UM PEDRO PARA TRÊS DRAMAS

UMA NOITE SEM EXPLICAÇÃO

Duas semanas se passaram. Pedro só levantava para pegar mais vinho ou ir ao banheiro. Não saia. Não atendia ligações e nem respondia mensagens.

Segunda - feira 09:00 da manhã.

Ele acordou com o celular vibrando. Ao olhar percebeu que havia dez chamadas perdidas do seu chefe. Esqueci de falar que além de rico, sarado e moreno Ferdinã Tierry era soberbo, grosso e sem escrúpulos.
Um verdadeiro pé no saco!

- Oi, Bom dia!

Pedro respondeu com voz de sono.
Mas não recebeu um retorno e novamente ele disse:

- Alô? Ferdi...

- Estou só esperando o momento que vai inventar uma desculpa para esta atrasado e não responder minhas ligações e mensagens.

Ferdinã respondeu furioso. Pedro tentou se justificar.

- Desculpa. É que...

- Oi? Desculpa? Sério que é só isso? Onde você está? Estou cheio de compromissos e você resolveu sumir.

-  Em 10 minutos estou aí.

- Em 5!

Pedro levantou. Tudo estava girando e processando lentamente ainda. Tomou um banho frio, escovou os dentes, se arrumou e sem apetite ele apenas saiu. Claro que não estava com cabeça para trabalho mas não tinha opção já que dependia do mesmo.
Ao chegar na empresa se deparou com Ferdinã em pé encostado na sua mesa de trabalho e que inclusive não estava com uma cara nada amigável.
Pedro mesmo desconfiado disse:

- Bom dia. Eu posso explicar.

- Há, claro que eu sei, eu sei que pode. Vamos lá, let's go! O que aconteceu ?

- Minha namorada faleceu.

Respondeu em tom de tristeza quase chorando. Mas Ferdinã que só pensava em dinheiro e no crescimento da sua empresa disse:

-Ela faleceu mas você está vivo. Ainda! E cheio de coisas para resolver. Inclusive, adiante!

Pedro apenas disse que sim pra não ficar calado ou da um murro na cara do seu chefe e perder seu emprego. E antes que vire as costas Ferdinã em tom de ironia disse:

- Há, my condolences dear. Que quer dizer meus pêsames querido.

Ele simplesmente não disse mais nada, apenas saiu para resolver as pendências do trabalho e ir embora o mais cedo possível.

9 horas depois.

Pedro finalizou tudo. Foi até a sala de Ferdinã Tierry.

- Finalizei o trabalho por hoje. Já posso ir ou tem mais alguma pendência?

- Não. Não a mais nada para ser feito. Pode ir embora e não repita a ousadia de se atrasar novamente.

- Certo. Obrigada!

Seguiu para casa. Ao chegar, se surpreendeu com uma moça em sua porta e pergunta :

-Boa tarde. Posso ajudar ?

- Sim, claro! Sou Claudia, proprietária do prédio onde fica o apartamento em que Katrina morava. Preciso que retire as coisas dela de lá.

- Certo. Posso fazer isso amanhã?

- Infelizmente não. Preciso que resolva isso ainda hoje. Tem uma pessoa
querendo alugar.

- Okay então. Vamos!

Pedro foi. Ao chegar lá Claudia lhe ofereceu ajuda para esvaziar o apartamento mas Pedro recusou, preferia fazer isso sozinho. Pegou a chave do quarto e subiu.
Novamente passou um filme em sua mente, o cheiro dela nas roupas, a cama bagunçada pois ela nunca tinha tempo de arrumar estava sempre apressada, a marca de batom vermelho no espelho e um quadro ao lado da cama com a foto dos dois de uma viagem incrível que tinham feito para casa dele no interior. Todas as recordações eram boas. Desde o sexo quente e sem pudor, aos sorrisos pela manhã ou a forma como ela pulava em seu colo toda vez que o via.
Mas mesmo chorando ele arrumou tudo em caixas e levou para casa. Pretendia doar roupas e acessórios, ficaria apenas com as fotos.
Logo em seguida foi para sua casa pretendia tomar todo o vinho que estava na geladeira. Pouco tempo depois percebeu que acabou com sem nem notar. Não estando satisfeito resolveu fazer uma daquelas suas paradas do dia a dia para beber, já não fazia isso há muito tempo. Foi até o bar mais próximo da sua residência.

- Boa noite senhor! O que deseja?

Perguntou a garçonete.

- O que eu desejo? (sorriso irônico). Desejo minha namorada de volta.

Disse Pedro.

- Se quer ela de volta vai atrás.
- Ela está morta.

A moça ficou sem jeito.

- Desculpa, realmente não foi minha intenção.

Disse ela.

- Sem problemas. Não se culpe e nem se sinta mal.

Os dois continuaram conversando.

Pedro que já estava levemente embriagado decidiu tomar uma dose de whisky. Mas não se contentando apenas com uma ele pediu outra dose e mais outra e outra.

NO DIA SEGUINTE

Pedro acordou, sua cabeça doía muito. Ele não lembrava de absolutamente nada do que havia acontecido na noite anterior.
Estava entrando uma luz muito forte pela janela do quarto. Ele se levantou para fechar as cortinas quando se deparou com uma moça deitada ao seu lado na cama.
Ela estava de costas enrolada nos lençóis, só se podia ver que seu cabelo era curto e preto. Automaticamente Pedro pulou da cama batendo o dedinho mindinho na quina do armário de livros que ficava ao lado da sua cama e gritou:

- Merda! Merda! Merda!

A moça acordou assustada com o barulho.