Capítulo 2: A Sacerdotisa Vudu

41 3 0
                                    

Annelise

Enquanto nos dirigíamos pelos corredores do quartel francês, Hayley fazia perguntas incessantes sobre o mundo mágico.

—É verdade que as bruxas daqui já travaram muitas batalhas contra os vampiros? -Perguntou ela.

—É sim, infelizmente... -Falei.

Um grupo de mulheres com mantos vermelhos vieram em nossa direção:

—O que querem por aqui? -Perguntaram.

—Viemos falar com Marie Laveau. -Hayley sussurrou rindo.

—Não é possível. Vão embora. -Elas falaram.

—Mas como vamos saber o que eu sou. -Hayley suspirou.

—Hay... Fale menos... -Lyra forçou um sorriso.

—A verdade é que ela me deve um favor e eu vim cobrar. -Falei.

—Um favor? -As bruxas gargalharam.

Suspirei e mostrei a elas meus olhos verdadeiros.

Todas tremeram.

—Sigam-nos. -Elas falaram amedrontadas.

Seguimos elas até um local mais distante que parecia um tipo de salão de beleza.

—Ela se encontra subindo as escadas. -As falaram e mulheres saíram.

Subimos as escadas de madeira e vimos uma mulher negra com vestes brancas, um turbante colorido, sentada em uma cadeira de balanço e com os olhos fechados.

—Quem são e o que desejam? -Perguntou ela abrindo os olhos.

—Me chamo Annelise Bone. -Falei. —Elas são Lyra Spiral e Hayley Spectre.

—Me refiro aos nomes reais de vocês duas. -Ela se levantou calmamente da cadeira.

Como ela saberia?

—Anne e agora? -Lyra murmurou.

—Gente... Socorro... -Falou Hayley.

Uma cobra meio amarronzada com manchas amarelas estava toda enrolada em Hayley.

—Respondam ou eu mando Zombi atacar. -Ela ficou nos encarando.

—Certo, mas solte-a primeiro. -Falei.

Marie assentiu e a cobra soltou Hayley e rastejou até sua dona, na qual se enrolou.

—Sou Aesma Daeva e ela é Lianan Sidhe. -Falei.

—Sempre soube que tinha algo poderoso escondido pela cidade, mas agora que estão aqui não sinto que a mesma coisa. -Ela voltou a se sentar. —Sentem-se.

Nos sentamos em um sofá de couro que ficava de frente para a cadeira da sacerdotisa.

—É exatamente sobre isso que queremos falar. -Encarei a cobra.

—Você já deve ter ouvido falar dos Neo-Satanistas e do rei demônio. -Falou Lyra.

—Também sei dos vampiros originais que botei para correr recentemente, então eles não me intimidam. -Marie acariciou a cobra.

—Acontece que existem anjos tão poderosos quanto Lúcifer e eu estou falando de uma que poderia destruir tudo se fosse liberta. -Falei.

—Sou uma bruxa, não uma super-heroína. -Ela riu.

—Precisamos do seu poder e sua influência para impedir que o rei do inferno venha para esse mundo e que o anjo seja liberto. -Lyra insistiu.

—Qual nome desse anjo? -Perguntou ela.

—Moira. -Falei.

—Apocalypta. -Falou Lyra.

—Um ou outro. -A bruxa se endireitou na cadeira.

—Ambos. -Falei. —Ela é conhecida pelos dois nomes, um anjo capaz de causar mais caos que a própria Pandora.

—Certo, supondo que tudo isso seja verdade, então qual o motivo do rei do inferno libertar alguém que pode acabar com tudo, inclusive ele? -A sacerdotisa perguntou.

—A muitos anos uma maga da família Edelfelt foi a responsável por quase causar a destruição desse mundo e ela era capaz de usar o poder desse anjo, assim como Lúcifer, mas o motivo ainda não está claro, então Louis quer se apropriar do poder do anjo com um de seus planos mirabolantes. -Falei.

—Louis? -Ela riu. —Esse é o nome do rei do inferno?

—O nome que ele usa por aqui, assim como eu uso Annelise. -Encarei-a.

—Se não me falha a memória, um homem branco, médio, cabelo escuro, atraente e visivelmente tinha o ego inflado, veio até aqui a alguns dias e ele disse que seu nome era Louis. -Ela se levantou.

—Só pode ser ele. -Falou Lyra.

—Ele não estava preso no inferno? -Perguntou a bruxa pegando alguns itens em cima de um móvel com a cobra enrolada em seu braço esquerdo.

—Ele pode sair as vezes, mas não consegue usar rituais ou magia, por isso ele precisa que os Neo-Satanistas caiam na tentação dele, assim ele consegue poder através dos sacrifícios e prazer dos seguidores. -Revirei os olhos. —Repulsivo.

—Você é um demônio do "bem"? -Perguntou ela.

—Sim. -Hayley disse. —Anne é uma boa pessoa, ou melhor, bom demônio...

—Eu vou ajuda-las. -A sacerdotisa vudu encheu uma tigela com o que eu acredito ser água e mais alguns ingredientes, por fim colocou um cristal e recitou algo em latim.

Vimos Louis conversando com ela e depois saindo furioso.

—O que ele pediu? -Perguntou Lyra.

—Que eu realizasse sacrifícios em nome do rei do inferno. -Ela riu com desdém.

—Acho que sabemos muito pouco e vou pesquisar. -Falou ela.

—A senhora, nós também viemos, pois acreditamos que você poderia saber o que eu sou... -Disse Hayley.

Marie encarou-a atenciosamente por alguns minutos e então fez uma mistura e colocou em outra tigela com água e por fim um fio de cabelo da Hayley foi colocado:

—Você é uma espécie rara, querida. -Ela cruzou os braços. —Uma hibrida.

—Híbrida de que? -Perguntou Lyra.

—É difícil dizer isso, pois na verdade essa menina nunca esteve viva por completo... Ela nasceu morta. -Marie suspirou.

—Morta? Eu? Não! Não é possível... -Hayley ficou com os olhos cheios de lágrimas.

—Você é um fantasma, um Poltergeist, mas ao mesmo tempo é uma fada, um arauto da morte, uma Banshee. O que significa que você é um tipo raro de espirito que consegue se materializar por completo como humana por conta da sua natureza Feérica. -Ela acarinhou a cabeça de Hayley.

—Eu sou isso não tem o que fazer... -Hayley forçou um sorriso.

—Se quiser, pode vir todas as manhãs para que eu possa lhe ensinar algumas coisas. -Marie sorriu.

—Aceito. -Hayley disse com voz fraca.

—Agora, quero que investiguem os vampiros e os satanistas, acho que esse Louis tem algo mais nele. -A Sacerdotisa nos ordenou.

Assentimos.

—Obrigada. -Disse Lyra.

Saímos.

Mais tarde em casa no mesmo horário que da noite anterior outro grupo de garotos passou gritando e arrastando meninas para o Pântano.

—Vamos ensinar uma lição a eles. -Hayley disse com um sorriso no rosto.

—Vamos sim. -Assenti.

Nos levantamos da cama, nos vestimos e fomos correndo para a escuridão dos pântanos de Nova Orleans. 

Echos of Soul: Origens: AnneliseOnde histórias criam vida. Descubra agora