Capítulo Dois

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Lauren levou um grande susto ao ouvir aquilo e no impulso derrubou o livro, viu que alguém estava próximo a ela e nem ao mesmo tinha percebido isso pelo devaneio que teve. Ao olhar para a figura, que quase lhe fez ter um infarto do miocárdio, se deparou com um homem com pouco mais de trinta anos trajando uma calça de lavagem escura, uma blusa escura de mangas compridas que ressaltavam seus músculos fortes, um boné que cobriam parte do cabelo castanho e um óculos escuros que lhe impossibilitou de ver quem era aquele ser. Teve a leve impressão de conhecê-lo, mas já viu tanta gente famosa disfarçada ali, deveria ser sua cabeça lembrando de alguém que já esteve na Biblioteca antes. Mas aquela voz era tão familiar… — Perdão! Eu não queria ter te assustado — O homem fala com certa angústia no tom de voz.

— Não tem problema! Eu é que peço desculpas. Não deveria ter me distraído. — Lauren observou quando ele se abaixou para recolher o livro.

— O Peregrino! — Leu o título do livro em voz alta — Você gosta dele? — Aquela pergunta fez os olhos da ruiva brilharem.

— Oh sim! Eu gosto muito! É uma história fascinante na minha opinião. — Lauren começou a relatar sobre o livro como uma criança fala do brinquedo favorito.

— Meu irmão e minha cunhada também amam esse livro, tem um grande significado para eles. Eu também passei a amá-lo depois de já tê-lo lido diversas vezes nesses anos — Aquilo foi como um gatilho para os dois se direcionarem para uma mesa perto de onde o senhor Meyer ficava e se engajarem numa conversa bem longa sobre o livro e os ensinamentos que aprenderam com ele.

Mal perceberam e já falavam dos assuntos mais variáveis e logo descobriram compartilhar da mesma fé e pensamentos a respeito das Escrituras Sagradas. Cibele era um país Cristão, mas nem todos eram reformados. Era muito raro para a população achar tal exemplo em Hawis.

De sua mesa, o senhor Meyer observava a interação dos dois com fascínio. Ele sabia quem era aquela figura disfarçada, mas sua assistente não. Estava ansioso para ver sua reação diante de tal descoberta.

— É muito maravilhoso falar da grandeza do nosso Deus, de todos os seus feitos, de como Ele cuida de tudo e de todos. Essa geração está perdendo a essência dos bons costumes e dos valores e princípios, da pureza e do conservamento. Estão atrás de viverem algo superficial. Imagino o que Deus sente ao contemplar essas pessoas. Mas graças ao sacrifício de Cristo na cruz, a Graça nos alcançou e alcançar pessoas todos os dias. Nós fomos escolhidos para sermos radicais, sermos diferentes dos padrões que tentam nos colocar. Deus nos deu a Graça de viver Seus sonhos — Lauren falava aquilo com certa emoção na voz. Durante aquele relato refletiu sobre sua vida e viu como o Pai das luzes foi bondoso e misericordioso para  com ela em todos os seus anos de vida.

—  Eu concordo com você em tudo o que você falou. Eu também era alguém que vivia o superficial. Eu era um libertino. Meu irmão sempre me falava de pureza, mas eu achava aquele assunto coisa de marica, tanto que duvidei de sua masculinidade e lhe provocava muito por isso —  Falou em um tom muito brincalhão e nostálgico e Lauren riu da última parte — Mas Deus me deu uma chance de ver tudo do jeito que meu irmão via. Claro que ele parecia um velho com vinte e seis anos, mas era tudo verdadeiro o que ele me ensinava. Se eu tivesse seguido aquilo antes. Se eu tivesse ouvido meu irmão antes… Hoje o jogo virou e é ele que duvida de minha masculinidade por ter quase quarenta e não ter achado minha Princesa. Não tenho culpa se nenhuma mulher que passou na minha vida foi a que Deus escolheu para mim. E eu super concordo com o Criador pois nenhuma delas merecia uma beldade dessas — Lauren mal conseguia respirar de tanto que gargalhou do relato de seu novo amigo.

— Meu Deus! Você… é muito… convencido — A ruiva mal conseguia falar por conta da crise de risadas. Após se recuperar, se endireitou na cadeira e olhou para o óculos do homem à sua frente — Nós falamos de várias coisas, mas nem fizemos nossas devidas apresentações. Eu começo! — Lauren falou com divertimento — Me chamo Lauren. Lauren Bonneville. Sou assistente do bibliotecário daqui. Vim de Elchai a pouco mais de cinco anos.

— Lauren? Lauren Bonneville? — O homem falou com espanto e surpresa na voz e a ruiva estranhou a reação dele. — Você pode não se lembrar muito de mim pois já faz dez anos desde a última vez que nós vimos, mas eu nunca esqueci da menina ruiva e cheia de sardas que conheci ao participar das loucuras geniosas de minha cunhada — Ao tirar o boné e óculos, Lauren teve a sensação de ter seu coração quase saindo do peito de tanto que batia acelerado, teve a sensação de perder a cor de seu rosto. Ela sonhou tanto com aquele reencontro. Nunca esqueceu seu rosto ou aquele dia. Parecia irreal, mas ele estava bem ali na sua frente.

— Você?! — Ao pronunciar isso, Lauren teve uma vertigem e a única coisa que se lembrou antes da escuridão lhe engolir foi o senhor Meyer vim ao seu encontro desesperado chamando, seu nome ser dito várias vezes pela aquela voz forte e cheia de preocupação e aqueles olhos incríveis que lhe fitavam com aflição.

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Palavras: 926

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