SEGUNDO DRAMA

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Amanheceu. Pedro acordou antes que o despertador tocasse.

Tudo que ele desejava era que essa viagem fosse apenas um pesadelo.

Levantou, tomou um banho, se arrumou e quando estava prestes a sair, recebeu uma menssagem de Marisa:

- Boa viagem. Se fizer um esforcinho, vai me enxergar no lugar dele.

- Seria ótimo! (Emoticon feliz)

Pedro respondeu e seguiu para o aeroporto.

A viagem foi um pouco tensa. Ferdinã e Pedro não trocaram nenhuma palavra.

Três horas depois.

Chegaram ao destino. Pedro ficou surpreso com a beleza do lugar. Ficaram hospedados em uma casa frente à praia.

Minutos depois.

Ferdinã finalmente disse algo :

- Escolha qualquer quarto, menos aquele (aponta). É o meu!

- Sem problemas.

-Agilize. Temos muitas coisas para resolver e uma reunião importante!

Pedro apenas balançou a cabeça concordando e foi para o quarto.

Depois que se organizou, tomou um banho, comeu uma besteira e seguiu direto para o escritório.
O trabalho estava intenso. Papelada lá, papelada cá! Pedro nem conseguiu falar com Marisa e lhe contar sobre o quão bonito era o lugar.
Depois de horas em reunião Ferdinã saiu da sala, terminou de falar com alguns colaboradores e foi ate Pedro, o cumprimentou e disse:

-É, deu tudo certo!

Pedro ficou sem reação. Seu chefe nunca havia feito isso antes. E a única  reação que conseguiu expressar foi um sorriso enorne de um canto a outro da orelha. Logo em seguida Ferdinã saiu. 
Pedro aproveitou o restinho da noite e foi dar uma volta.

Fez uma longa caminhada na praia e decidiu parar para comer. Só estava aberto um restaurante japonês. Não era exatamente o que ele procurava, mas para quem havia passado o dia preso em um escritório sem comer nada direito, o restaurante japonês estava ótimo. Entrou. Fez o pedido. Terminou de comer e quando pagou a conta à atendente disse:

- Tome senhor. Esse é um biscoito da sorte.

Pedro sorriu.

- Obrigada. Estou mesmo precisando.

Quando abriu o biscoito se surpreendeu.

Estava escrito assim:

"O PASSADO MACHUCA. MAS O PRESENTE CURA"

Guardou o papelzinho no bolso e seguiu de volta para à casa onde estava hospedado. Ao chegar se deparou com uma cena nada comum. Ferdinã estava sentado no chão olhando para parede e rindo sozinho. Ainda estava de terno, com algumas garrafas de bebidas alcóolicas a sua volta e levemente embriagado.

-Acho melhor o senhor deitar e descansar. Amanhã viajamos cedo. Já está alterado.

-Você não tem que achar nada. Para de ser tão chato. Vamos comemorar, deu tudo certo! Vamos Pedro. Me faça companhia, beba comigo.

- Não, melhor não.

- Só uma dose. Vai fazer essa desfeita comigo?

- Okay. Uma dose. Nem uma gota a mais que isso, beleza?

- Há, eu tenho que concordar?

- Sim Ferdinã.

- Certo, relaxe. Só uma gota, nenhuma dose a mais. Ou foi ao contrário? Deixa, isso não importa, senta aqui no chão mesmo.

Os dois começaram a beber. Claro que Pedro não iria beber apenas uma dose.
Algumas horas se passaram e Pedro percebeu que já havia ultrapassado os limites. Mas mesmo assim continuou bebendo. A conversa estava ótima.
Em um desses momentos de conversa os dois sem motivos começaram a rir.

Minutos depois Pedro disse:

-Para. Para. Não aguento mais rir.

Os dois respiraram fundo na tentativa de ficarem sérios. Um pouco risonho ainda Ferdinã disse:

- Sabe porque sou tão rígido e frio ?

- Não e está aí uma coisa que eu gostaria de saber.

- Bom. Eu era assim, igual você. Coração bom, sorridente, melodramático...

Pedro com um tom de surpresa disse:

- Era?

- Sim. Mas sabe o que aconteceu?

Pedro permaneceu em silêncio e Ferdinã continuou falando:

- Fui humilhado! As pessoas pisavam nos meus sentimentos sem piedade nenhuma. Eu chorava achando que o erro estava em mim. Até que meu pai me falou uma vez "Seja maior que seus problemas".

- É. Sinto lhe informar que você não sabe como interpretar concelhos.

-Mas eu fiz o que ele disse. Hoje ninguém mais me humilha. Estou acima deles.

- Não. Hoje você está igual a eles. Você se tornou os seus problemas!

O silêncio tomou conta do ambiente. Pedro levantou, andou até Ferdinã e em seguida se ajoelhou abraçando-o.

- Mesmo assim. Sinto muito pelo que passou.

-Obrigado Pedro.

Os dois permaneceram abraçados.

Ferdinã respirou fundo sentindo o perfume na camisa do Pedro. Deu uns beijos de leve em seu pescoço. Pedro paralisou, não sabia o que fazer, suas mãos começaram a suar frio e a boca ficou seca. Não sabia o que exatamente estava acontecendo. Mas tinha algo dentro dele que o fazia ficar onde estava sem mover nem um dedo.
Ferdinã continuou. Olhou-o fixamente por um tempo. Em seguida se aproximou aos poucos, seus olhos estavam presos a boca de Pedro.
Corações acelerados. Eles se aproximaram fazendo com que seus lábios se encontrassem dando um beijo leve. Ferdinã apertou a coxa de Pedro, nesse momento ele podia sentir suas pernas tremerem.

O beijo ficou intenso.

Pedro deitou no chão ainda beijando-o.
Ferdinã abriu vagarosamente os botões da camisa de Pedro. Em seguida beijou sua barriga, Pedro podia sentir os lábios quentes e macios. Estava excitado até a alma. Ferdinã deu uma mordida de leve em sua barriga. Olhou por baixo. Deu um sorriso de canto. E com uma mão apoiada em sua barriga a outra começou a subir até o zíper da calça.

Nesse momento Pedro levantou de vez. E com um tom rigoroso e frio ele disse:

- Não. Não podemos fazer. Isso jamais vai acontecer. Entendeu? Jamais.

Deu as costas e foi para seu quarto.

Ferdinã deitou. Respirou fundo e falou pra si mesmo:

- Você é muito bom em fingir que não me quer.

UM PEDRO PARA TRÊS DRAMASOnde histórias criam vida. Descubra agora