de tão importância quanto.

Dou uma checada no espelho atrás da porta e fico feliz ao perceber que tudo está como deveria. A aparência é tudo para mim, meu cartão de visitas e o que atraí as melhores bocetas que já comi além da Summer é claro.

Mas ela é um caso diferente, as outras mulheres podem ter o meu pau ou o meu corpo, Summer é a única garota que tem meu coração e nesse momento estou torcendo para ela segurá-lo um pouco mais em suas mãos porque a minha vida depende disso.

A parte racional da minha consciência, aquela que não foi tomada pela sombra pairando ao meu redor, me diz que preciso deixá-la ir, que ela está melhor com o meu irmão e feliz. O problema é que essa parte é tão pequena que em meio ao caos não consigo ouvi-la, ainda mais quando tenho certeza que posso tê-la de volta.

Abro a porta do escritório atravessando o corredor e aquele cheiro familiar chega as minhas narinas através da porta entre aberta dos funcionários. Travo no meio do caminho e inspiro fundo, as batidas do meu coração ficam frenéticas e meu corpo implora para entrar ali atrás daquilo que pode me ajudar a relaxar.

A risada eufórica da Sabrina ecoa através da porta, eu conheço aquele tom e sei exatamente o que ela está fazendo. A vontade de entrar aumenta, você sabe que quer a voz viciante sussurra na minha cabeça, só uma dose insiste instigando o meu corpo a reagir.

Estou com a mão pronta para empurrar a madeira quando algo acontece, uma risada doce transpassa a nevoa branca como um canto de sereia e faz a minha mente clarear. É algo diferente, um imã atraindo os meus ouvidos e chamando a minha atenção acima de todo o barulho do restaurante. Minha mente envia flashes do mesmo som acompanhada de um olhar sedutor e um sorriso de tirar o fôlego, tenho certeza que já ouvi antes em algum lugar, algum canto da minha memória a muito tempo perdida.

Meus pés seguem o som mesmo sem o meu consentimento e meus olhos percorrem afoitos o salão. Tudo ao meu redor parece em silêncio e me concentro no som doce de felicidade pura e sem sentido, eu quase posso tocar. Balanço a cabeça tentando parar com essa loucura, mas não adianta e meus olhos encontram.

Um anjo de cabelos escuros, sorriso fácil e feições delicadas sorrindo para as pessoas em frente a ela. A felicidade estampada no seu rosto faz o meu peito doer de saudade de coisas que nunca tive ou tive e não lembro, como isso é possível?

Continuo olhando para ela feito um lunático e de fato meio que sou. O que a fez sorrir desse jeito? Pergunto para mim mesmo e a resposta parece estar bem na minha frente, mas não consigo ver. Ela afasta as mechas de cabelo do seu rosto colocando atrás da orelha e seus olhos levantam batendo direto nos meus.

O chão abre-se sobre os meus pés, algo que nunca senti antes preenche o meu peito e o olhar penetrante dela em cima de mim desperta o meu corpo de um jeito que nunca aconteceu antes. É como se já tivéssemos nos conhecido antes e a minha mente confusa não consegue lembrar, essa maldita droga apagou fatos da minha memória feito um apagador no quadro negro. Sinto-me desconfortável, é quase como se ela pudesse ver através de mim e ainda assim não parece nem um pouco assustada, na verdade ela está me avaliando e não de um jeito bom.

- Senhor? Senhor? – Minha mente salta fora do encantamento lançado para cima de mim pelo canto da sereia e focam de volta no presente.

- O que foi? – Pergunto tirando meu olhar de cima da sereia negra com o olhar mais intenso que já vi.

- A mesa, senhor – Ele diz parecendo receoso por estar tocando outra vez no assunto.

- É claro – Respondo com um aceno para ele e voltando meu olhar brevemente na direção em que estava antes.

A mesa está vazia agora e meus olhos procuram freneticamente por ela em meio as pessoas feito um idiota, mas não encontram. Ela sumiu, evaporou feito fumaça como tem acontecido muito ultimamente com todas as pessoas que penso estar vendo e na verdade não estou.

Balanço a cabeça decepcionado e caminho na direção indicada pelo meu garçom, recebo os cumprimentos de um governador, sua esposa e filha. A garota praticamente baba em cima de mim e mais tarde estou com ela inclinada sobre a minha mesa recebendo o meu pau sem pudores.

Enquanto ela geme e rebola no meu pau, a minha mente viaja. Meu corpo pode estar aqui, mas o resto de mim está bem longe, é o que acontece quando cedo e experimento outra dose. Só que a adrenalina, a euforia, o alívio não chegam dessa vez, ao invés disso eu vejo aquele sorriso doce, a risada alta e os olhos brilhando de algo que eu nunca experimentei ou já, minha mente está muito confusa.

Empurro meu corpo para longe da mulher na minha frente e a expulso da minha sala, ela sai praticamente correndo e carregando suas roupas. Visto minhas calças depressa e a curiosidade leva o melhor de mim.

Preciso descobrir porque ser feliz parecia tão fácil para aquela garota, isso é claro se a minha mente não estiver pregando peças em mim outra vez e se não estiver, eu vou encontrá-la e descobrir a fórmula dessa felicidade espontânea. Mas principalmente quero descobrir porque ela parece tão familiar.

Continua em Nathan – renascido das cinzas...