- Damon narrando:
O que eu to fazendo?
Não faz nem vinte e quatro horas eu a conheço e já estou levando ela pro meu quarto. Esse é o meu mais novo recorde. Tudo bem que são por motivos diferentes dos das outras garotas, mas mesmo assim ainda é um recorde.
- Bom, esse é o meu quarto.
- Nossa, até que em fim. Não aguentava mais virar corredor, esse lugar é enorme.
- Não é tão grande quando você se acostuma.
Abro a porta do quarto para elas entrarem, a Madson hesita por um momento mais logo entra. A expressão que elas fazem é como se estivessem vendo algo de outro mundo. O que tem demais no meu quarto? Talvez seja por que ele é quase todo preto apenas com alguns detalhes em branco, diferente de todo o resto da casa.
- O banheiro é naquela porta.
- Essa?
- Não, essa é a do closet. É a da direita.
- Ok, eu não demoro.
- Fica a vontade...
Hoje não fiz absolutamente nada pra estar tão cansado. Me jogo na cama e ligo a televisão enquanto espero elas terminarem. Entro na Netflix, mas como sempre passo mais tempo procurando algo do que realmente assistindo e logo elas saem do banheiro.
A pestinha vem correndo em minha direção e consigo ver nem todo o chocolate saiu.
- Eu fiz o que pude, mas pelo jeito ela vai ter que encarar a fera. - rio da observação de Madson.
- A, nem ta tão sujo, tenho certeza que a mamãe não vai se importar - a pestinha se jogou na minha cama como se eu tivesse permitido - o que você ta assistindo?
- Até agora nada.
- Rei Leão!
- O que tem?
- Eu gosto de Rei Leão, você não gosta?
- Já assisti tantas vezes que acabei enjoando.
- Mas eu não. Você pode colocar por favor?
Desde quando as crianças dessa idade são tão pra frentes desse jeito?
- Angeline, já deu ok? vamos lá pra baixo encontrar a mamãe ou se você preferir podemos voltar pra area das crianças.
- Eu prefiro ficar aqui e assistir desenho.
- Angie, por favor...
- Olha, ta tudo bem pode ficar. - falo depois de pegar uma toalha - Essa festa chata provavelmente ainda vai demorar pra acabar.
Vou até o banheiro e tomo um banho demorado. Dou uma leve secada no cabelo e depois enrolo a toalha na cintura, esqueci de pegar minhas roupas. Passo o mais rápido que posso para o closet quando percebo que elas ainda estão lá. Visto apenas uma bermuda e uma camisa preta antes de sair.
- Pensei que você quisesse assistir Rei Leão - falo quando vejo que ela colocou em outro desenho.
- Minha irmã disse que não tem na Netflix, então a gente colocou Divertidamente.
Olho pra Madson e ela dá de ombros.
Me sento na ponta da cama que esta vazia e fico ao lado da garotinha que acaba se sentando entre sua irmã e eu. Mexo no celular, respondendo algumas das garotas as quais eu passei o meu número hoje mais cedo, entro em algumas redes socias e logo a bateria acaba.
O jeito é eu assistir esse desenho chato.
Quando olho para o lado vejo que a pestinha não aguentou e acabou pegando no sono e a irmã dela...
- Madson? Você ta chorando?
Ela não responde, só permanece encarando a televisão onde a única coisa que vejo é um elefante rosa desaparecer.
- Não vai me dizer que você ta chorando por causa de um elefante cor de rosa de desenho?
- Não...
- Então por que é? - insisto mesmo sabendo que é exatamente por aquilo.
- Sono. É sono. Só isso.
- Enquanto você ta com sono, a Angeline já ta dormindo.
- Eu acho melhor eu pedir pra minha mãe levar a gente em casa.
- Ainda são 23:05 da noite e nessas festas geralmente eles costumam fazer reuniões, não vai terminar tão cedo.
- É por isso que a gente nunca vem - ela se levanta - mas hoje a minha mãe estava tão feliz com a conquista da empresa e insistiu tanto que eu pensei que ia ser bom vir com ela...
- E não foi?
- Preferia ter ficado em casa, sinceramente.
- Não acho que seja um bom momento pra você perturbar a sua mãe - me levanto também - Se você quiser posso ver se ainda tem algum quarto de hóspesdes vazio...
- Não vai ser necessário, eu aviso a minha mãe que vou pegar um taxi pra voltar pra casa.
- Você acha que é seguro sair uma hora dessas sozinha com sua irmã no carro de um estranho? - ela me olha parecendo pensar sobre o assunto - Eu levo vocês.
- E o negocio sobre sair no carro de um estranho?
- Tenho certeza que você me conhece muito mais do que conhece qualquer taxista por ai.
Depois de respirar fundo e assentir com a cabeça, ela finalmente aceita o favor.
Me ofereço para carregar a pestinha até carro. Descemos as escadas e eu passo o mais rápido que posso por aquele lugar cheio de gente. Minha roupa não é a mais adequada pra ocasião, mas também não me importo tanto. Madson já não está mais comigo, provavelmente foi falar com sua mãe.
Chego a um dos carros do meu pai e começo a ajeitar Angeline no banco traseiro.
- Pode deixar que eu a seguro.
- Falou com ela?
- Sim, e ela agradeceu.
As únicas palavras ditas por Madson durante o caminho foram pra indicar o seu endereço. Não vou mentir, eu senti vontade de puxar assunto, saber um pouco mais sobre ela e até mesmo pedir desculpa se em algum momento eu fui um babaca hoje. Mas eu fiquei calado. Ela não me parece estar em um bom estado pra conversar.
- É essa casa.
Estaciono e ajudo a tirar Angeline do carro enquanto a Madson abre a porta de sua casa. Não é uma casa pequena, mas também não é tão grande quanto imaginei.
- Pode colocar ela ali - Abre a porta de um quarto todo decorado de unicórnios.
A menininha que coloco na pequena cama ainda dormindo não se parece nada com a pestinha que conheci hoje mais cedo.
Crianças quando estão dormindo ou caladas parecem anjos.
Vou em direção da porta por onde entrei e sinto Madson tocar meu braço. E mais uma vez o arrepio vem.
- Obrigada por ter trazido a gente aqui.
- Tudo bem, eu só retribui um favor.
- Certo - ela sorri.
- Nos vemos amanha na escola? - Digo indo em direção ao carro.
- Não é como se eu tivesse muita escolha. Eu sou obrigada a te ver.
- Não tenho culpa se estamos juntos na maioria das aulas - me viro pra ela e continuo andando só que de costas - querendo ou não você vai ter que me aturar.
- Eu faço esse sacrifício...
E essa foi a deixa para que eu passasse toda a merda do caminho de volta com um sorriso idiota na cara.
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Um Tempo para Amar
RomanceEra pra ser tudo normal, como sempre é em qualquer história que você lê ou ouve falar por ai. Mas não, ela tinha que dificutar, ela sempre dificultava. A complexidade dela era o que mais me atraia. Eu não queria que fosse fácil, eu queria conquista...